Polícia Federal – A ‘esperteza’ que só agride os agentes

Romero Vieira Belo

Primeira Edição

Maceio – Alagoas

O direito de espernear – desde que sem ofender outrem – é extensivo ao direito de dizer bobagem. Afirmar que Michel Temer transferiu o advogado Torquato Jardim para o Ministério da Justiça com a missão de acabar com a Lava-a-Jato não passa de uma bobagem sem tamanho.

Aliás, mais do que bobagem: mera exploração de uma medida de rotina, com fins políticos. Nomear, exonerar e trocar ministro é atribuição ordinária do presidente. Por que, então, esse ganido e essa vociferação?

Muito simples. Qualquer ato de Temer que possa ter o sentido distorcido para prejudicá-lo, assim será feito. Antes, o corrupto e imprestável era Osmar Serraglio. Agora, virou anjo.

Para a oposição, o mau, o perigoso, o novo ‘sniper’ mirando a República chama-se Torquato Jardim. Advogado consagrado, respeitado e admirado no universo jurídico nacional, assume a Pasta da Justiça não como paraquedista. Jardim acaba de ser remanejado do Ministério da Transparência. Não se trata de nenhum alienígena, nenhum estranho ao conjunto do atual governo.

Seria pura ignorância dizer que o novo ministro foi posto ali para obstruir a Lava-a-Jato, mas não é. Trata-se de esperteza. Malandragem de quem faz oposição e aposta no ‘quanto pior melhor’. O ataque ao ministro e ao presidente é politicamente intencional. O que os lulopetistas, junto com os apoiadores circunstanciais, puderem fazer para detonar o governo, farão sem cerimônia e sem compromisso ideológico.

Mas, vamos ao cerne da questão: o que pode um ministro da Justiça fazer contra a Lava-a-Jato? Rigorosamente nada. Delegados e agentes federais não cumprem ordem nem do ministro nem do diretor-geral da Polícia Federal. Cumprem ordens dos juízes. Se o ministro da Justiça tivesse poderes para tal, o petista José Eduardo Cardozo teria implodido a Lava-a-Jato e salvado a pele do chefe Lula. Por que não o fez?

O máximo que Cardozo poderia fazer – e deve ter feito – era passar informações sobre o andamento da operação a presidente Dilma. E só. Portanto, afirmar que o novo ministro da Justiça está ali para bombardear a Lava-a-Jato não atinge o advogado nomeado, o presidente Temer nem o governo.

Ofende, isto sim, os integrantes da Polícia Federal, assim como os procuradores do Ministério Público e os juízes que atuam corajosamente nesse longo e escandaloso processo.

 

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