Gen Villas Bôas: atuação do Exército no ES é “pontual” e não substituirá PM

A atuação do Exército no Espírito Santo é "pontual" e não substituirá a Polícia Militar no estado, disse em uma rede social nesta quinta-feira (9) o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército brasileiro.

Ao menos 106 pessoas morreram de forma violenta no estado desde sábado (4), quando começou o protesto de familiares de PMs que impedem a saída dos policiais dos batalhões. Os números são do sindicato da Polícia Civil. O governo não tem divulgado balanços. Desde sábado, cenas de saques, assaltos e arrastões se tornaram comum em Vitória e em diversos locais do estado.

“A ação do Exército é pontual. Vem viabilizar as negociações do governo à população. Não vamos substituir a PM”, escreveu o coronel no Twitter. Ele afirmou ainda ter determinado o reforço no Espírito Santo com "tropas paraquedistas, blindadas e de aviação do Exército".

Há cerca de 1.900 militares, entre Exército e Força Nacional de Segurança, no estado. Na quarta (8), o governo do Espírito Santo transferiu o controle da segurança às Forças Armadas para o general Adilson Carlos Katibe, que chefia a força-tarefa das Forças Armadas no Espírito Santo.

Em entrevista nesta quinta, em Vitória, Katibe disse que o número de militares chegará a 3.000 até o final de semana. A atuação se concentra na Grande Vitória. Mas ele não deu números sobre o trabalho dos militares.

"Estamos aqui reforçando a segurança", disse Katibe.

Crise

O estado está sem PM nas ruas porque protestos de familiares dos policiais bloqueiam as saídas das viaturas dos batalhões. As famílias pedem reajuste salarial para a cateogoria, que é proibida de fazer greve. O governo afirma não poder aumentar os salários.

Com Forças Armadas nas ruas, Vitória vive clima de paz aparente¹

O sexto dia da greve dos policiais começou tranquilo na capital capixaba. Depois de viver cinco dias de caos, com cenários que se assemelhavam ora ao de uma guerra, ora ao de uma “cidade fantasma”, Vitória começa a voltar à normalidade. Na noite desta quarta-feira, alguns bares da região boêmia conhecida como “Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, voltaram a funcionar e estavam cheios. Ao amanhecer, havia pessoas praticando esportes na orla do Camburi e vários carros nas ruas. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, parte da frota de ônibus voltou a circular entre 6h e 18h.

A expectativa é de que o comércio também volte a funcionar a partir desta quinta – um passo importante não apenas para a população, mas para o Estado, que sofre uma crise de arrecadação. De acordo com o presidente da Fecomercio, José Lino Sepulcri, o prejuízo em termos de faturamento é de cerca de 45 milhões de reais por dia. Ou seja, desde o início da greve, o Espírito Santo deixou de arrecadar mais de 150 milhões de reais. Isso sem contar os prejuízos sofridos pelo comércio em saques e roubos, estimado em 25 milhões de reais.

A sensação de segurança começou a tomar conta da cidade a partir das chegada do efetivo especial enviado pelas Forças Armadas. Ontem à noite, 200 homens da Força Aérea Brasileira desembarcaram na capital capixaba para reforçar o policiamento na Grande Vitória. Eles devem se juntar aos 1200 homens da Força Nacional e do Exército que já estão na região desde a última terça-feira.

Depois de classificar o movimento grevista como “chantagem”, o governo do Espírito Santo abriu um Comitê Permanente de Negociações para assegurar a continuidade do diálogo com as mulheres dos policiais militares em greve. Embora ainda não haja expectativa de retorno, o representante da Secretaria de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, afirmou que está confiante de que ambas as partes “vão colaborar para a restauração do estado de sanidade”.

Além da primeira entrevista coletiva do governador licenciado Paulo Hartung, que falou ao lado do governador em exercício, César Colnago (PMDB), e do secretário de segurança, André Garcia, o dia de ontem foi marcado por protestos por parte da Polícia Civil, que deve discutir hoje a possibilidade de aderir à greve. Ontem, centenas de policias civis compareceram ao enterro de Mário Marcelo Albuquerque, conhecido como Marcelinho do DHPP, membro da corporação que foi morto na terça-feira ao tentar evitar um assalto em Colatina, no interior do Estado.

¹Por Maria Clara Vieira, Veja.com

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