A Rússia propõe intensificar a influência do grupo BRICS

A Rússia propõe intensificar a influência global do clube informal BRICS, do qual fazem parte também o Brasil, a Índia, a China e a República Sul-Africana. As iniciativas foram formuladas no informe de peritos russos, preparado por ocasião da cúpula do BRICS a realizar-se nos dias 26 e 27 de março na cidade sul-africana de Durban.

Os peritos acham que é preciso criar o secretariado permanente de BRICS – inicialmente em forma virtual e, mais tarde, na qualidade de um órgão de pleno formato. No ano passado a Índia propôs criar um Banco de Desenvolvimento. O informe desenvolve esta iniciativa, propondo estabelecer o quartel-general do banco em Moscou. Propõem-se também estabelecer que o volume do seu capital social será igual a 50 bilhões de dólares.

Na cúpula de Nova Deli, realizada na primavera do ano passado, foi decidido que nos ajustes de contas comerciais e outras entre os parceiros em vez de dólares seriam utilizadas moedas nacionais. Em vista disso os peritos russos propõem criar o Banco de Ajustes Internacionais a fim de pôr a salvo as economias dos países-membros do grupo BRICS das vacilações bruscas do dólar e das chamadas “guerras monetárias”. Foi formulada também mais uma iniciativa – no quadro da segunda onda da crise financeira global formar um fundo anticrise especial no valor de 240 bilhões de dólares.

A essência de ambas as iniciativas russas é a consolidação da integração, afirma Andrei Volodin, perito da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa.

"A integração econômica dos países-membros do BRICS hoje é evidentemente insuficiente e cede muito ao modelo que existia na Comunidade Econômica Europeia. Na minha opinião, este modelo era perfeito. Mais tarde esta comunidade ampliou-se até os limites da União Europeia. O BRICS também quer atingir o mesmo grau de integração."

Os peritos russos propõem completar a integração na economia pela solução conjunta de problemas na esfera de segurança, o que se deve, em particular, à difusão de armas de extermínio em massa, cibercriminalidade, tráfico de drogas e pirataria. A fim de elevar o potencial humanitário e intercivilizacional do grupo, foi proposto admitir no BRICS um país islâmico, por exemplo, a Indonésia ou a Turquia.

No informe de peritos chama-se a atenção para as contradições dentro do grupo BRICS. Os autores do informe qualificam de minas de ação retardada os litígios territoriais entre a China e a Índia, a competição em busca de matérias-primas, as contradições comerciais e diversos enfoques para com a alteração do clima. Aliás, os autores do informe não duvidam – Moscou é capaz de “desativar” estas minas. Graças ao seu prestígio a Rússia está em condições de estimular os seus parceiros no BRICS a superar os atritos, diz o co-presidente do Conselho de Estratégia Nacional Iosif Diskin, concordando com a opinião dos autores do informe.

"A Rússia enfrenta o requerimento por parte dos seus parceiros de adotar uma posição ativa na economia e na política internacional, e de empreender certas ações criadoras. O problema atual é a medida em que as suas propostas irão corresponder à demanda tendo como pano de fundo a possibilidade absolutamente única de multiplicar a sua influência econômica e política."

Os peritos apontam que o Ocidente encara BRICS como o seu competidor geopolítico e por isso procura impedir o “quinteto” de “fincar o pé” no palco mundial. O documento preparado pelos peritos russos para o governo visa precisamente impedir este desenrolar de acontecimentos. Ele vai constituir a base da estratégia nacional da Rússia no quadro do BRICS.

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