Peru diz não ter como acolher haitianos na fronteira com Brasil

As autoridades de Iñapari, no sudeste do Peru, informaram nesta segunda-feira que pedirão ao presidente Ollanta Humala que solucione a situação migratória de 274 haitianos presentes desde janeiro na cidade, que atualmente enfrenta graves inundações. José Luis Aguirre, governador de Madre de Dios, onde está Iñapari, declarou hoje à agência EFE que os habitantes não estão em condições de seguir acolhendo os haitianos, que permanecem sem poder passar ao Brasil por um impedimento legal.

"Já não podemos atender os haitianos, temos nossos próprios problemas, necessitamos que os realoquem… que vejam seu status legal", afirmou Aguirre.

Os haitianos chegaram ao Peru seguindo uma rota que consideravam mais econômica e com menos trâmites para passar ao Brasil, mas foram impedidos pela polícia brasileira, já que o governo federal ordenou que sua embaixada em Porto Príncipe outorgue um máximo de 100 vistos de trabalho por mês para os imigrantes.

Desde sua chegada a Iñapari, os haitianos se alimentaram graças às doações brasileiras que deixaram de receber nos últimos dias devido às enchentes dos rios Acre e Yaverija. Depois das inundações, os caribenhos foram evacuados da paróquia de Iñapari, onde estavam instalados desde sua chegada, para uma escola localizada em uma área mais alta.

"O povo de Iñapari foi muito generoso no recebimento, na aceitação, na convivência e na ajuda que deram aos haitianos, mas isto foi em um momento em que não tinham problemas", ressaltou Aguirre.

Fontes da Presidência afirmaram à EFE que Humala tinha previsto chegar nesta segunda-feira a Iñapari, mas que por problemas climáticos adiou sua viagem para amanhã.

No ano passado, o Brasil concedeu vistos de trabalho para 1,6 mil haitianos, dos quase 4 mil que chegaram ao país depois do terremoto de 2010, segundo informação do Ministério da Justiça.

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