Empresa de São José usa inteligência geográfica com instrumento educacional

Júlio Ottoboni
 

A empresa Imagem, de São José dos Campos, que atua no segmento de geoprocessamento há quase 30 anos, tem inovado em sua área de atuação também em inteligência geográfica.

A empresa, nascida em polo aeroespacial do Vale do Paraíba, além de participar do mercado de geocodificação nas áreas de saneamento, seguros, varejo, agricultura, telecomunicações, óleo e gás, um de seus novos focos é a educação. Uma experiência pioneira, desenvolvida pelo geógrafo e doutor em engenharia urbana, Abimael Cereda Júnior.

“Entender a natureza e utilizar o registro espacial para isso vem dos primórdios, o homem sempre procurou se referenciar dentro do planeta. Na área de educação apresentamos em escolas, universidades por meio de palestras e workshops a inteligência geográfica e estou tendo que influenciar muito mais os professores que os alunos, que já tem integração maior com as plataformas tecnológicas”, salientou o gestor de educação da empresa.

No segmento no qual a empresa Imagem atua, ela é a distribuidora oficial no Brasil da norte americana Esri, líder no mercado mundial de GIS (Geographic Information System), com sua Plataforma ArcGIS, a qual é utilizada em seus projetos. O que dá uma grande mobilidade para os programas considerados estratégicos, pois o conhecimento passa a ser compartilhado e uma integração de várias áreas do conhecimento, no que resultado em um ‘mapa vivo’, conforme explica Cereda Jr.

Segundo ele, o conhecimento espacial que foi perdido, em parte pela interferências das tecnologias que romperam com hábitos como a contemplação e orientação pelas estrelas, além de marcos geográficos e geológicos, está sendo resgatada até mesmo na tela de um telefone celular.

“ O processo educacional começa nesta subversão de um ordem estabelecida a milênios, na qual a ferramenta de orientação e suas tecnologias alimentaram um status quo privilegiado para que as detinha, isso antes mesmo das grandes navegações. O homem sempre foi um ser espacial e territorial e essa informação passou a ser retida por cartógrafos, geógrafos e detentores do poder”, explica o executivo.

O geógrafo, um doutor e professor de apenas 34 anos de idade, e já reconhecido como uma liderança dentro do segmento da georreferenciamento tal sua visão de múltiplas aplicações da nova geografia e cartografia no mundo moderno e tecnológico. Ousado, Cereda Jr, natural de São Carlos, onde estudou, denomina esse momento de “a grande revolução geoespacial”, da qual da Imagem é uma das pioneiras mundiais ao incluir na educação a visão de inteligência geográfica.

A partir da popularização e compartilhamento da informação georreferenciada, ou seja, conseguir por meio de instrumentos como imagens de satélite e mapas, sua posição dentro do planeta e de maneira contextualizada, sabendo o que ocorre ao seu redor, o cidadão alcançará uma nova escala de valores universais.

O impacto no área educacional é imensurável. Não haverá limites para os processos de aprendizado, todas as disciplinas estarão interligadas e com um alto poder de tomada de decisão. A visão espacial, para o gestor da Imagem, criará uma nova concepção da realidade e de sua complexidade dentro de parâmetros reais. Essa nova maneira de se observar o mundo estará disponível desde uma sala de aula até na tela de um celular.

“Há uma transparência maior, temos uma plataforma que opera com várias fontes de informação escalonadas, desde aplicativos até para grandes modelos complexos, de acordo com a necessidade do cliente”, explicou.

Caso de amor

O segmento no qual a empresa Imagem atua são usadas imagens de satélites, da gigante do ramo, a norte americana ESRI. E foram elas que criaram o ‘Mapa do Amor de São Paulo”, num projeto em parceria com a entidade Catraca Livre. A ‘geografia do afeto’ da qual Abimael Cereda Jr foi um dos idealizadores e homenageou o 460º aniversário da capital paulista, dentro de um projeto colaborativo, cuja intensidade vai aumentando com a participação das pessoas e suas histórias ao longo dos meses.

O Termômetro do Amor, exposto na página do site do Catraca Livre, no setor urbanidade, mostrou até agora 462 histórias de beijos, 415 de namoro, 143 de amizade, 94 casamentos e 54 reencontros. O mapa de São Paulo é ponteado pelo participante, que coloca sua historinha e uma foto.

O relato, então, passa a ser georreferenciado. Ou seja, tem local visualizado com precisa de latitude e longitude e uma contextualização dentro do cenário da cidade, onde centenas de outros relatos aconteceram e acabam por dar sentimento a carta geográfica, como um instrumento de afetividade e não somente de orientação espacial.

Um dos exemplos é a tradicional Avenida Pompéia, em São Paulo, onde ocorreram 33 namoros, 28 beijos, 15 amizades entre outros relatos. O site dá ao usuário a possibilidade de escolher o tipo de relacionamento referente a sua história. Entre elas está a de um casal que se conheceu em 2008, na fila do show do Iron Maiden, ali surgiu o primeiro beijo e eles continuam juntos até hoje.

Um dos aspectos interessantes é que pela região se sabe quantas atividades de afetos são manifestadas. Nas proximidades de shoppings centers e de locais como o estádio Palestra Itália, nos dias de eventos culturais, o número de beijos e namoros são imbatíveis.

Estão disponíveis, além da cidade de São Paulo, a do Rio de Janeiro e São José dos Campos. Na cidade sede da imagem os números ainda são tímidos, reconhece Abimael Cereda Jr. Em muito por não ter tido ainda uma grande divulgação e pelas características mais conservadoras da cidade de interior. Mesmo assim, a Imagem também fez algo semelhante para o Parque Vicentina Aranha, um dos mais badalados pontos culturais e de encontro.

A cidade do Rio de Janeiro também começa agora a apresentar resultados mais interessantes, embora ainda distantes da intensidade existente na relação entre o morador de São Paulo com sua cidade. Para a surpresa de muitos dos integrantes do projeto, a capital se apresenta altamente receptiva a manifestações de afeto, quebrando o paradigma de ser um lugar de baixa conectividade entre as pessoas.

“Isso tudo é muito poderoso, os mapas sempre serão instrumentos de transformação e com essa experiência deixam de ser algo de um padrão estático para buscar o procedimento dinâmico, interativo e socializado. As leituras que se pode fazer com uma ferramenta dessas são imensas, desde estabelecer padrões do comportamento urbano até para dirigir atividades de ordem social e econômica”, comenta o jovem executivo.

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