Glock chama atenção do público e aposta em mercado crescente na América Latina

Nicholle Murmel
Especial DefesaNet


Havia uma multidão no estande da Glock na LAAD 2015. Eram pessoas disputando ou esperando a sua vez de segurar e manipular uma das pistolas expostas pela fabricante de armas que já se tornaram famosas quase ao ponto do fetiche.

É interessante observar essa atração. O estande da companhia austríaca era sóbrio, sem nada de extravagante, e nem precisava, já que proporcionava ao público a experiência de apontar, carregar e puxar o gatilho de uma arma de fogo – provavelmente o item mais próximo da realidade do visitante civil que circulará pelos pavilhões do Riocentro nesta semana.

Entre os itens que mais despertaram interesse estava a pistola azul com cabo texturizado, que o gerente regional, Patrick Voller, explicou ser desenvolvida específicamente para treinamento. “Além da cor diferenciada, ela dispara munição não letal”, descreve. Segundo Voller, a Glock trouxe para a feira deste ano cerca de 18 modelos de armas de pequeno porte para uso restrito e civil.

Graus de restrição e o crescimento do mercado latino americano

Apesar de não mencionar números, Voller comentou que o mercado para armas pequenas na América Latina está se expandindo. A empresa conta com um escritório no Brasil, de onde são coordenadas as vendas para toda a região.

A gerente Laura chama atenção para o fato de que essa tendência se reflete individualmente nos países do subcontinente, independente dos tipos de restrição (ou falta de) ao porte e venda de armamentos.

Nações como Guatemala, Panamá e Equador simplesmente proibem a venda de armas ao público civil. Já a grande maioria dos países, como México, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador e Honduras tem leis que limitam o acesso do público geral às armas, e justamente esses locais representam os grandes mercados para empresas como a Glock.

A gerente atribui essa maré favorável para o setor de armas a uma melhora geral das economias da região – nesse cenário de prosperidade mais ampla, o mercado para armamentos acaba se beneficiando também.

Há ainda casos como Uruguai, Paraguai e Argentina, onde não existe legislação restringindo a venda de armas.

Para além das leis em cada país, pode haver limitações políticas na hora de fechar negócio. Laura explica que a exportação de produtos para um determinado mercado só acontece sob autorização do governo da Áustria, e cita a Venezuela como caso em que essa autorização foi negada.

Mas essa barreira não é intransponível – a fábrica da Glock nos Estados Unidos exporta conforme autorização do governo americano, que pode discordar da sede europeia.

Laura comenta ainda a barreira das formas de encomenda e aquisição de armamentos. A maioria dos mercados que a empresa atende trabalha com empresas locais revendedoras, que encomendam à Glock uma demanda e repassam até mesmo para o Estado. “Já nações como Brasil e Venezuela exigem que a empresa faça uma proposta”, explica Laura. E esse é só o começo de um prolongado processo de licitação.

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