Sanções ocidentais ao regime sírio têm surtido pouco efeito

Nesta terça-feira (15/11) passa a vigorar a proibição da compra de petróleo sírio pelos países da União Europeia (UE). A decisão tomada no início de setembro passou a valer apenas agora porque a Itália havia defendido que os contratos já existentes fossem respeitados.

Além disso, nesta segunda-feira a União Europeia definiu uma nova rodada de sanções contra o regime sírio. Mais 18 representantes do governo em Damasco estão proibidos de entrar na UE, e as contas bancárias deles no continente europeu foram congeladas. Medidas semelhantes já haviam sido impostas a outros 56 membros do regime, incluindo o presidente Bashar al Assad.

Acostumados com sanções

A imposição de sanções não é novidade para a Síria. O regime convive com esse tipo de restrição há mais de 30 anos. Já em 1979 os Estados Unidos declararam o regime de Hafez al Assad, pai de Bashar al Assad, um apoiador do terrorismo internacional, o que serviu de motivação para a imposição do primeiro pacote de sanções.

A partir daí uma nova rodada de sanções era definida de tempos em tempos. A mais severa foi imposta há oito anos, quando Bashar al Assad foi considerado apoiador de grupos resistentes à presença norte-americana no Iraque. Os Estados Unidos proibiram investimentos e exportações. O governo sírio protestou e manifestantes foram às ruas. Muito mais não aconteceu.

A Síria já sofreu imposição de muitas sanções, mas elas surtiram pouco efeito. A cada crise, as empresas sírias transferem seus dinheiro para o Líbano e passam a fazer seus negócios a partir do país vizinho.

Caminhos de contrabando entre os dois países sempre existiram, mesmo depois de o Exército sírio ter se retirado do Líbano, depois do atentado que matou o ex-chefe de Estado libanês Rafik Hariri, em 2005.

As relações entre o Líbano e a Síria podem ter sido problemáticas no passado, mas elas evoluíram e são muito diversificadas – também no nível econômico.

Rússia e China

Além disso, o governo em Damasco sempre soube compensar a pressão ocidental apostando nos seus aliados orientais. A Cortina de Ferro já não existe, mas a Rússia continua sendo um parceiro confiável na briga com os Estados Unidos e a União Europeia. E, nos últimos anos, há ainda a China.

Para o ministro sírio do exterior, Walid Muallen, o mais recente pacote de sanções imposto à Síria não vai influenciar as posições da Rússia e da China em relação a seu país. "Estamos constantemente em diálogo e temos muitos encontros."

É nesses dois aliados que a Síria novamente aposta, desta vez para compensar a proibição europeia da compra de petróleo. Cerca de 90% do petróleo sírio tem como destino países da UE.

Muallen declarou não temer o bloqueio porque o embargo poderia ser compensado com as vendas de petróleo à Rússia e à China. Pequim, porém, já deixou claro que somente se interessa pelo óleo sírio se houver um desconto considerável no preço. E a Rússia, ela própria exportadora de energia, até agora não demonstrou interesse.

Autor: Björn Blaschke (br)
Revisão: Alexandre Schossler

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