Valmor Racorti – Protocolo Básico de Suicídio por Policial

Nota DefesaNet

Na sequencia de incidente ocorrido nos Estados Unidos, DefesaNet retoma o assunto: "Suicídio por Policial".

 

Importante análise do Cel PMESP Valmor Racorti sobre eventos, que começam a ocorrer neste período de Pandemia, onde os cidadãos estão sobre elevada tensão.

Leia a matéria anterior publicada em Março 2020:

Suicídio Por Policial – Um Tema de alta complexidade e baixa publicidade

Recomendamos ler a matéria e posteriormente ver o vídeo publicado nesta página. Retrata um incidente ocorrido nos Estados Unidos.

O Editor

Protocolo Básico de Suicídio por Policial

 

Valmor Saraiva Racorti

Comandante do Batalhão de Operações Especiais da Policia Militar de São Paulo.

 

 

Primeiro temos compreender o que vem a ser suicídio por policial  a expressão “Suicídio por Policial” advém da tradução da expressão utilizada nos Estados Unidos da América: “Suicide by Cop”.

Refere-se ao indivíduo que deseja que sua vida tenha fim imediato, mas na ausência de coragem para cometer o suicídio  ou outras motivações criando um cenário para que a Polícia seja obrigada a reagir à sua agressão, e responder com força letal.

Este Protocolo básico é uma ferramenta para os respondedores  reconhecerem e responderem com segurança a incidentes em que uma pessoa decida tentar morrer nas mãos de um policial. Esses encontros são chamados de incidentes “Suicídio por Polícial” (SPP).

 

Estima–sem  segundo especialistas do tema nos Estados Unidos( EUA), que  é razoável acreditar que pode haver 100 ou mais incidentes fatais de SPP a cada ano.

No Brasil por ser um tema ainda desconhecido na Polícia não temos os dados , mas em uma análise recente nas ocorrências atendidas nos últimos  cinco anos pelo Batalhão de Operações Especiais, através do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), 17% (dezessete por cento) apresenta indícios claros de tal natureza.  

No momento em que o primeiro respondedor deparar com um incidente SPP deve considerar algumas atitudes do autor que denotam que está atuando realmente com um SPP e devem ser tratados de forma diferente de outros tipos de chamadas, a fim de proteger a segurança de todos.

Indicadores de um possível incidente de SPP:

 

 • O sujeito diz “atire em mim” ou de outra forma expressa o desejo de morrer.

 • O sujeito parece estar deprimido ou em crise de saúde mental.

 • O sujeito não está se comportando como um criminoso. Por exemplo, ele não tenta fugir do local da ocorrência.

 • O sujeito está se comportando agressivamente com a polícia sem motivo aparente.

 • O sujeito está exibindo um comportamento estranho, como cometer atos aleatórios de vandalismo, agressão sem causa aparente ou danos a bens materiais.

O protocolo para policiais que respondem a um potencial incidente de Suicídio por Polícia de uma forma simples e objetiva processado por  3 (três) etapas :

Etapa 1. Os primeiros respondedores devem se proteger e garantir a segurança pública antes de fazer qualquer outra ação.

Proteja-se imediatamente, tenha extremo cuidado e avise as unidades que estão chegando. Se a pessoa tiver uma faca: Mantenha uma distância segura e use a cobertura disponível, como um veículo ou outro objeto grande, cerca, etc.

Se o alvo não parecer ter uma arma: Não dê ordens diretas, faça pequenos pedidos, um de cada vez. Por exemplo, se a pessoa estiver com as mãos atrás das costas, não grite “Mostre-me suas mãos!” Diga: “Você pode se virar, para que eu possa ver se você tem alguma arma nos bolsos de trás? Assim, saberei que estamos ambos seguros aqui. ” Somente depois de estabelecer uma posição que garanta sua segurança, você poderá iniciar um processo de fazer perguntas ao sujeito e procurar maneiras de diminuir a situação.

Solicite apoio de especializadas. A resposta a incidentes de suicídio por policial é um incidente critico que deve ser atendida com recursos e técnicas apropriadas de um especialista.

Etapa 2.  Os policiais devem estar cientes de que apontar uma arma para uma pessoa potencialmente suicida aumentará sua ansiedade e agravará a situação.

“Apontar uma arma de fogo eleva o nível de ansiedade do suspeito”

Etapa 3. Os oficiais devem perceber que suas habilidades de comunicação são a ferramenta mais eficaz em incidentes de SPP.

Pesquisas recentes indicam que a comunicação eficaz consegue amenizar a situação nos momentos iniciais da ocorrência buscando um resultado satisfatório.

“Se um policial disser: 'Estou aqui para ajudá-lo', mas estiver apontando uma arma de fogo para a pessoa suicida, são mensagens conflitantes.

E as pessoas sempre acreditarão na mensagem não verbal ”, segundo o psicólogo policial Dr. John Nicoletti.

Pessoa suicida permite que os policiais resolvam a maioria dos incidentes de forma pacífica, sem a necessidade de usar armas menos letais ou outro uso de força.

CONCLUSÃO

Nos casos de suicídio por policial, os primeiros respondedores devem mantes atenção especial para o estrito cumprimento do dever legal, o objetivo principal é de preservar avida de todas as pessoas envolvidas, inclusive a dos causadores do incidente.

Deve-se, pois, possibilitar treinamentos aos primeiros respondedores para que o conhecimento seja amplamente divulgado, para que os protocolos e procedimentos operacionais sejam implementados de forma rápida, correta e decisiva.

Nota DefesaNet

Vídeo do Incidente nos Estados Unidos. Devido a cenas de violência está somente disponível no You Tube com limitação de idade.

 

Clique na imagem abaixo para acessar paper em formato  PDF

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter