Rússia e China reafirmam oposição à intervenção militar na Síria

Rússia reitera que vetará intervenções militares na Síria

A Rússia vetará qualquer iniciativa destinada a uma intervenção militar estrangeira na Síria que seja levada ao Conselho de Segurança da ONU, assegurou nesta quarta-feira o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Gennady Gatilov.

"Sempre dissemos que estamos categoricamente contra qualquer ingerência no conflito sírio, porque isso só agravaria a situação e teria consequências imprevisíveis tanto para a Síria como para toda a região", declarou Gatilov.

O diplomata russo respondeu assim ao novo presidente francês, François Hollande, que não exclui a possibilidade de uma intervenção armada na Síria para pôr fim à repressão do regime de Bashar al-Assad.

Gatilov também apontou que seria precipitado convocar uma reunião do Conselho de Segurança para adotar novas sanções contra o regime de Assad, tal qual propôs o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle.

"A aprovação de novas medidas de pressão seria precipitada neste momento. É preciso dar uma oportunidade à realização do plano de paz de Kofi Annan e é importante que todos os jogadores externos, incluídos nossos parceiros ocidentais, exerçam influência de maneira oportuna sobre a oposição (síria)", manifestou Gatilov.

Moscou acredita na declaração para a imprensa aprovada pela sessão urgente do Conselho de Segurança, que se reuniu após o massacre na localidade de Al Houla, na última sexta-feira, no qual foram assassinados mais de 100 civis.

"A declaração para a imprensa do presidente do Conselho de Segurança sobre os trágicos fatos de Al Houla foi um sinal suficientemente forte para as partes sírias e é uma reação suficiente do Conselho aos últimos eventos neste país", indicou Gatilov.

O vice-ministro da Chancelaria russa manifestou que a comunidade internacional deve estudar a aplicação de novos mecanismos de controle para garantir o cumprimento do plano de regulação do conflito do enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, em vigor desde 12 de abril.

"É possível que seja necessário analisar mais uma vez como colaboram os observadores da ONU e pensar em um mecanismo adicional para implementar o plano de Annan", disse Gatilov.

China reafirma oposição à intervenção militar na Síria

A China reiterou nesta quarta-feira sua oposição a uma intervenção militar na Síria e deu novamente apoio à mediação do enviado internacional Kofi Annan, em meio à indignação global pelo massacre de 108 pessoas, incluindo dezenas de crianças, numa cidade síria.

"A China se opõe à intervenção militar e não apoia uma mudança forçada de regime", disse Liu Weimin, porta-voz da chancelaria chinesa. "A rota fundamental para resolver (a crise) ainda é que todos os lados apoiam totalmente os esforços de mediação feitos por Annan." Sobre o massacre, Liu disse que "a China acredita que deveria haver um minucioso inquérito, e que os assassinos sejam levados à Justiça".

O chefe dos observadores da ONU na Síria disse que o massacre na localidade de Hula parece ter sido cometido por milícias pró-governo, o que aumentou a pressão sobre os governos ocidentais por uma intervenção. Governos árabes e ocidentais contrários ao regime de Bashar al-Assad atribuíram as mortes integralmente ao governo, que rejeitou a acusação e apontou militantes islâmicos como responsáveis pelo massacre, um dos piores incidentes em 14 meses de rebelião contra Assad.

Na terça-feira, o presidente da França, François Hollande, disse que uma intervenção militar não poderia ser descartada se tiver o apoio do Conselho de Segurança da ONU. A China e a Rússia, porém, já vetaram duas resoluções do Conselho que imporiam medidas duras contra Assad.

O vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, disse na quarta-feira à agência de notícias Interfax que seria prematuro considerar novas medidas no âmbito do Conselho.

A China tem repetidamente expressado a tese de que uma intervenção internacional agravaria a situação síria. O popular tabloide Global Times, publicado pelo Partido Comunista, disse em editorial que "metade da população síria permanece leal a Assad, e erradicar esse apoio será causar uma dor inenarrável ao povo sírio".

"O Ocidente não deve esperar a cooperação da China e da Rússia se insistir em ditar seus próprios valores e padrões ao mundo de qualquer maneira. Ao invés disso, irá encontrar a China e a Rússia no seu caminho", disse o editorial.

com agências: EFE/Reuters

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