Exército Adia Programa URUTU 3

Exército Adia Programa URUTU 3


Nelson Düring
DefesaNet

Após ter lançado um edital de concorrência (nº 001/2005), em 04 agosto 2005, para o contrato de serviços técnicos de desenvolvimento do Projeto da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal, Média – de Rodas (VBTP-MR), 6 x 6 , selecionado um vencedor e qualificá-lo, o Alto Comando do Exército resolveu adiar o Projeto, que é chamado informalmente de " VBTP-MR URUTU 3".

O motivo alegado à Defesa@Net, pelo Centro de Comunicação Social do Exército (CComSEx) , foi o de falta de verbas, e a necessidade do Departamento de Ciência e Tecnologia em atender a outras despesas inadiáveis. Ver Box com a resposta do CComSEx.

Chamado de URUTU 3 o programa de substituição do veículoVBTP EE-11 Urutu, em uso pelo Exército, aproveitava somente o nome do seus antecessor. Ao dar o nome de Urutu 3 e especificar que o veículo deveria seguir as linhas gerais do atual Urutu levou ao pensamento de que seria uma mera atualização desse veículo. A leitura do ROB (requisitos Operacionais Básicos), e as especificações propostas ao veículo, demonstram que deverá incorporar uma série de avanços da engenharia automotiva ocorridos nas três últimas décadas. Além de novos requisitos operacionais a serem incorporados ao veículo.

Uma lista preliminar com algumas das diferenças propostas entre a versão do VBTP Urutu padrão do Exército Brasileiro e a especificada para o Urutu 3.

Dados Técnicos de Especificação de Projeto

  Urutu 3 Urutu Padrão Exército Brasileiro
Peso 14.000kg 11.000kg
Trem de Rolamento 6 x 6 6 x 6
Suspensão Independente nas seis rodas Molas Sistema Boomerangue no eixo traseiro
Equipagem 1Comandante
1 Motorista
1 Atirador
7 Fuzileiros
1 Motorista
1Comandante/Atirador
12 Fuzileiros
Motor DaimlerChrysler
OM 926LA – 305 HP
Cummins ISBe 275
250 HP
Mercedes Benz
OM352A
190 HP
Tipo Diesel 6 Cilindros em linha
Turbo
Diesel6 Cilindros em linha
Turbo
Transmissão Automática
Allinson
Mecânica
Mercedes Benz
Autonomia
Em estradas
? + 600 km
Combustivel 400 litros 380 litros
Blindagem ? Chapa de aço Bimetálica Sem add-on
Pneus 12.00R-20 ou
14.00R-20
14.50×20
Capacidade anfíbio Sim + 9 km/h em água calma Sim – + 9 km/h
em água calma

2 – Hélices

 

 

O projeto e contrução do protótipo seria em aço, usando para efeitos de cálculo a chapa SAE 1020, 10mm de espessura. Visto a dificuldade em obter aços de alta resistência especiais para blindagem os protótipos seriam construído em chapas de aço mecânico acima especificado. O CTEx ( Centro Tecnológico do Exército ( CTEx) apresentaria uma proposição de blindagem, que empregaria novos conceitos, tais como: blindagem cerâmica, blindagem composta e que poderiam ser usados como um add-on, adicionados à estrutura do veículo conforme as necessidades operacionais assim exigissem.

A Columbus

A empresa vencedora da licitação, agora cancelada, foi a paulista Columbus, dirigida pelo Engenheiro Odilon Lobo de Andrade Neto, ex-membro do grupo de pesquisas da ENGESA, a ENGEPEQ, que produziu entre outros produtos o CC Osório, e pela Columbus o bem-sucedido programa do veículo de transporte não especializado (VTNE), 0,5 t, 4 x 4 Marruá, atualmente em produção pela empresa AGRALE, Caxias do Sul. O Marruá foi homologado pelo Exército Brasileiro, em 27 de julho 2005, e está em testes pelo Exército e a Infantaria da Marinha da Argentina (IMARA), além das forças armadas de outros países, como o Chile e Egito.

A Columbus tem trabalhado na manutenção e prestação de serviços à frota de veículos EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu em serviço no mundo. Com a falência da ENGESA, no início dos anos 90, vários governos pressionaram as autoridades brasileiras para garantir peças e serviços para os veículos em operação pelas suas forças. Ambos veículos alcançam um bom valor de revenda no mercado internacional, tendo a sua parte automotiva reconstruída ainda terão vários anos de operação.

A Columbus também participou das atividades empreendidas pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), na recuperação da frota dos veículos em operação pelo Exército Brasileiro.

Procurada por Defesa@Net a Columbus não quis emitir uma posição se permaneceria interessada no programa caso fosse reaberto. A empresa além de ter sido a vencedora da licitação, também foi aprovada na qualificação técnica, por avaliação do CTEx..


O Futuro, mais que crítico

O Programa da Nova Família de Veículos Blindados do Exército existe há vários anos, e pode seguir o rumo do famoso Programa F-X da Força Aérea Brasileira, na busca de um nova caça para a defesa do Planalto Central. Muito ruído e pouco resultado.

O Exército afirma que o programa permanece prioritário, e será feita uma nova concorrência nas mesmas bases, em uma data futura.

As operações do Batalhão Haiti estão trazendo valiosas lições de operações de veículos blindados, em Missões de Paz e em ambiente urbano, e que podem ser incorporadas aos requisitos em um novo projeto. O simples acompanhamento, das fotos das operações do Batalhão Haiti, mostra claramente, que as tropas, hoje, operam essencialmente nos Urutus. Tanto que o Exército enviou mais nove VPTP URUTU para o Haiti, sendo que uma viatura foi adaptada para ambulância e duas receberam a instalação de pá mecânica. Já é uma lição incorporada, pois os veículos têm sido utilizados para desobstruir ruas.
 

Itens instalados nos URUTU operando na MINUSTAH – foto acima

– Instalação da Pá Limpa Entulhos em VBTP URUTU
– Empresa: O´Gara Hess
– Serviço: instalação de pá limpa entulhos (pá dolzer)
– Força Motriz: hidráulico/mecânica
.
As viaturas embarcadas para o Haiti, com previsão de chegada em 11 Nov 05, passaram por processo de revitalização, sendo completamente desmontadas, manutenidas, inspecionadas, remontadas e testadas, ganhando sobrevida e confiabilidade para emprego operacional.

A situação operacional do Exército assume uma face crítica, pois pelo próprio número fornecido pelo Exército (ver Box), somente 39 Urutus foram modernizados. E a maior partes destes está hoje no Haiti.

Não há no momento uma alternativa. Mesmo no mercado internacional para rápida incorporação de veículos blindados de transporte de pessoal de rodas para incorporação ao Exército. Um projeto começando hoje, cumprindo as fases de projeto, testes, preparação de produção e produção não estará disponível em três anos para início de entregas das primeiras unidades..

Se o objetivo for um programa completo de uma família de veículos blindados, esse prazo pode ser bem maior. Um simples número para pensar: Metade das 2.000 mortes de soldados americanos no Iraque foram ocasionados pelos IEDs (Improvised Explosive Device).


COMANDO DO EXÉRCITO
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO


Em atenção ao seu pedido de informações, encaminhado por e-mail de 25 de outubro de 2005, a respeito do Programa Urutu 3, o Centro de Comunicação Social do Exército informa o que se segue:

1. A concorrência do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) nº 001/2005, destinada a obter o projeto de nova versão de Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP), foi cancelada considerando-se o interesse da administração pública, pois o contingenciamento de recursos obrigou o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) a atender despesas inadiáveis. O projeto continua na lista de prioridades do Exército e será retomado, impreterivelmente, no início do ano de 2006.

2. O programa de revitalização das viaturas VBTP URUTU e VRE CASCAVEL continua em execução. Até a presente dada, foram revitalizados 39 (trinta e nove) VBTP URUTU do total de 45 (quarenta e cinco) da última versão e 121 (cento e vinte e uma) VRE CASCAVEL do total de 213 (duzentos e treze), também da última versão.

3. O Exército está enviando mais 09 (nove) VBTP URUTU para o Haiti, sendo que 01 (uma) foi adaptada para viatura ambulância e 02 (duas) receberam a instalação de pá mecânica.

Atenciosamente,
CComSEx

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