Estados Unidos lançam ataque aéreo contra rebeldes no Iraque

Os Estados Unidos realizaram nesta sexta-feira um ataque aéreo contra rebeldes do Estado Islâmico (EI), no norte do Iraque. O Pentágono afirmou que caças americanos dispararam contra artilharias que estavam sendo usadas contra as forças curdas que defendem a cidade de Irbil.

O grupo muçulmano sunita Estado Islâmico (antigamente conhecido pela sigla ISIS, em inglês) controla grandes áreas do Iraque e da Síria.

Centenas de milhares de pessoas já deixaram suas casas devido ao avanço dos militantes islâmicos. Os EUA confirmaram que o EI controla, por exemplo, a maior represa do Iraque.

Segundo o governo americano, a represa é uma peça importante na infraestrutura do Iraque, uma vez que a partir dela é possível controlar os níveis do Rio Tigre. Além disso, a barragem é uma fonte importante de água e de eletricidade para os iraquianos.

De acordo com o comunicado divulgado pelo Pentágono, dois caças F/A-18 saíram de um porta-aviões no Golfo e lançaram bombas em artilharias móveis próximas de Irbil, onde os Estados Unidos possuem uma base.

O ataque aéreo foi a primeira operação militar coordenada pelos Estados Unidos desde a retirada das tropas americanas do país, em 2011.

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que o mundo precisa "acordar" para a ameaça do EI. Segundo Kerry, "a campanha de terror contra inocentes, incluindo minorias Yazidi e cristãs, e seus atos de violência grotescos mostram alertas preocupantes de genocídio".

Insurgentes ligados ao EI tomaram o controle de Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, no começo dessa semana, provocando uma fuga em massa.

O avanço dos militantes também forçou centenas de milhares de Yazidis a abandonar suas casas e fugir em direção às montanhas.

Em pronunciamento na Casa Branca na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o país estaria "chegando para ajudar" as pessoas do Iraque. Ele acusou os rebeldes iraquianos de tentar a destruição sistemática de populações inteiras.

Ao mesmo tempo, Obama anunciou que aviões militares dos Estados Unidos também lançaram alimentos e água, a pedido do governo do Iraque, para desabrigados Yazidis.

A Grã-Bretanha e a França também prometeram ajuda humanitária. Só os britânicos devem enviar 8 milhões de libras (cerca de R$ 30 milhões) em mantimentos ao país.

As Nações Unidas informaram que estão trabalhando na abertura de um corredor humanitário no norte do Iraque para permitir a fuga de iraquianos vítimas de perseguição.
 

O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Iraque, Marzio Babille, afirmou que os Yazidis estão em uma situação extremamente precária dada a "agressividade e a brutalidade" dos militantes do EI.

Babille afirmou que havia "muitas dificuldades estratégicas e logísticas", mas acrescentou que o corredor humanitário precisava ser estabelecido.

Por causa da crise do Iraque, todas as companhias aéreas americanas e outras empresas de avião comercial internacionais informaram que não vão sobrevoar o espaço aéreo do país.

Pressão política

Em junho, quando o EI tomou o controle de Mosul, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, pediu a ajuda dos Estados Unidos para conter o avanço dos insurgentes – mas Washington não quis intervir.

Analistas afirmam que a ascensão dos rebeldes islâmicos, junto com o fracasso na formação de um novo governo após as eleições de abril, tenha precipitado a decisão de Obama.

Maliki tem sido pressionado por lideranças dos curdos, sunitas e até xiitas para renunciar devido à maneira como vem lidando com a crise no país.

Mas, como líder do bloco que ganhou o maior número de assentos nas eleições parlamentares de abril, Maliki reivindicou o direito de formar um novo governo de coalizão.

Fontes iraquianas sugerem que o premiê foi forçado a oferecer garantias de que renunciaria em troca da ajuda militar dos Estados Unidos.

 

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