Rússia acusa OTAN de usar incidente na Turquia para distorcer papel na Síria

O enviado russo na Otan disse nesta terça-feira que acredita que a aliança militar está usando a incursão acidental de um avião russo sobre espaço aéreo turco para distorcer os objetivos da campanha aérea da Rússia na Síria, de acordo com a agência de notícias Tass.

"A impressão é que o incidente no espaço aéreo turco foi usado para mostrar a Otan como uma organização dentro da campanha de informação usada pelo Ocidente para distorcer os objetivos das operações realizadas pela Força Aérea russa na Síria", disse Alexander Grushko, enviado russo na Otan, a repórteres em Bruxelas, segundo a agência.

OTAN duvida que Rússia tenha entrado por engano no espaço aéreo turco

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse nesta terça-feira duvidar da explicação do governo russo de que foi por erro que violou no fim de semana o espaço aéreo da Turquia, país membro da Otan, perto da Síria, e fez um chamado à Rússia para que não repita essas incursões.

Depois da inesperada iniciativa da Rússia de lançar ataques aéreos na Síria, posta em prática na semana passada, Stoltenberg disse que a Otan também obteve relatos de um substancial acúmulo militar russo no país, incluindo tropas terrestres e navios na costa síria, no Mediterrâneo.

"Não vou especular sobre os motivos, mas esse não parece ser um acidente, e vimos dois deles", disse Stoltenberg sobre as incursões aéreas na região de Hatay. Ele observou que "durou por muito tempo".

Os incidentes, que a Otan descreveu como "extremamente perigosos" e "inaceitáveis", evidenciam os riscos de uma escalada internacional da guerra civil síria, já que aviões russos e norte-americanas realizam missões de combate no mesmo país pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial .
 

Rebeldes da Síria pedem aliança regional contra Rússia e Irã

Mais de 40 grupos insurgentes sírios, incluindo a influente facção islâmica Ahrar al-Sham, pediram a países da região que formem uma aliança contra a Rússia e o Irã na guerra síria, acusando Moscou de ocupar a Síria e vitimar civis.

Os insurgentes, entre eles grupos rebeldes sob o comando do Exército Sírio Livre, disseram que tal cooperação regional é necessária para se contrapor à “aliança russo-iraniana ocupando a Síria”.

Na semana passada, caças russos baseados no leste sírio realizaram ataques contra alvos que Moscou identificou como bases do grupo radical Estado Islâmico, mas que os adversários do presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmam ter atingido de forma desproporcional insurgentes rivais que têm apoio estrangeiro.

O comunicado conjunto dos rebeldes criticou o que descreveu como “agressão militar russa na Síria e a ocupação descarada do país”, além dos ataques aéreos visando civis no interior da cidade de Homs, no oeste da Síria.

“Civis vêm sendo atingidos diretamente de uma maneira que nos lembra a política de terra arrasada levada a cabo pela Rússia em guerras passadas”, afirma a declaração, sem dar maiores detalhes.

O texto, enviado à Reuters pelo Ahrar al-Sham, não mencionou a que Estados regionais os rebeldes estavam se dirigindo, mas Turquia, Arábia Saudita e Catar vêm apoiando a insurgência contra Assad.

Os 41 grupos que assinaram o comunicado não incluem o Estado Islâmico nem a Frente Al-Nusra, braço da Al Qaeda na Síria que forma uma coalizão insurgente com o Ahrar al-Sham e que capturou a maior parte da província de Idlib, no noroeste sírio.

 

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