BRUMADINHO – Piloto Major Karla Lessa conduz resgate dramático

Sérgio Rangel
Rio de Janeiro


Logo após o rompimento da barragem em Brumadinho, a major Karla Lessa, 37, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, foi acionada na tarde de sexta (25) para uma operação de resgate no meio do lamaçal.

Primeira mulher piloto de helicópteros de bombeiro militar do Brasil, ela fez uma manobra precisa no cenário de destruição.

Karla colocou a aeronave a menos de um metro da lama para aproximar os dois socorristas da jovem presa. Um deles chegou a descer no atoleiro enquanto o outro se equilibrava na parte externa da aeronave.

Depois de várias tentativas da equipe de bombeiros, Talita de Souza, 15, foi resgatada e levada para Belo Horizonte.

É como equilibrar uma vassoura na ponta dos dedos. Tem que ter muita perícia, treinamento e precisão”, disse a major, ao Jornal da Record, na noite deste sábado (26), após mais um dia trabalhando no resgate de vítimas.

"A dificuldade é estabilizar a aeronave numa posição bem precisa e próxima. Porque, estava difícil de acessá-la. Mobilizá-la, mais difícil ainda. E precisava retirá-la rápido, pois ela corria risco de morte", descreveu.

Michel Fernandes e Jeferson Ferreira são dois moradores locais que se lançaram no lamaçal e ficaram com lama até o peito para resgatarem a adolescente. “A Talita não tinha condições de falar nada. Era muito barro”, lembra Fernandes. “Não dava para ver nem o branco dos olhos dela. Mas tiramos elas de lá”, completou Ferreira.

Além de Talita, a operação de resgate também retirou Paloma Cunha,22 da lama. As duas estão internadas em estado grave em Belo Horizonte.

A major Karla Lessa entrou na corporação quando ainda tinha 18 anos. Começou como soldado e foi crescendo na corporação. “Costumo falar para as minhas sobrinhas que não existe o ‘não consigo sem tentar’", disse ela em um vídeo institucional feito pelos bombeiros antes da tragédia.

Trabalhando num ambiente dominado por homens, Karla disse no vídeo que gosta de inspirar as mulheres. “Muitas vezes quando eu pouso em alguma cidade fora de BH, num campo, eu sou abordada por crianças que normalmente perguntam assim: Quem que é o piloto? Quando falo que sou eu, gera uma surpresa. Já me deparei com meninas falando que queriam ser igual a mim quando crescessem. Isso é muito bacana”, contou.


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