Cinco tecnologias que transformarão o Mundo na próxima década

Ademir Piccoli 

Já sabemos que a tecnologia vive em constante transformação. A cada dia, novas máquinas, aparelhos mais modernos, e softwares mais sofisticados surgem para substituir seus antecessores e tornarem a vida mais fácil pouco a pouco. Prever os cenários futuros é parte natural do trabalho de quem atua com desenvolvimento de tecnologia.

Pesquisadores estimam que em 2020, haverá 50 bilhões de aparelhos conectados. Em 2030, esse número deve saltar para 500 bilhões de dispositivos. Isso significa que esta progressão aritmética precisará ser constantemente alimentada por tecnologias disruptivas.
 
Ainda assim, é muito difícil prever com exatidão qual tipo de tecnologia e qual o efeito prático que ela trará para a sociedade ou para os negócios. O empresário americano Peter Diamandis, diz que o desafio das companhias é definir o seu modelo de negócio procurando interceptar o estágio da tecnologia nos próximos dois ou três anos. Quem desenvolve o seu produto em cima do que existe hoje, fatalmente estará fora do mercado.
 
Pensando nisso, seguem cinco tecnologias que devem fazer a diferença nos negócios durante a próxima década:
 
Robótica

Mesmo que há muito tempo ouçamos falar em robótica, esta tecnologia atinge uma maturidade cada vez maior com o passar dos anos. A antiga preocupação das pessoas sobre as máquinas substituírem a mão de obra humana vai se tornando realidade em muitos segmentos. Com a chegada da Indústria 4.0 (ou quarta revolução industrial), a tendência é de que os robôs assumam a execução de tarefas massivas e padronizadas.
 
Em junho deste ano, a fabricante chinesa Foxcomm, responsável pela produção de produtos Apple e diversas outras marcas, comunicou a intenção de substituir 80% de seus funcionários por robôs em até dez anos. A companhia, que hoje é uma das maiores empregadoras do Mundo, já havia divulgado corte de 400 mil colaboradores entre 2012 e 2016 por meio da mecanização de processos, e agora diminuirá ainda mais sua folha de pagamentos.
 
Essa realidade já está presente em diversas empresas com a alegação de forte redução de custos operacionais. E contra fatos, não há argumentos. Um leve e versátil braço robótico da Sawyer, já está no mercado por cerca de US$22 mil, o que representa um valor muito inferior a um ano de salário para um funcionário.
 
As aplicações da robótica não se limitam às fábricas. Os carros autônomos evoluem numa velocidade impressionante, de modo que não será surpresa vermos alguns pelas ruas já nos próximos anos.
 
Nos Jardins de Infância da China, as crianças já contam com um apoio em seu processo de formação: um robô chamado Keeko, que se locomove por meio de pequenas rodas e “impõe” alguns desafios Às crianças. Quando acertam, o robozinho exibe olhos em forma de coração.
 
Os efeitos práticos da robotização estão só começando a aparecer no nosso dia a dia.
 
Redes e sensores

A velocidade com que o planeta está se interconectando está cada vez maior. A tecnologia 5G, que possivelmente estará em operação a partir de 2020, deve aumentar em um milhão de vezes a velocidade de dados dos smartphones.
 
Como mencionado anteriormente, o número de dispositivos deve crescer exponencialmente para cerca de 50 bilhões de aparelhos. Isso significa um trilhão de sensores conectados. Em 2030, esse número deve saltar para 500 bilhões de aparelhos e 100 trilhões sensores.
 
“Essa rede gigantesca envolve drones, aparelhos celulares, sensores urbanos, balões atmosféricos de comunicação e mais milhares de satélites que estão em fase de desenvolvimento e lançamento por várias empresas diferentes no mundo. Entre as novas tecnologias revolucionárias estão as ‘smart dust’, um aparelho de 1 milímetro de diâmetro e memória de 4kb que é capaz de transmitir dados em sinais de 900 mghz. Essa ‘poeira digital’ passará a ser incorporada em todo tipo de material e equipamento, criando uma imensa infraestrutura de Internet das coisas (IoT), afirma Diamandis.
 
Evidentemente, esta transformação trará um gigantesco impacto na economia mundial, pois se hoje somos cerca de 3,8 milhões de pessoas conectadas, entre 2022 e 2025 a expectativa é que a tecnologia conecte toda a população da Terra. Isso demandará dispositivos para mais de 4 bilhões de pessoas que até então estão ‘offline’.
 
Inteligência Artificial

O que antes aparecia apenas em filmes de ficção científica já está inserido no dia a dia e evolui de forma rápida e constante. Conforme a Inteligência Artificial vai entrando em nosso cotidiano, mais a nossa vida vai se transformando.
 
Já temos exemplos de assistentes como Siri, Alexa, Cortana, entre outras que podem mostrar parte do poder que a Inteligência Artificial possui. Estas tecnologias abrem novas perspectivas de produtos e serviços relacionados à AI.
 
Diamandis acredita que com o tempo, “cada ser humano terá uma espécie de avatar, ou uma capa exterior de inteligência artificial, que vai estender a nossa capacidade de raciocínio”. Isso elevaria o homem a um novo patamar.

Um dos setores mais impactados é o de serviços financeiros. No Estados Unidos, é cada vez maior o número de empresas que oferecem produtos de investimento baseados em análises de AI.
 
A demanda por profissionais especializados em Inteligência Artificial já é enorme no Mundo. Entre 2010 e 2015, por exemplo, aumentou em 100 vezes o número de estudantes de cursos de AI no Udacity.
 
Diamandis acredita que “AI será a ferramenta para a solução dos nossos maiores problemas”, ou seja, quem estiver preparado para trabalhar nesta área, sairá na frente na busca pelos melhores empregos.

Biotecnologia

A biotecnologia chega para romper a barreira entre homem e máquina. Isso abre infinitas possibilidades para a investigação de doenças e do comportamento humano, para o bem e para o mal.
 
Pesquisadores do MIT anunciaram em março deste ano a criação de um chip que simula órgãos do corpo humano para testes de remédios. O dispositivo é feito de tecidos conectados por microfluidos, que trabalham em conjunto de minúsculas bombas para imitar o fluxo sanguíneo em nosso corpo. Desta forma, os desenvolvedores podem mapear todo o processo que as drogas percorrem em nosso corpo, sendo capaz de identificar previamente possíveis efeitos colaterais.
 
Peter Diamandis acredita que um dos negócios que mais crescerá nos próximos anos é o armazenamento e “edição” do genoma humano, visando a prevenção de doenças o aperfeiçoamento genético das pessoas.
 
O uso militar da biotecnologia também já é discutido. A Americana DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), está desenvolvendo um Sistema biotecnológico capaz de ajudar soldados no campo de batalha. O programa Biostasis consiste em um conjunto de tratamentos para diminuir as reações bioquímicas do corpo humano visando uma "suspensão" do estado corporal até que a ajuda médica chegue ao local.
 
Há ainda uma outra frente de investigação científica de tecnologias exponenciais em que universidades e empresas estão avançando na integração na tecnologia conhecida como Brain Computer Interface (BCI) com o objetivo de conectar os conceitos mais avançados de neurologia com processamento de dados e computação em nuvem. Atualmente existem pesquisas de implantes que visam aumentar de 15% a 25% a capacidade de armazenamento de memória no cérebro.
 
Computação Quântica

A Lei de Moore diz que a velocidade de um computador dobra a cada dezoito meses. Vivenciamos uma era em que o aumento desta velocidade foi constante e “imparável”. Entretanto, muitos cientistas acreditam que tal evolução terá um limite que, para ser superado, acarretará uma revolução significativa na computação.
 
Na prática, isto já está acontecendo desde que o silício, principal componente utilizado na fabricação de processadores, começou a apresentar sinais de que está chegando ao seu limite inerente à própria estrutura do material. A Computação Quântica se encaixa neste cenário.
 
Os processadores atuais podem ser entendidos pelo padrão de “zeros e uns” dos bits onde cada um corresponde a um comando que permite que nossos computadores realizem os cálculos para operarem da forma que estamos acostumados. Em tese, os computadores quânticos rompem este padrão, podendo operar com “zeros e uns” simultaneamente dentro do mesmo “quibit”, sua unidade mínima de medida, tornando a capacidade de processamento exponencial.
 
Segundo Diamandis, a capacidade de processamento quântica é inimaginável e vai acelerar o desenvolvimento da inteligência artificial, e o machine learning, com impacto enorme no desenvolvimento de novas moléculas na indústria farmacêutica.
 
As grandes corporações como Microsoft e Google estão na corrida para anunciar o primeiro modelo de computador quântico 100% funcional. Isso deve representar uma enorme revolução, pois os sistemas quânticos poderão executar novos tipos de algoritmos para processar informações de forma mais holística.

 

*Ademir Milton Piccoli é advogado evangelizador do uso intensivo de tecnologia no segmento Jurídico e palestrante em centenas de eventos ligados ao direito e à tecnologia.

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