Crise entre Ucrânia e Rússia assume debate central antes de cúpula do G20

A cúpula do G20 na Austrália que começará no sábado está se moldando para ser um confronto entre líderes ocidentais e o presidente russo, Vladimir Putin, após relatos de novas incursões de tropas da Rússia no leste da Ucrânia.

A Ucrânia acusa a Rússia de enviar soldados e armas para ajudar rebeldes separatistas no leste do país, depois de Kiev ter lançado uma nova ofensiva em um conflito que já matou mais de 4.000 pessoas.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou as ações da Rússia como inaceitáveis nesta sexta-feira, alertando que poderiam resultar em maiores sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.

“Ainda espero que os russos vejam o bom senso e reconheçam que devem permitir que a Ucrânia se desenvolva como um país livre e independente, livre para fazer suas escolhas”, disse Cameron a repórteres em Canberra, capital australiana. 

“Se a Rússia adotar uma abordagem positiva em relação à liberdade da Ucrânia, veremos essas sanções sendo removidas, e se a Rússia continuar a piorar os problemas, então podemos ver essas sanções aumentadas. É simples assim."

A Rússia nega enviar tropas e tanques para a Ucrânia. 

Mas o aumento na violência, violações de cessar-fogo e relatos de entrada de comboios armados sem identificação vindos da direção da fronteira russa aumentaram os temores de que a trégua concordada em 5 de setembro possa ruir.

A cúpula dos líderes do G20 em Brisbane está focada em aumentar o crescimento econômico mundial, blindar o sistema bancário global e fechar buracos fiscais para multinacionais gigantes.

No entanto, com grande parte da agenda econômica já acertada e um acordo de mudanças climáticas assinado na semana passada em Pequim entre os EUA e a China, as preocupações de segurança assumiram o debate central do encontro.

A Ucrânia não foi o foco durante as duas cúpulas na Ásia na semana passada, disse o vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, embora o presidente Barack Obama tenha levantado o tema brevemente com Putin quando ambos se encontraram no fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), realizado na China. 

Obama chega a Brisbane no sábado e discutirá sua frustração sobre a Ucrânia com um grupo que inclui a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e também Cameron. 

Houve alguns pedidos na Austrália para barrar a participação de Putin na cúpula por conta das ações da Moscou na Ucrânia e pela derrubada do avião da Malaysia Airlines por rebeldes pró-Rússia, mas o consenso geral foi contra essa medida.

Relatos da imprensa dão conta que um comboio de navios de guerra russos chegou no começo desta semana a águas internacionais ao norte de Brisbane, onde será o evento. 

O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, disse ser incomum, mas não sem precedentes, que um navio russo se aventure tão ao sul. 

“Não esqueçamos que a Rússia tem sido mais assertiva militarmente nos últimos tempos”, disse ele na quinta-feira, “Estamos vendo, lamentavelmente, uma grande assertividade russa agora na Ucrânia.”

Merkel, falando a repórteres em Auckland, na Nova Zelândia, rejeitou quaisquer ameaças representadas pelos navios de guerra, mas juntou-se coro de líderes ocidentais contra Putin antes de sua chegada a Brisbane prevista para sexta-feira à noite.  

“O que me preocupa mais é que a integridade territorial da Ucrânia está sendo violada e que o acordo de Minsk não está sendo seguido”, disse ela, referindo-se ao acordo de trégua.

Sanções à Rússia

Putin disse também à agência estatal de notícias Tass, em entrevista antes de uma cúpula do G20 na Austrália, que as reservas da Rússia são grandes o suficiente para lidar com qualquer nova crise.

Putin afirmou ainda não descartar que a principal petrolífera russa, a Rosneft, receba dinheiro do Fundo Nacional de Previdência, mas disse que é preciso realizar uma análise completa das necessidades da empresa.

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