Al-Qaeda no Iraque pede volta de ex-combatentes

O braço iraquiano da Al-Qaeda pediu aos membros milicianos sunitas que se voltaram contra a insurgência e se uniram às forças americanas e ao governo liderado por xiitas para que retornem aos seus postos, ameaçando atacar aqueles que não "se arrependerem".

Em um discurso de áudio de uma hora, um porta-voz do Estado Islâmico do Iraque (ISI, na sigla em inglês), Abu Mohammed al-Adnani, disse que o grupo estava ganhando força "apesar de todas as dificuldades e desafios" e ainda estava treinando e abrigando combatentes estrangeiros, segundo o grupo de inteligência SITE, sediado nos Estados Unidos, na noite de segunda-feira.

"Quanto a vocês, do satânico Despertar, buscamos guiá-los mais do que vocês buscam nos matar? Se vocês vierem com arrependimento, aceitaremos sua penitência mesmo se vocês mataram um milhão de pessoas", disse Adnani, segundo o SITE.

"Não fiquem no caminho entre nós e (os xiitas). Não ficaremos entediados ou cansados; continuaremos até o Dia do Juízo Final, e mataremos entre vocês apenas aqueles que considerarmos que nunca irão retornar."

A milícia Sahwa, ou o Conselho do Despertar, composto de ex-insurgentes que se voltaram contra a Al-Qaeda e ajudaram a mudar o curso da guerra do Iraque, foi formada no final de 2006, principalmente por xeques sunitas, com a ajuda do Exército norte-americano durante a onda de violência sectária que deixou dezenas de milhares de mortos.

A integração de ex-combatentes da Sahwa ao governo é considerada chave para a estabilização do Iraque, oito anos depois da invasão liderada pelos EUA que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein e antes da retirada total das tropas americanas do país até o final deste ano.

A Sahwa está cada vez mais preocupada com o novo governo sunita que não está cumprindo com a promessa de contratá-los. Dois anos atrás, o Pentágono criticou o ritmo lento da integração, afirmando que o fracasso em contratar combatentes Sahwa poderia colocar em risco as conquistas na área da segurança.

Membros desempregados da Sahwa poderiam retornar a uma insurgência enfraquecida mas ainda perigosa, que realiza dezenas de ataques a cada mês.

Enquanto a violência geral caiu desde o auge dos confrontos sectários entre 2006 e 2007, explosões e outros ataques acontecem diariamente no país, com grandes ataques ocasionais matando dezenas de pessoas. Os membros da Sahwa são alvo frequentes dos ataques.

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