Em nota Marinha nega tentativa de suicídio Almirante Othon Silva

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em relação à matéria veiculada por esse site, em 24 de janeiro de 2017, sob o título “Após ser condenado na Lava-Jato, ex-presidente da Eletronuclear tentou suicídio”, fazendo referência a um suposto fato ocorrido em agosto do ano passado, a Marinha do Brasil (MB), por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informa que não houve tentativa de suicídio do Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva nas dependências desta Instituição e que têm sido cumprido os procedimentos estabelecidos em decisão judicial.

ASSESSORIA DE IMPRENSA DO COMANDO DO 1º DISTRITO NAVAL

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Artigo publicado em 24.JAN.2017
 

Após ser condenado na Lava-Jato, Almirante Othon Silva tentou suicídio


 

O ex-presidente da Eletronuclear Othon Silva tentou suicídio logo após ter sido condenado, no início de agosto do ano passado, a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisão e organização criminosa durante as obras da usina nuclear de Angra 3.

A informação foi confirmada ao GLOBO pela defesa do ex-presidente da Eletronuclear. Por ser vice-almirante da Marinha, Othon Silva está preso em uma unidade militar, a Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O advogado do ex-presidente da Eletronuclear, Helton Marcio Pinto, declarou que foi informado pelo comando da Marinha sobre o incidente envolvendo o cliente, mas diz não saber como Othon tentou dar fim à vida. Quando encontrou o vice-almirante após o episódio, o advogado afirmou ter preferido não tocar no tema e tentou animar o cliente apresentando perspectivas de ele ser inocentado nas instâncias superiores.

— Ele tentou suicídio porque se julga na condição de injustiçado. Othon sempre lutou pelo bem do país — disse o advogado, afirmando que, como tem 77 anos, o vice-almirante entende que a condenação de 43 anos é como uma pena perpétua.

O advogado disse não ter feito nenhuma notificação sobre o incidente no processo porque está focado em provar a inocência de Othon. Como já há uma decisão em primeira instância, do juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, com a condenação de Othon, a defesa recorreu e a ação penal está agora no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

Othon foi preso pela primeira vez, em 2015, durante a Operação Lava-Jato. O caso foi enviado de Curitiba para o Rio, e o ex-presidente da Eletronuclear ficou em uma cela especial da Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti. À época, o juiz Marcelo Bretas registrou no processo que o vice-almirante foi liberado para usar telefone celular e teve regalias "absolutamente incompatíveis com a custódia preventiva".

O ex-presidente da Eletronuclear foi solto meses depois, mas foi preso novamente, em julho do ano passado, durante a Operação Pripyat, em que foram detidos também outros cinco ex-dirigentes da empresa. Procuradores apontaram que ele continuava tendo influência na Eletronuclear, mesmo estando em prisão domiciliar.

Por conta das denúncias de tratamento privilegiado na unidade militar, foi encaminhado para Bangu 8. A defesa recorreu, e a 1ª Turma Especializada do TRF-2 atendeu ao pedido dos advogados do vice-almirante para enviá-lo novamente para uma unidade da Marinha.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Othon cobrou propina em contratos com as empreiteiras Engevix e Andrade Gutierrez no âmbito das obras da usina nuclear de Angra 3. A filha de Othon, Ana Cristina da Silva Toniolo, foi condenada a 14 anos e 10 meses de prisão. De acordo com o MPF, pagamentos de propina eram feitos à empresa Aratec, de Ana Cristina e Othon. Além deles, outras 11 pessoas foram condenadas no processo.

Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu em 1978 a incumbência de iniciar os primeiros estudos para um submarino nuclear brasileiro e liderou o Programa Nuclear Paralelo entre 1979 e 1994. Executado sigilosamente pela Marinha, o projeto resultou no desenvolvimento da tecnologia 100% nacional de enriquecimento do urânio pelo método de ultracentrifugação.

Nascido em 25 de fevereiro de 1939 em Sumidouro, no interior do Rio, Othon é engenheiro naval formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, com mestrado na área nuclear no Massachusetts Institute of Technology (MIT). De 1982 a 1984, acumulou com suas funções na Marinha do Brasil o cargo de diretor de Pesquisas de Reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ocasião em que foi construído o Reator IPEN-MB-01 (único reator de pesquisas projetado e construído com equipamentos nacionais). Em 1994, foi para reserva na Marinha do Brasil no posto de Vice-Almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros.

Nota DefesaNet:
DefesaNet publicou o Editorial tão logo a prisão do Almirante Othon foi anunciada no dia 28 de Julho de 2015.

– Editorial DefesaNet – A Geopolítca na Lava Jato – 28 Julho 2015 [Link]

Em Inglês:
– Editorial – Geopolitics surrounding Operation Carwash – 29 July 2015 [Link]

Editorial DefesaNet – Prendam o Almirante – 04 agosto 2016 [Link]

Saiba mais:

Currículo do Almirante Othon:
– CV Vice-Almirante R1 Dr Othon Luiz Pinheiro da Silva – 28 Julho 2015 [Link]

-Almirante Othon: concluir o submarino nuclear é um gesto de independência [Link]

-Almirante Othon chama ex-ministros de FHC, Lula e Dilma como testemunhas de defesa na Lava-Jato [Link]

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