Comentário Gelio Fregapani – Economia, Independência e Complexo de Vira-lata

Assuntos: Economia, Independência e Complexo de Vira-lata

 

Pensamentos sobre economia 

 

Se quisermos ser independentes é preciso primeiro garantirmos a propriedade dos recursos naturais existentes, ao contrário da orientação suicida do atual governo. Há um sábio ditado que diz: "quem se desfaz do que tem, a pedir por ele vem”. Uma vez garantida a posse dos recursos, explorá-los, pois a posse de recursos naturais por povos que não queiram ou não possam explora-los deixa de constituir uma vantagem e passa a ser um perigo, atraindo as ambições. Por fim reservar o mercado interno para os produtos nacionais, pois um mercado aberto será nescessariamente dominado por produtos estrangeiros com indústrias já estabelecidas.

 

Algumas nações altamente desenvolvidas podem descobrir um nicho tecnológico superior a todos os demais, mas essa superioridade tende a ser temporária. A reserva de mercado está na raiz do desenvolvimento de toda a grande nação.

 

A exportação deve ser apenas complementar, para evitar a dependência decorrente das oscilações do câmbio bem como das taxações alfandegárias dos países importadores. Este é o caso do petróleo — exportar apenas o que exceder nossas necessidades atuais e futuras. Exportar minério de ferro, tudo bem, nossas reservas dão para muitos séculos, contudo devemos evitar exportar minério de ferro bruto, de preço baixo para importar aço, com valor agregado.

Tratemos de transformá-lo aqui e exportar manufaturados, se houver condições, mas o petróleo é um recurso que tende a acabar mais cedo e nossos reservatórios não são gigantes, como os do Oriente Médio, é de toda conveniência guardá-los para o consumo próprio, pois tudo indica que o petróleo será cada vez mais escasso e portanto, cada vez mais caro.

 

Excessão apenas para os produtos agropecuários. Estes são perenes e bem manejados, dão tantas safras quantas forem plantadas e são a raiz e o início de toda riqueza.

    

Simples assim.

 

Isto é (ou foi) uma disputa leal

 

A costa atlântica da África defronte o nosso País está em frente às nossas jazidas e poços do pré-sal e a importância geopolítica de manter  relações com essa África,  levou a iniciativas econômicas  e de cooperação militar, somente que nesta última não entraram os subornos que caracterizam quase toda as  obras e negócios internacionais na África.

Nessa política, as empreiteiras brasileiras tinham um papel geopolítico e uma fonte de ganho, ambas relevantes. Sua atividade, em quatro dos países africanos, compunham um esforço de projetarmos poder, quase uma tentativa de transformar o Atlântico Sul no" Mare Nostum", descrito no livro Euforia e Fracasso do Brasil Grande", do Jornalista Fábio Zanini.

 

Os Estados Unidos também têm grande interesse nessa costa africana: ali está o petróleo para previsíveis problemas com sua fonte petrolífera na Arábia. Isto não é causa de atritos, mas incontestavelmente existe uma disputa surda, embora leal, dentro das usanças e das rivalidades nos interesses nacionais.

 

Todos apreciamos a atuação da Lava-Jato, mas agora nos uma dá certa nostalgia de uma política externa altiva, apesar das evidentes corrupções dos dirigentes de então.

 

Mas isto cheira a traição

 

O Governo prepara uma nova licitação para ofertar três novas áreas do pré-sal em novembro, na 3ª rodada de partilha. De acordo com o jornal Valor Econômico, o diretor do Departamento de Exploração e Produção de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, disse que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) elaborou uma lista com sugestões de áreas para as próximas rodadas, que deverão ocorrer entre 2017 e 2019. Como será?

 

Amizade ou Subordinação?

 

Os telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks demonstram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel antinacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também a função do ex-presidente FHC em sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA em relação à independência tecnológica brasileira.

Os telegramas, datados de 2009, mostram que o governo dos EUA obrigou a Ucrânia a emperrar o projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

 

Ainda em fevereiro daquele ano o embaixador americano Clifford Sobel, relatou que informou à embaixada ucraniana que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

 

Enquanto aceitarmos as proibições internacionais de termos mísseis e armas nucleares seremos também proibidos de desenvolver qualquer coisa. Iniciemos por denunciar todos os acordos e tratados que nos cerceiem, a começar pelo tratado de não proliferação nuclear (TNP).

 

O complexo de vira-lata

 

É verdade, muitas vezes culpamos injustamente os EUA pelo nosso subdesenvolvimento, mas é verdade que há setores em que eles tem nos prejudicado intencionalmente. Podemos nos acovardar e dizer que eles se quisessem nos esmagariam belicamente. Devemos reconhecer que embora sejam nossos adversários em uns assuntos mas que em outros até ajudam.

Podemos também dizer, que toda a culpa é nossa pela preguiça e fraqueza militar algo como culpar a mocinha pelo estupro. Estamos nos acostumando a olhar de baixo prá cima e sorrir. Nada disso muda o fato de que os EUA nos tem tratado como adversários e até como inimigos. Ora, adversários e inimigos se deve enfrentar, não adianta ficar fazendo queixas.

 

Ainda mais grave do que o prejuízo que estamos tendo por conta da alienação das nossas riquezas naturais certamente é o esfacelamento do nosso orgulho nacional. Lembremos que, se não fosse orgulho nacional deles, os EUA não teriam conseguido ser o país que são.

                 

Como ensinava minha saudosa mãe: ESTÁ DIFÍCIL? MANTENHA A CABEÇA ERGUIDA, SOLDADO…

 Gelio Fregapani

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