Hollande assume presidência com promessas de união e mudança na Europa

O socialista François Hollande assumiu nesta terça-feira a presidência da França com a promessa de reconciliar seus concidadãos e defender na Europa um novo pacto orçamentário que inclua medidas para estimular a economia.

O novo chefe do Estado francês terá a oportunidade de debater suas propostas com a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta mesma tarde em Berlim, para onde se deslocará logo após anunciar o nome de seu primeiro-ministro.

A cerimônia de posse começou às 10h locais (5h de Brasília), mas Hollande não foi oficialmente investido até 45 minutos mais tarde, quando o presidente do Conselho Constitucional, Jean-Louis Debré, anunciou a transferência de poderes.

"A partir deste momento o senhor encarna a França, simboliza a República e seus valores e representa o conjunto de franceses", lhe disse Debre em cerimônia sóbria, e na qual ao contrário da de seu antecessor, Nicolas Sarkozy, em 2007, não estiveram presentes seus filhos.

Suas primeiras palavras como presidente foram dirigidas à necessidade de reconciliar a nação e à constatação que a situação herdada não é fácil, com "uma dívida em massa, um crescimento débil, um desemprego elevado, uma competitividade degradada e uma Europa com dificuldades para sair da crise".

Uma situação referendada hoje pelos dados do Instituto Nacional de Estatística (INSEE), segundo os quais a economia estagnou no primeiro trimestre, depois que em 2011 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,7%.

Além de endireitar as contas públicas, Hollande disse estar consciente também de que a Europa "espera e olha" para a França e, conforme o expressado na campanha, ressaltou que para superar a crise o continente precisa de "crescimento e solidariedade".

Para o novo chefe do Estado, de 57 anos, o pacto orçamentário que proporá a seus sócios da eurozona unirá a necessária redução do gasto público com "a indispensável estimulação da economia", uma aposta sobre a qual Merkel se mostra reticente.

Hollande, condecorado com a Grã-Cruz da Legião de Honra em um dos salões do Palácio do Eliseu, salientou ainda que "a justiça será o único critério sobre o qual tomará cada decisão pública" durante seu mandato.

Pouco antes, Sarkozy e sua mulher, Carla Bruni, haviam deixado o Eliseu percorrendo a pé o mesmo tapete vermelho pelo qual nesta manhã entrou o socialista, em um ato carregado de simbolismo e que encerra definitivamente o ciclo anterior.

O novo presidente sabe que já não pode esperar ser tratado com condescendência por parte da imprensa, e não lhe faltarão oportunidades nesta mesma semana para demonstrar se está à altura das expectativas que suscitou.

Após essa viagem a Berlim pouco após anunciar o nome do novo primeiro-ministro, que se não houver surpresas será o até agora chefe dos deputados socialistas, Jean-Marc Ayrault, na quarta-feira chegará a formação do Executivo, que deverá ser paritário.

Além disso, em nível internacional, terá também a partir da sexta-feira uma nova prova de fogo, com uma viagem aos Estados Unidos para reunir-se com seu colega, Barack Obama, e participar sucessivamente das cúpulas do G8 e da Otan.

"O poder na cúpula do Estado será exercido com dignidade, mas com simplicidade, com grande ambição para nosso país, mas com sobriedade em seu comportamento", prometeu Hollande, mantendo a intenção de tomar distância da figura de Sarkozy.

O presidente em fim de mandato, aplaudido na sua saída do Eliseu, anunciou na noite de sua derrota sua intenção de abandonar a política, e segundo a imprensa local, é provável que após tirar férias se dedique à advocacia.

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