PF tem agido para combater máfia libanesa no Brasil

Marcelo Godoy 

A máfia libanesa foi detectada pela primeira vez no Brasil lavando dinheiro do tráfico de drogas. Era o começo da década passada. Entre seus clientes estava Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Recursos do traficante foram movimentados em 2002 por meio de uma conta bancária de um libanês naturalizado brasileiro.

Por meio dela, US$ 270 milhões de organizações criminosas foram movimentados durante oito anos – os recursos saíam do Brasil, iam para La Paz e, de lá, para bancos na Suíça. Depois da lavagem, a Polícia Federal identificou quadrilhas de traficantes de cocaína e de ecstasy – quase todas compostas por muçulmanos xiitas.

A primeira base de operação dos libaneses no País foi descoberta em Mairiporã, na Grande São Paulo. Acusado de ser o chefe, Abdallah Sobhi Nabha, foi identificado pela polícia como simpatizante do Hezbollah. De acordo com a polícia, o grupo de Mairiporã mandava cocaína para o exterior em puxadores de malas com rodinhas. Depois da prisão de Nabha, a Polícia Federal organizou duas grandes operações contra a máfia daquele país: a Tâmara e a Colibri.

As operações tinham como alvo as cinco grande famílias da máfia libanesa – uma delas movimentava de US$ 4 milhões a US$ 6 milhões por mês no Brasil. As famílias usam brasileiros e europeus como mulas – principalmente franceses. As investigações mostram ainda que os libaneses trazem ecstasy da Europa para o País e enviam cocaína comprada por US$ 3 mil o quilo no Peru e na Colômbia para o Oriente Médio e Europa – no Líbano, um quilo da droga chega a valer US$ 50 mil ou dez vezes mais que no Brasil.

Na operação Tâmara foi desarticulada a organização chefiada por Abu Hitler. Seu grupo mandava cocaína em barcos para a Europa – em um veleiro, atracado no porto de Santos, foram apreendidos 50 quilos de cocaína que iam para Portugal. Ele tinha bases no Paraná e em São Paulo e investia seus recursos no Líbano. O mesmo grupo foi surpreendido pela Polícia Civil de São Paulo trazendo milhares de comprimidos de ecstasy para abastecer raves no Estado, onde cada unidade é vendida por até R$ 35.

Na Colibri, os federais desbarataram o grupo que seria chefiado por Joseph Nour Eddine Nasrallah – condenado no ano seguinte a 8 anos de prisão por tráfico de drogas. O bando agia na Bahia e em São Paulo. As operações da PF mostraram que, ao lado de sérvios e nigerianos, os libaneses fazem parte das máfias emergentes ligadas ao tráfico de drogas atuantes no Brasil.

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