Rússia diversifica exportações militares para países da Ásia do Sul

Serguei Tomin

A envergadura da cooperação russo-indiana na área cooperação técnico-militar já não surpreende ninguém. Contudo, a comunicação sobre uma transação militar entre Moscou e Daca passou a ser sensacional.

Os entendimentos alcançados no decorrer da visita do primeiro-ministro Sheikh Hasina, decorrida em janeiro de 2013, materializaram-se num acordo de fornecimento de 24 aviões de treino e combate Yak-130 ao Bangladesh.

Segundo os dados de fontes informadas, os aviões russos foram comprados à conta de um empréstimo de um bilhão de dólares, concedido há exatamente um ano pela Rússia ao Bangladesh. Deste modo, Moscou demostrou a aspiração a estimular o interesse em armas russas e a demanda delas em países da Ásia do Sul.

A aquisição de aviões Yak-130 russos pode ser para o Bangladesh um passo decisivo que permitirá a este país da Ásia do Sul modernizar radicalmente no futuro a sua Força Aérea, porque nos aviões deste tipo é possível tanto treinar pilotos, como efetuar ações militares.

Com esta compra, Daca não apenas encerra para muitos anos sua necessidade em aviões de treino e combate. Levando em consideração que em Yak-130 é possível apreender a manobrar caças de diferentes gerações, esta experiência será com certeza útil. Nos próximos anos, militares do Bangladesh poderão adquirir lotes de MiG e de outros caças de fabrico russo, o que lhes permitirá dotar as suas forças armadas com caças pesados e aplicar os hábitos recebidos no quadro da exploração de aviões Yak-130.

Não é casual que fontes russas, que trabalham no sistema de cooperação técnico-militar, qualificam a concessão do empréstimo de um bilhão de dólares ao Bangladesh como um “gesto geopolítico”, um gesto que “demostrou o interesse em promover armas russas em mercados da Ásia do Sul”. Levando em consideração que o Bangladesh está revelando hoje interesses em adquirir outras máquinas russas – helicópteros Mi-171 e Mi-17B5, veículos blindados BTR-80, tanques T-72, assim como caças Su-27, Su-30MK2 e Mig-29SMT, o mercado daquele país pode tornar-se para Moscou bastante prometedor.

É simbólico que a notícia sobre um grande contrato militar com Daca apareceu no pano de fundo de comunicados de que o ano de 2013 foi bem-sucedido para exportadores russos de armamentos. No ano passado, a Rosoboronexport estabeleceu um recorde fornecendo a 60 países armamentos e material bélico no valor superior a 13 bilhões de dólares. Numa recente entrevista, o diretor-geral da Rosoboronexport, Anatoli Isaikin, anunciou a intenção de trabalhar, para que a Rússia mantenha a segunda posição após os Estados Unidos no fornecimento de armamentos.

Os principais importadores de armas e equipamentos militares russos na Ásia continuam a ser por enquanto a Índia, China, Vietnã, Indonésia e Malásia. Não é segredo que há também outros países interessados em adquirir armamentos russos, que não os compram por razões econômicas ou geopolíticas. Portanto, o potencial do alargamento das exportações militares russas ainda está longe de ser esgotado.

Não se pode omitir o fato de o parceiro principal russo na área da cooperação técnico-militar na Ásia do Sul, a Índia, ter demostrado ostentosamente a vontade de diversificar fontes de fornecimentos de armamentos. Apelos insistentes a equipar o exército indiano com armas francesas, americanas e outras soam no contexto de mensagens do governo de Manmohan Singh voltadas aos militares no sentido de revelarem maior parcimônia na utilização de meios e de darem provas de maior espírito inventivo.

Ultimamente, na imprensa indiana começaram a aparecer publicações de que o “século de ouro” na cooperação militar entre os dois países já terminou. Entretanto, o exemplo do Bangladesh prova que a demanda de armas russas na Ásia do Sul continua a ser alta.

Texto/tradução: Voz da Rússia

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