Putin reforma doutrina marítima militar com ênfase no Atlântico e no Ártico

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu seu sinal verde neste domingo a uma série de mudanças na doutrina marítima militar do país, que prevê reforçar a presença de embarcações no Atlântico, no Ártico e no Mediterrâneo.

"O presidente comunicou hoje que aprovou a doutrina marítima", disse o vice-primeiro-ministro Dmitri Rogozin, responsável pelo setor industrial militar russo, durante os atos realizados na cidade de Baltiysk, no enclave de Kaliningrado, por ocasião do Dia da Marinha da Rússia, lembrado neste domingo.

A remodelada doutrina marítima "põe especial ênfase nas regiões do Atlântico e do Ártico", declarou Rogozin, acrescentando que as mudanças estão motivadas pela "reunificação da Rússia com a Crimeia" e, em geral, pela nova "situação política internacional".

A atenção dada ao Atlântico se deve "à ampliação da Otan para o leste e a criação pela Aliança de infraestruturas perto de nossas fronteiras", afirmou Rogozin, no que parece uma alusão ao escudo antimísseis americano e às intenções de Washington de desdobrar tropas encouraçadas no leste da Europa.
O vice-primeiro-ministro também ressaltou que, após a anexação da Crimeia, onde tem seu porto-base a frota russa do Mar Negro, a marinha russa tentará restabelecer e reforçar suas posições estratégicas nessa região marítima, a cuja estabilidade também outorga especial importância.

Putin disse hoje em Baltiysk, posto-base da frota russa do Mar Báltico, que o país deve conservar seu status de potência marítima para garantir sua capacidade defensiva e defender seus interesses no mundo todo.

O comandante supremo das forças armadas da Rússia lembrou que o ambicioso plano de rearmamento iniciado no começo desta década, dotado de um orçamento de US$ 700 bilhões, tem a intenção, entre outras coisas, de renovar a frota de guerra do país com navios e submarinos de última geração.

As quatro frotas militares do país (Báltico, Mar Negro, Norte e Pacífico) receberão 50 embarcações antes do final deste ano, entre elas dez navios de guerra, segundo um comunicado emitido hoje pelo Ministério da Defesa russo.

"Daremos especial atenção à manutenção em um nível adequado das forças marítimas nucleares. Seu desenvolvimento continua no marco de dois grupos de cruzeiros submarinos nucleares para as frotas do Norte e do Pacífico", ressaltou o comunicado.

O plano de rearmamento integral das forças armadas russas orçado até o ano de 2020 prevê adquirir prioritariamente submarinos nucleares, aviação estratégica e mísseis intercontinentais.

A modernização do exército coincide com um dos piores momentos históricos nas relações entre a Rússia e o Ocidente, sem precedentes desde a Guerra Fria, pelo papel de Moscou na crise da Ucrânia.
Moscou aumentou sensivelmente o número de testes de suas armas nucleares e de manobras militares tanto nas fronteiras com a União Europeia como em outras regiões do país.

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