NYTimes – Bolsonaro na Presidência, um ‘prognóstico assustador

Em um editorial intitulado "A Triste Escolha do Brasil", o jornal americano The New York Times classificou a possível eleição do candidato do PSL à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, como um "prognóstico assustador", "uma história que está se tornando comum de uma maneira alarmante entre as democracias do mundo".

No texto, publicado na edição impressa desta segunda-feira, 22, o capitão reformado é comparado ao presidente dos EUA, Donald Trump.

O NYT apresenta Bolsonaro como "um brasileiro de direita que sustenta pontos de vista repulsivos". "Ele afirmou que se tivesse um filho homossexual preferiria que ele estivesse morto; que uma colega sua no Parlamento (a deputada Maria do Rosário, do PT-RS, reeleita em 7 de outubro) era feia demais para ser estuprada; que afro-brasileiros são preguiçosos e gordos; que o aquecimento global não passa de 'fábulas de efeito estufa'", informa o jornal americano.

"Ele é nostálgico em relação aos generais e torturadores que comandaram o Brasil por 20 anos", diz o texto, em seguida informando que ele será "muito provavelmente eleito presidente do Brasil".

Ao estabelecer a comparação com Trump, o NYT cita como contexto a recessão da economia brasileira, a Operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e impedimento da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), lembrando que o presidente Michel Temer (PMDB) está sob investigação e os altos índices de violência no País. "Os brasileiros estão desesperados por mudança", constata o jornal americano.

O NYT ressalta que "os pontos de vista grosseiros" de Bolsonaro são construídos para soar como "sinceridade". A publicação qualifica a carreira do congressista como "obscura" e diz que ele promete reduzir a taxa-recorde de 175 homicídios por dia registrada ano passado com mão de ferro.

"Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social com liberalismo econômico, apesar de confessar ter um entendimento somente superficial de economia", afirma o texto.

"Soa familiar? Ele é o mais recente integrante da longa fila de populistas que surfaram a onda de descontentamento, frustração e desespero dos mais altos gabinetes de cada um de seus países. Não causa surpresa ele ser descrito frequentemente como o Donald Trump brasileiro."

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 O NYT afirma que o meio ambiente sairá perdendo no governo de Bolsonaro, lembrando que o capitão reformado "prometeu desfazer muitas das proteções às florestas tropicais para abrir mais terras ao poderoso agronegócio do Brasil". O jornal americano cita ainda a popularidade de Lula, a opção do PT em lançar Fernando Haddad para substituir o petista preso na disputa pela Presidência e o "espírito" anti-PT, informando que o ex-prefeito de São Paulo está "muito atrás" nas pesquisas para o segundo turno das eleições 2018.

"A escolha é dos brasileiros. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desilusão conduz os eleitores à distração e abra caminho a populistas agressivos, ofensivos e brutos", conclui o NYT. 
 

 

 

New York Times

Brazil’s Sad Choice

 
Jair Bolsonaro, the blustery hard-right candidate described as “a Brazilian Donald Trump,” appears headed for the presidency.

 
By The Editorial Board

 
The editorial board represents the opinions of the board, its editor and the publisher. It is separate from the newsroom and the Op-Ed section.
 
 
A poster supporting the Brazilian right-wing presidential candidate Jair Bolsonaro.CreditCreditMiguel Schincariol/Agence France-Presse — Getty Images
Jair Bolsonaro is a right-wing Brazilian who holds repulsive views.

He has said that if he had a homosexual son, he’d prefer him dead; that a female colleague in the Parliament was too ugly to rape; that Afro-Brazilians are lazy and fat; that global warming amounts to “greenhouse fables.” He is nostalgic for the generals and torturers who ran Brazil for 20 years. Next Sunday, in the second round of voting, Mr. Bolsonaro will most likely be elected president of Brazil.
 
Behind this frightening prospect is a story that has become alarmingly common among the world’s democracies. Brazil is emerging from its worst-ever recession; a broad investigation called Operation Car Wash has revealed wanton corruption in government; a popular former president, Luiz Inácio Lula da Silva, is in prison for corruption; his successor, Dilma Rousseff, was impeached; her successor, Michel Temer, is under investigation; violent crime is rampant. Brazilians are desperate for change.
 
Against this background, Mr. Bolsonaro’s gross views are construed as candor, his obscure career as a congressman as the promise of an outsider who will clean the stables and his pledge of an iron fist as hope of a reprieve from a record average of 175 homicides a day last year. An evangelical Christian, he preaches a blend of social conservatism and economic liberalism, though he confesses to only a superficial understanding of economics.

Sound familiar? He is the latest in long line of populists who have ridden a wave of discontent, frustration and desperation to the highest office in each of their countries. Not surprisingly, he is often described as a Brazilian Donald Trump.

Should he reach the presidential palace, one loser will be the environment, and specifically the Amazon rain forests, sometimes known as the lungs of the earth for their role in absorbing carbon dioxide. Mr. Bolsonaro has promised to undo many of the protections for the tropical forests to open more lands for Brazil’s powerful agribusiness.

He has raised the prospect of withdrawing from the Paris climate agreement, scrapping the Environment Ministry and stopping the creation of indigenous reserves — all this in a country until recently praised for its leadership on protection of the environment.

It is not only the “beef, Bible and bullet” message that has brought Mr. Bolsonaro to the fore. The popular Mr. da Silva remained a strong contender despite his imprisonment until the Supreme Electoral Court ruled in August that he was ineligible to run. For a substitute, the left-leaning Workers’ Party (P.T.) turned to Fernando Haddad, a former professor, education minister and mayor of São Paulo.

Though Mr. Haddad survived the first round of voting, he has failed to overcome his party’s association with corruption and mismanagement, which has fed something of an “anyone-but-the-P. T.” spirit. Polls show him far behind Mr. Bolsonaro in the second round.
 
The choice is for Brazilians to make. But it is a sad day for democracy when disarray and disappointment drive voters to distraction and open the door to offensive, crude and thuggish populists.

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