As operações de informações Parte III: O caso colombiano

(Continuação da parte II)

As forças militares da Colômbia, tomando como referência a doutrina de Operações de Informações das forças militares norte-americanas e sua ampla experiência no uso dessas capacidades no combate à ameaça interna, desenvolveram um documento próprio conhecido como “Doutrina de Ação Integral”, no qual se estabelecem os objetivos e linhas estratégicas da Ação Integral na Colômbia.

Assim sendo, a Ação Integral “busca apoiar o esforço de consolidação do controle territorial e a legitimidade do Estado, fortalecer a coordenação entre agências e instituições para alcançar a segurança e a paz como um bem comum, em um cenário de vitória como processo irreversível”, como rezam as “Instruções Gerais sobre a Doutrina de Ação Integral” do Comando Geral das Forças Militares.

Do mesmo modo, a Doutrina de Ação Integral estabelece três linhas estratégicas sob as quais são realizadas as diferentes operações:

Ação Integral Geral: tem como objetivo geral apoiar as operações militares e agir como coadjuvante para “o fortalecimento da legitimidade, blindando e fortalecendo a imagem institucional das forças militares, colaborando para reduzir a vontade de luta dos Grupos Armados Organizados à Margem da Lei e facilitando sua desmobilização”.

Ação Integral Coordenada: atua como coadjuvante para a recuperação social do território, o bem-estar e a paz sustentável de que a Nação precisa, através da aplicação de Assuntos Civis, Assuntos de Governo, Assuntos Indígenas e Comando de Profissionais Oficiais da Reserva por parte do Comandante Militar e outros representantes legais do Estado e da sociedade civil organizada.

Ação Integral Resolutiva: “Busca o desenvolvimento e a coordenação permanente e simultânea de ações políticas, econômicas, sociais e militares com o objetivo de fortalecer as estruturas básicas do Estado, garantindo a defesa e a proteção dos Direitos Humanos, a obediência ao Direito Internacional Humanitário e as liberdades sociais. A Ação Integral Resolutiva está intimamente ligada à Política Nacional de consolidação Territorial, especialmente durante as fases de recuperação e transição do território, fases durante as quais a presença das forças militares e da Polícia Nacional é fundamental para o ingresso das demais instituições do Estado, tendo como eixo fundamental o processo entre agências. Neste sentido, a Direção de Planejamento de Operações de Informações (DIPOI), subordinada à Chefatura de Ação Integral Conjunta do Comando Geral das Forças Militares da Colômbia, tem como objetivo obter a confiança da população, atuando como coadjuvante para derrotar os Grupos Armados à Margem da Lei (GAML) e promovendo sua desmobilização.

Em relação ao anterior, a Direção de Ação Integral do Exército criou recentemente a Seção de Operações de Informações, formada por uma equipe multidisciplinar cuja finalidade é planejar, elaborar a executar estratégias para neutralizar as ações contra a legitimidade institucional por parte dos GAML.

A Seção busca apoiar o trabalho da Força por todo o país, desenvolvendo estratégias de informações voltadas especialmente para combater a guerra de IV Geração, que abrange o campo ideológico, político, cibernético, de massas, de inteligência e jurídico, entre outros. Essas características multidimensionais transformam a instrução e o treinamento das forças militares para que possam enfrentar, com ferramentas melhores, o inimigo que, na maioria dos casos, não é tangível e maneja as informações a seu bel-prazer, para obter o apoio das massas.

Além dos meios de comunicação, também são relevantes as ferramentas multimídia, audiovisuais, emissoras e comunicados de imprensa, entre outros. A coordenação e a unificação de mensagens claras e precisas, através desses diferentes canais, é o que permite que se enfrente o impacto dos GAML na população colombiana.

Neste sentido, a neutralização das ameaças do Século XXI traça um futuro cheio de desafios para as OPINFO e sua evolução segue lado a lado com a projeção de ambientes, a construção de estratégias de longo prazo e o desenvolvimento de oferta de cooperação para derrotar o inimigo e consolidar o país como pioneiro regional nesta questão.

Na medida em que essas Operações se consolidem como um pilar estratégico na luta contra os grupos armados à margem da lei, será cada vez mais fácil compreender seu modus operandi e a capacidade de infiltração na sociedade e, além disto, poderão ser fortalecidos os protocolos de manejo de informações e interpretação adequada das mesmas, para que se possam elaborar estratégias eficientes que neutralizem os GAML.

A importância da Ação Integral e das Operações de Informações baseia-se no poder delegado à comunidade através da coordenação e da interação com as entidades dos governos nacional, estadual e local. Uma comunidade com poder é uma comunidade que colabora com as autoridades, que denuncia casos de violações dos Direitos Humanos e, o mais importante de tudo isso, é que ela se torna imune aos agentes ilegais armados, fortalecendo-se como um todo e formando-se como um agente forte e contundente de transformação social.

 

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