Obama define hoje saída do Afeganistão

ANDREA MURTA

Pressionado pela fadiga do público, por exigências de políticos e pelo calendário eleitoral, o presidente Barack Obama deverá fazer na noite de hoje um anúncio crucial sobre o cronograma de retirada de forças dos EUA da guerra do Afeganistão.

A expectativa é de um prazo de 12 a 18 meses para a retirada dos 30 mil soldados extras que ele enviou ao país no fim de 2009. Há hoje cerca de 100 mil soldados americanos no Afeganistão.

A ideia de começar a retirada em julho de 2011 é conhecida desde que as tropas extras foram enviadas. Mas o plano exato para como fazer isso seguia envolto em mistério ontem, com a Casa Branca dizendo que o presidente ainda não havia finalizado sua decisão.

Há pressão política para acelerar a retirada. Um grupo de senadores enviou recentemente carta a Obama pedindo cronograma rápido para a saída de todas as forças de combate regulares.

Já o Pentágono quer uma saída mais gradual, principalmente das forças de combate. Deixariam o Afeganistão apenas 5.000 soldados neste ano. No começo de 2012 sairiam outros 5.000, e os 20 mil restantes só em 18 meses.

Porém mesmo o secretário da Defesa, Robert Gates -que será substituído por Leon Panetta, aprovado ontem pelo Senado-, disse que é preciso considerar a fadiga com a guerra verificada entre a população norte-americana.

Pesquisa do instituto Pew divulgada ontem mostra que 56% dos americanos, percentual recorde, querem a retirada "o mais rápido possível".

O número aumentou dramaticamente após a morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, em 1º de maio -antes disso, era de 48%. Uma opção que está sendo considerada é anunciar uma data final para a saída de todos os 30 mil soldados extras em algum momento de 2012, mas deixar o cronograma exato das reduções de presença no Afeganistão para os militares.

Mesmo depois que os 30 mil saírem, ainda restarão aproximadamente 68 mil soldados em campo.

Quando o democrata chegou ao poder, o número era próximo da metade disso, mas ele quis transferir o foco do Iraque para o Afeganistão. A operação nesse último país passou a ser conhecida como "a guerra de Obama".

Sempre se acreditou, porém, que ele pretendia encerrar a maior parte dos combates nos dois países antes de tentar a reeleição em 2012.

Sob todas essas demandas, o Pentágono admitiu que está negociando com radicais islâmicos do Taleban para facilitar a saída.

LÍBIA
Enquanto se discutia a retirada do Afeganistão, o Congresso norte-americano também voltou atenções ontem para a Líbia.

Os senadores John McCain (republicano) e John Kerry (democrata) entraram com resolução pedindo aprovação para uso da força dos EUA no país por um ano.

A Casa Branca vem sendo criticada por congressistas por seguir com a operação sem essa autorização.
 

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