UPPs para o Haiti

 

Marcelo Gomes


RIO – O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe, assinaram nesta sexta-feira, 24, termo de cooperação entre a Polícia Militar fluminense e a Polícia Nacional haitiana. O objetivo do convênio, que tem duração inicial de dois anos, é trocar informações sobre o programa de pacificação de regiões conflagradas no Rio, iniciado em dezembro de 2008 com a inauguração da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no Morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul da cidade.

O País caribenho precisa fortalecer suas forças de segurança, já que o cronograma da ONU prevê retirar gradualmente de lá até 2016 todos os militares estrangeiros que participam da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah). O Brasil está no comando militar da Minustah.

"O convênio se deu pela fase que a PM do Rio que está passando, a partir das UPPs. Este projeto vai ao encontro do que o Haiti viu como necessário para implantar no processo de pacificação lá. Eles estão numa nova fase, na qual a polícia precisa de profissionalizar. E muito do que nós passamos aqui, com as UPPs, é necessário para que eles possam reformular sua polícia", explicou o coronel Robson Rodrigues, chefe do Estado Maior Administrativo da PM fluminense e ex-comandante das UPPs.

Em julho, uma comissão da Polícia Nacional haitiana virá ao Rio para conhecer de perto o projeto das UPPs, além de unidades especiais da PM fluminense, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Choque. A cada nova favela pacificada, os primeiros a ocuparem a área são justamente PMs destes batalhões, devido ao risco de confronto com traficantes. Após a estabilização da comunidade, o Bope e o Choque saem para a inauguração da UPP, com policiais recém-formados.

"Além de conhecer o Bope, o Choque e as UPPs, eles também estão interessados em conhecer o nosso sistema de metas de redução de crimes e de formação de novos policiais. E depois nós iremos para lá, para fornecer informações e treinamento. Apesar de o Rio e o Haiti terem o mesmo contexto de conflagração, temos que respeitar as peculiaridades locais", disse o oficial.

Uma das cláusulas do convênio prevê "promover o intercâmbio de experiências em promoção e estratégia de intervenção, pacificação e ordenamentos de zonas violentas, planejamento tático e ações de operações especiais, polícia de proximidade, policiamento com cães, controle de multidões, policiamento em grandes eventos culturais e esportivos, e outros assuntos de interesse".

Esta não será a primeira vez que a PM do Rio exporta o conhecimento adquirido com o programa de pacificação de favelas conflagradas, principalmente devido ao controle do território por traficantes de drogas (ou, no caso do Rio, de milícias formadas por policiais corruptos). Policiais cariocas já estiveram no Panamá, que está construindo sua segunda unidade similar a uma UPP.

Complexo do Alemão. Após a assinatura do termo de cooperação no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado na zona sul da capital, o primeiro-ministro haitiano visitou o Complexo do Alemão, na zona norte, onde conheceu uma das quatro UPPs do conjunto de favelas e andou no teleférico construído com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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