RJ – PM x Bombeiros 600 presos

Os manifestantes que protestavam em frente ao Quartel General dos Bombeiros, no centro do Rio de Janeiro, estão sendo dispersados por policiais da cavalaria da Polícia Militar. O clima no local é de tensão, mas os bombeiros se abraçaram e cantaram, ajoelhados, o hino da corporação.

A internauta Rosana (usuária Jibrine2000), do Rio de Janeiro, postou neste sábado (4) um vídeo que mostra a invasão do Bope no quartel onde estavam os cerca de 2.000 bombeiros, que pedem aumento de salário e melhores condições de trabalho. "Achei muita covardia do governo do Estado do RJ com essas pessoas que são os verdadeiros heróis da nação", escreveu, depois de flagrar o momento em que a tropa de elite dispara granadas e bombas de efeito moral.

Hoje cedo, o Bope invadiu o local pelos fundos, usando uma escada. Eles também jogaram bombas de efeito moral contra os cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, que ocuparam o local na noite de sexta-feira (3), alguns acompanhados por familiares e até por crianças. Eles reivindicam um aumento de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho.

"Nós temos o pior salário da categoria no país. Estamos há dois meses tentando negociar com o governo, mas até agora não obtivemos resposta," disse o porta voz do movimento, o cabo dos bombeiros Benevenuto Daciolo. "Nosso movimento é de paz e estamos em busca da dignidade e precisamos de uma solução". 

Não houve resistência dos manifestantes, mas durante a ação policial houve confusão e correria. A polícia convocou homens da tropa de elite da corporação, da cavalaria e helicópteros. 

"Estávamos saindo tranquilamente e fomos detidos sem saber o motivo," disse um líder do movimento. 

De acordo com o coronel, a situação "está voltando a normalidade" e grande parte dos manifestantes já deixou o local. A PM informou que cerca de 600 manifestantes foram levados ao Batalhão de Choque. Parte deles começou a ser transferida para a Corregedoria da corporação, que fica em São Gonçalo.
 
"Estávamos saindo tranquilamente e fomos detidos sem saber o motivo," disse um líder do movimento.
 
O coronel Íbis Silva Pereira, porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, confirmou na manhã deste sábado (4) que uma criança deu entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar após a invasão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ao Quartel General do Corpo de Bombeiros, no centro da cidade. Segundo ele, a criança teve um problema por inalação da fumaça, que provalvemente foi provocada pela granada usada pelo Bope para arrombar o portão do quartel, que havia sido trancado pelos manifestantes com uma barreira de carros de bombeiros.

Manifestantes também afirmam que outras pessoas foram feridas, inclusive outras crianças, e a mulher de um cabo passou mal e teria perdido o bebê durante a confusão. A deputada estadual  Janira Rocha (PSOL-RJ), que passou a noite com os manifestantes e as famílias que se uniram ao protesto dos bombeiros, contou que a grávida sofreu um aborto espontâneo.

Segundo funcionários do Hospital Municipal Souza Aguiar, pelo menos cinco crianças deram entrada atordoadas e com ferimentos leves. Elas foram acalmadas, medicadas e liberadas em seguida. 

Em entrevista em frente ao quartel, na manhã de hoje, o coronel Mário Sérgio Duarte, comandante geral da Polícia Militar, afirmou que a negociação entre a PM e os bombeiros não saiu como ele gostaria, ou seja, sem a necessidade de uma ação efetiva da PM, mas que a operação de invasão foi feita com todo cuidado e não há informações sobre pessoas feridas com gravidade nem perfurações à bala.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), já determinou a prisão de todos os bombeiros manifestantes. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, a quem os bombeiros são subordinados, os manifestantes seriam presos por invasão de órgão público, agressão a oficial e desobediência à conduta militar. No entanto, o comandante da PM, coronel Mario Sergio Duarte, informou que as prisões seriam analisadas caso a caso.  

Cabral está reunido desde às 8h, no Palácio da Guanabara, com parte da cúpula do governo do Estado para avaliar o movimento de protesto dos bombeiros. O governador conversa com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame; com o vice-governador Luiz Fernando Pezão; com o secretário da Casa Civil, Regis Velasco Fichtner Pereira, e com o coronel Mário Sérgio Duarte.

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