Rússia pretende criar forças de reação rápida

Tiveram início no distrito de Pskov exercícios militares das tropas paraquedistas da Rússia. Eles decorrem num contexto de debates sobre o aumento do número de tropas paraquedistas russas e sobre a criação de forças de reação rápida com base no corpo de paraquedistas.

Ultimamente quaisquer eventos desse gênero em território russo provocam uma reação negativa no Ocidente. Sem dúvida que estes exercícios dos paraquedistas não serão uma exceção.

Entretanto, na realidade a situação se desenrola da forma completamente oposta: o aumento da atividade militar da Rússia e a determinação de sua liderança em reforçar seu potencial de defesa são precisamente uma consequência da política expansionista do Ocidente que não poupa sacrifícios em nome da obtenção da hegemonia mundial. A Ucrânia é o exemplo mais evidente e mais trágico, mas existem outros.

Seja como for, uma soberania total dita a necessidade de ter à mão suas próprias forças eficientes, profissionais e de grande mobilidade, capazes de cumprir da forma mais racional o objetivo de defesa da Pátria.

Está planejado aumentar o número de tropas paraquedistas russas para cerca do dobro, até 72 mil efetivos. Esses planos deverão ser concluídos em 2019, informou uma fonte de alto nível no Estado-Maior General das Forças Armadas Russas.

No último quarto de século o número de paraquedistas foi bruscamente reduzido porque as possibilidades do país diminuíram. Agora elas voltaram a crescer e os paraquedistas poderão vir a ser a base das Forças de Reação Rápida, considera o editor principal da revista Arsenal Otechestva (Arsenal da Pátria) Viktor Murakhovsky:

“Essa ideia está sendo estudada pela liderança político-militar da Rússia desde os anos 90: é necessário criar um Comando Operacional das Forças de Reação Rápida independente que deverá incluir paraquedistas, fuzileiros navais e brigadas ligeiras de tropas terrestres. Serão forças de grande mobilidade, capazes de serem transportadas a grandes distâncias por via terrestre e aérea.”

Uma série de peritos pensa que a Rússia está muito atrasada na criação de forças de reação rápida. Devia se ter começado mais cedo. Mas a partir de agora o processo deverá apenas acelerar. Entretanto o número de forças de reação rápida deverá ser superior ao atual número de tropas paraquedistas que servirá de base a essas forças. Essa é a opinião do chefe da redação de informação militar da agência Itar-Tass Viktor Litovkin:

“Para que as Forças de Reação Rápida estejam aptas a realizar suas tarefas, elas deverão ascender a 80 mil efetivos. As Forças de Reação Rápida não são apenas paraquedistas. Elas incluem aviação de assalto, caças e bombardeiros e artilharia. Elas são todo um conjunto de infraestrutura militar que deve estar pronto para entrar imediatamente em ação.

“Essa reforma ocorre no contexto de uma situação complexa na Ucrânia e do aumento de forças da OTAN junto às fronteiras russas. Além disso, as tropas da OTAN abandonam o Afeganistão, depois do que os radicais do movimento Taliban poderão possivelmente se deslocar para norte, atravessando as fronteiras de países da antiga URSS. Tudo isso exige da Rússia a capacidade de deslocar rapidamente tropas bem preparadas e profissionais.

“As tropas paraquedistas se destinam a atuar na retaguarda profunda do inimigo e fora do país, se isso for necessário. As tropas paraquedistas podem operar no seu próprio país ou podem fazer parte de forças de paz. Aliás, nos últimos anos os nossos paraquedistas participaram precisamente em forças de paz na Ossétia do Sul, na Abkhazia e na Transnístria. Hoje nós temos muita experiência e um bom treinamento. Graças a essas qualidades eles serão a base das Forças de Reação Rápida.”

Desde o início dos anos 90 que durantes as discussão sobre as forças de reação rápida sempre surgiu a questão de sua necessidade. Agora essa questão não se põe. A bola de neve de acontecimentos trágicos no leste da Europa e por todo o mundo já não nos deixa tempo para refletir.

Tudo indica que o mundo está entrando num período de agravamento da confrontação sempre que existe essa possibilidade. Dito de forma resumida: ele está se desfazendo. Tudo isso revela as próximas grandes mudanças que só poderão ser ultrapassadas com sucesso por um país que possua as forças e meios necessários para defender seus interesses geopolíticos.

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