Dominó Árabe – Política externa dos EUA não está voltada para Damasco

Scott Wilson / Washington Post

Uma crise na política externa provocou uma reação do presidente Barack Obama. Outra, apenas silêncio. Quando a economia europeia escorregou, ele fez uma teleconferência com os líderes de Alemanha, França e Itália e despachou seu funcionário de mais alto escalão do Tesouro para impedir um colapso que poderia arrastar a economia americana. Mas. depois do massacre de Hula, Obama permaneceu em silêncio.

A reticência do presidente incomodou os que pedem uma resposta internacional mais vigorosa à crise. "Houve um tempo em que o presidente buscava oportunidades para deixar sua marca nos eventos mundiais", disse Jon Alterman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. "Ele está fazendo cada vez menos isso." Apesar da economia ser determinante na campanha presidencial americana, a política externa ainda tem espaço. Por exemplo, a decisão de Obama de produzir um vídeo no aniversário da operação que matou Osama bin Laden é o exemplo mais claro de como ele tem procurado provar sua eficácia.

Quando a violência na Síria aumentou, Obama só mencionou de passagem a situação antes da reunião do G-8, em maio. A Síria mal foi discutida na cúpula da Otan em Chicago, onde a aliança descartou uma intervenção militar, apesar de ter realizado uma na Líbia um ano atrás. Durante a teleconferência com os europeus, Obama conversou sobre a Síria, mas o subsecretário de imprensa, Josh Earnest, disse a jornalistas que "o grosso da conversa foi a zona do euro".

Por enquanto, Obama também descartou armar a oposição síria, argumentando que isso só inflamaria a situação. Ele ajudou a organizar sanções econômicas severas contra Damasco – e criou algumas novas por conta própria tendo como alvo os que usam tecnologia para realizar assassinatos em massa.

Ao contrário, seu adversário, Mitt Romney, tem defendido trabalhar com "parceiros para armar a oposição". "A falta de liderança do presidente resultou em uma paralisia que assistiu a (o presidente sírio Bashar) Assad massacrar 10 mil indivíduos", disse Romney. Obama continua a ter esperanças de que um plano montado pelo ex-secretário-geral das ONU, Kofi Annan, inicie uma transição que tire Assad do poder.

"Ele está horrorizado", disse Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca. Obama deixou alguns dos pronunciamentos sobre a Síria para seus principais consultores. A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, falaram contra a violência nos últimos dias e ambas culparam a Rússia por impedir uma ação internacional contra Assad. Foi também Hillary – e não Obama – quem condenou a matança de Hula. Em seguida, o governo expulsou diplomatas sírios de Washington, mas os assassinatos em massa continuaram.

TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

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