INFORME OTÁLVORA – Maduro: Com Santos Conflito e sorrisos com Obama


Edgar Otálvora
NoticiasClic – Caracas


 

El Informe Otálvora
09 Jun13 Noticias Clic
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Maduro: Com Santos Conflito e sorrisos com Obama

A reunião entre o secretário de Estado  dos EUA e ministro das Relações Exteriores  venezuelano, realizada na Guatemala, 05JUN12, foi solicitada pela Venezuela . O Departamento de Estado aceitou em quase uma semana de antecedência e foi marcada para ser realizada para marcar a presença do secretário John Kerry ao primeiro dia de trabalhos da Assembleia Anual da OEA, reunidos em La Antigua.

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Para o interesse do governo venezuelano a reunião de Elias Jaua com Kerry tem o valor de mostrar um implícit reconhecimento  do governo de Washington a Nicolas Maduro ("Silent Ackowledgement", segundo a agencia  oficial de notícias da Venezuela SIBCI)
 
Para Washington, a reunião foi uma oportunidade para retomar as negociações iniciadas após  as eleições presidenciais venezuelanas, 07OUT12, que foram quebrados pela doença e morte de Hugo Chávez e por vários confrontos verbais de Maduro com o governo dos EUA. Agora, o governo Maduro tem mostrado especial pressa na nomeação de Embaixadores para preencher a lacuna atual. As missões diplomáticas permanecem nas mãos de "adidos comerciais" desde 2010.

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A nomeação de um novo embaixador de Obama, em Caracas, pode ser um processo longo devido a complicações no Congresso dos EUA, tanto por razões de política domésticas dos EUA  como os setores republicanos que têm especial interesse na "Venezuela ".

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Em novembro de 2012, a Secretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, havia manifestado ao próprio Maduro o interesse do Departamento de Estado para retomar as cooperações bilaterais sobre  drogas, entre outros, como um passo preliminar para a nomeação de Embaixadores. O Departamento de Estado sabe que o processo de nomeação de um embaixador na Venezuela não será fácil no Congresso.

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Em 03ENE13 depois de voltar de uma visita a La Habana,Maduro confessou  aos repórteres  que secretamente tinha mantido contatos com Washington. O então vice-presidente Executivo e Ministro das Relações Exteriores disse que os contatos  tinham a aprovação do Chávez doente e ausente. Esta versão, obviamente, nunca pôde ser confirmada.

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O embaixador Roy Chaderton, que entre outras funções oficiais, é o representante do governo venezuelano na OEA, assumiu a função de porta-voz de Maduro frente ao Departamento de Estado, no final de 2012. Os esforços de Chaderton foram congelados pelo governo, em decisãode Maduro de 20MAR13, irritado com Roberta Jacobson por declarações sobre o sistema eleitoral venezuelano.

Em 08MAI13, com Maduro exercendo a Presidência nomeou um enviado especial, o deputado Calixto Ortega, para assumir o cargo de chefe da missão diplomática em Washington, com instruções para retomar as negociações iniciadas por Chaderton. A nomeação de Ortega foi recebido pelo Departamento de Estado que o conhece desde a sua participação na iniciativa 2002 conhecido como "Boston Group". Para a sua conversa com Kerry na Guatemala, o chanceler Maduro Elias Jaua foi acompanhado por Chaderton e Ortega.

Como parte da Assembleia da OEA, Kerry também realizou reuniões com o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Maria Angela Holguin e com o recém-nomeado chanceler do Peru, Eda Rivas.

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O pedido de uma reunião com Kerry pela Venezuela, como pano de fundo era um tema que tinha subido de  importância conjuntural e tinha entrado na  agenda de Barack Obama. O governo venezuelano mantinha prisioneiro, desde 24ABR13, um cidadão dos EUA, o cineasta Timothy Tracy Hallet, acusando-o de ser um agente do governo dos EUA para incentivar atos de violência por parte das organizações juvenis da oposição. Tracy, era a prova de que os EUA estavam por trás dos protestos contra os resultados das eleições, que deram como vencedor Maduro, em 14ABR13,  por porta-vozes oficiais venezuelanos.

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De acordo com o Departamento de Estado para a reunião de Jaua com Kerry não estava sujeita à liberação anterior de Tracy. No entanto, quando  estava negociando a reunião o governo dos EUA informou  Calixto Ortega que o caso Tracy tinha tomado relevância, uma vez que Obama tinha afirmado publicamente em favor da inocência do produtor de cinema.

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O cineasta Tracy foi removido para  das prisões  da polícia política onde estava detido, em data que coincide com as negociações para a reunião Kerry-Jaua. O procurador-geral da Venezuela, um órgão controlado pelo governo, decidiu um dia antes da reuniãocom Kerry-Jaua  arquivar o processo contra Tracy por não encontrar provas das acusações feitas pelo Ministério do Interior. Tracy foi libertado e deportado nas primeiras horas, de 05JUN13, para horas antes de realizar-se a reunião solicitada pelo governo venezuelano. Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki, agradeceu o "trabalho dedicado", de Ortega que levou à "libertação" de Tracy, que foi interpretado por muitos analistas como um presente de  Maduro para os EUA.

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Um esquema semelhante que prevalece entre os EUA eo governo de Daniel Ortega está aparecendo sobre as relações de Caracas e Washington. A administração Obama tem reservas sobre as eleições presidenciais venezuelanas do mesmo tipo daqueles expressas sobre as eleições presidenciais da Nicarágua de 2011 e as municipais  2012. Em todos os três casos, os EUA descreveram como eleições "não transparentes".

Os Estados Unidos  mantêm relações diplomáticas com o governo Ortega, que recebe o apoio dos EUA, incluindo em áreas críticas, como as militares. Apesar da retórica anti-americana e a aliançça ideológica  com Venezuela e Cuba e seus pactos militares com Irã e Rússia, Daniel Ortega, não hesitou em viajar para a Costa Rica, em 03MAI13, para uma reunião do Sistema de Integração Centro-americana (SICA), com Barack Obama .

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Enquanto a mídia eo próprio governo venezuelano destacaram a reunião Kerry-Jaua, outra reunião passou despercebida. Na tentativa de superar o impasse surgiu entre os governos de Maduro e Juan Manuel Santos, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Maria Angela Holguin se reuniu com Jaua em La Antigua, em 05JUN13.

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O Ministério das Relações Exteriores colombiano espera que o encontro com o chanceler de  Maduro servirá para traçar uma rota para baixar as tensões e preparar o terreno para uma reunião presidencial que marque  o fim da crise nas relações entre os dois países. Jaua informou  Holguin que seu chefe Maduro estava pronto para se encontrar-se com Santos, mas as condições ainda não foram estabelecidas. Jaua fez uma menção especial e queixou-se, a propósito, de como a imprensa de Bogotá trata de forma hilária à Maduro.

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O governo colombiano, que não reagiu publicamente aos pesados ??ataques que recebeu do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e membro do "Comando da Revolução" Diosdado Cabello, anunciou que as diferenças com a Venezuela seriam tratadas a nível diplomático e não publicamente. Desde 29MAI13, quando o mais alto nívelk do chavismo lançou um ataque verbal contra o Santos, na sequência da visita de Henrique Capriles à Bogotá, o Ministério das Relações Exteriores colombiano tentou falar com Jaua. Conversas telefônicas não foram produtivas e não reuniram-se em Antigua. A conclusão foi de que o Ministro das Relações Exteriores Jaua não tinha autoridade para negociar com a Colômbia a reunião Maduro-Santos.

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Surpreendentemente, o governo colombiano soube que Nicolas Maduro, sexta-feira 07JUN13, anunciouo que o responsável para marcar uma reunião com o presidente colombiano, era Lula da Silva. Maduro escolheu o envolvimento de Lula na relação com a Colômbia, embora, em princípio, Santos e Venezuela concordaram em se reunir-se e não havia necessidade de os bons ofícios de um terceiro.

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O ex-presidente brasileiro, Lula da Silva, em uma excursão organizada antes da crise nas relações entre os governos da Venezuela e da Colômbia, reuniu-se na terça-feira, 04JUN13, com Juan Manuel Santos. Lula ainda acompanhado de  Santos naquele dia em um evento público no Coliseu Salitre, situado à oeste de Bogotá, onde ele elogiou as políticas sociais colombianas. Antes, durante o encontro privado com o Santos, no Palácio Presidencial, Lula foi informado dos detalhes do confronto com o alto-chavismo, em que Santos foi  acusado de fazer parte de uma conspiração contra Maduro. Lula se ofereceu para mediar em Caracas,  especialmente para impedir que a Venezuela,abandonasse sua participação como observador na mesa de negociações com as FARC. Para a esquerda alinhada no Foro de São Paulo, hoje liderada por Lula, o processo de legalização das FARC e sua participação no início das eleições é uma questão fundamental na sua estratégia continental.

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O governo de Santos foi pego de surpresa com a reação de Chávez na presença de Capriles em Bogotá. Várias fontes indicam que Nicolas Maduro foi informado com uma semana de antecedência pela Colômbia da audiência que Santos concedeu a Capriles e vários líderes do partido “Primero Justicia”. Maduro havia informado à Colômbia que a decisão de Santos não tinha restrição, o que parecia garantir que as relações entre os dois governos não seriam afetadas.

A reação agressiva contra o Santos foi entendido como uma iniciativa pessoal de Diosdado Cabello, que não compartilhava com Maduro a posição inicial e forçou o chavismo a abrir fogo contra o governo colombiano.

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Santos é o primeiro presidente colombiano,  desde que o chavismo governa a Venezuela, que recebe  líderes da oposição venezuelana publicamente. Recebeu Henrique Capriles em meio à campanha eleitoral de 2012 e, em seguida, durante a reunião da UNASUL, 16ABR13, em Lima, onde foi discutida a crise política da Venezuela. A Colômbia propôs que forre realizada uma completa auditoria eleitoral, conforme solicitado pela oposição chefiada por Capriles.
 

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