Rússia pode construir seus próprios Mistral, diz ministro

Por Nicholle Murmel, a partir de texto do Moscow Times

O ministro russo da Indústria e Comércio, Denis Manturov, declarou à agência de notícias RIA Novosti que o país seria capaz de construir seus próprios navios para transporte de helicópteros. A declaração veio após a França suspender, na semana passada, os planos de entregar dois navios de assalto anfíbio (LHD) da classe Mistral à Marinha russa por conta da atual guerra na Ucrânia.

 “Se o objetivo é ter um navio análogo [ao Mistral], nós o construiremos”, declarou Manturov. O contrato da Rússia com a empresa francesa DCNS, avaliado em 1,2 bilhões de euros, envolvia extensa troca de tecnologia e conhecimento técnico, e daria a Moscou a oportuniadade de construir em seus prórpios estaleiros duas das quatro embarcações previstas no acordo. Engenheiros russos e representantes da Marinha já estiveram na França durante a construção das primeiras unidades, mas não é claro quanto know-how técnico já foi transferido.

De acordo com Manturov, enquanto o casco dos navios já em construção é de fabricação francesa, o projeto foi feito em parceria e “a parte interna, os sistemas de controle, são russos”.
Apesar da importância do contrato para a DCNS, o governo do presidente François Hollade declarou semana passada que não entregaria o primeiro dos dois Mistral, batizado Sevastopol, por conta de Moscou ter intervido no leste da Ucrânia, onde forças separatisas atacaram tropas ucranianas.

A suspensão do contrato foi vista como uma alteração brusca da política francesa, resultado de meses de lobby por parte dos Estados Unidos e outros países da OTAN para matar o acordo. Os navios aumentariam consideravelmente a capacidade russa de lançar ataques anfíbios e projetar poder naval.
Porém, segundo Mikhail Barabanov, analista naval da agência independente de inovação Center for Analysis of Strategies and Technologies, de Moscou, o anúncio foi vazio e nada realmente mudou. Apesar de ter afirmado ser impossível entregar os navios no momento, a França também disse que uma decisão final só seria tomada logo antes da data de entrega prevista no contrato – 1º de novembro.
Há então umajanela de quase dois meses para que os conflitos na Ucrânia esfriem antes de o acordo entre Paris e Moscou ser descartado. O cancelamento resultaria em multas pesadas à França porquebra de contrato.

Para Dmitry Gorenburg, analista naval da agência de inovação CNS, com sede nos Estados Unidos, com certeza a Rússia sintiria a perda de know-how e tecnologias francesas valiosas de construção naval, caso o contrato fosse cancelado. Mas o impacto nas Forças Armadas do país seria pequeno, ele explica: “operações anfíbias não fazem parte do certe da doutrina naval russa”.

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