Ágata 5: Presença militar na fronteira reduz criminalidade

A presença de tropas das Forças Armadas numa área de 3,9 mil km de fronteira do Brasil com o Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia, reduziu significativamente as apreensões de drogas, contrabando e descaminho de produtos. Isso decorre em função da Operação Ágata 5, deflagrada no começo da semana, e que até o momento vem inibindo as quadrilhas de criminosos que agiam na região.

Como parte do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), criado em 8 de junho de 2011, por meio de decreto da presidenta Dilma Rousseff, a operação tem por finalidade assegurar a presença do Estado numa área de fronteira de 16,8 mil quilômetros, do Chuí (RS) ao Oiapoque (AP). O decreto atribui ao Ministério da Defesa (MD)  a execução da operação que, no âmbito do MD,  conta com as diretrizes do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).

Na linha de frente, 17 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, com apoio de oito ministérios e 25 agências reguladoras ou organismos federais, estaduais e municipais dão dinamismo à operação.  Além disso, as Forças Armadas trouxeram para a região aviões Super Tucano, helicópteros, radares, navios-patrulha, lanchas, blindados e armamento que permitem, por exemplo, enfrentar desde situações mais corriqueiras até mesmo destruição de pistas sem autorização ou localização de refinarias de entorpecente.

Barreiras nas rodovias e estradas vicinais

Empresário do setor naval, Gerônimo Evangelista, 71 anos, conhece muito bem as chamadas cabriteiras ou estrada vicinal que cortam a fronteira do Brasil com a Bolívia, no município de Corumbá. Há quatro anos, ele sentiu na pele os perigos que rondam a região. Ao volante da caminhonete D20, Gerônimo passou por momentos de perigo ao ser perseguido por ladrões que queriam o veículo.

No final da manhã desta sexta-feira (11), o empresário recordava o momento de terror que viveu ao ser parado numa barreira montada pela 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira na estrada de Jacadigo, perto de Puerto Suarez, capital da província Germán Busch no departamento Santa Cruz, na Bolívia, com uma população aproximada de 22 mil habitantes. Carros roubados na região seguem para o país vizinho.

“Isso aqui é muito bom. Dá mais segurança à população. Há quatro anos tentaram me assaltar, mas consegui fugir. Fui mais ligeiro que os ladrões. Essa área de fronteira é muito violenta e, por este motivo, acho importante as barreiras montadas pelo Exército”, avaliou Gerônimo.

A cabriteira fica entre o posto da Receita Federal e a via que dá acesso à Bolívia. De chão batido, ela é uma referência para os motoristas da região, mas também serve como rota de fuga da fiscalização. A estrada tem 32 quilômetros de extensão e acaba exatamente no ponto onde está localizada a válvula de compressão do gasoduto Brasil-Bolívia.

Do outro lado de Corumbá, na localidade de Lampião Aceso, os militares fizeram outra barreira. Desta vez a fiscalização se posicionou na BR 262 que dá acesso a Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Sob o comando do tenente Erick Luiz Panini, os soldados atuavam na vistoria de ônibus, caminhões, carros de turismo que passam rumo a capital sulmatogrossense procedente da Bolívia.

Na tarde de quinta-feira (10), o tenente Panini determinou que um ônibus de turismo boliviano parasse no posto de fiscalização. As bagagens foram retiradas com o apoio de funcionários da Secretaria de Fazenda do Estado e da Polícia Militar. A medida em que eram colocadas no chão, o militar solicitava ao motorista que chamasse o passageiro para acompanhar o procedimento.

“É preciso bastante atenção. No começo da operação encontramos uma determinada quantidade de folha de coca. Mesmo não estando na forma de cocaína, o material foi apreendido”, afirmou o tenente.

Atendimento no navio

Moradores das imediações da Codrasa, bairro da periferia de Corumbá, acordaram mais cedo para ir à margem do rio Paraguai. Ancorado nas proximidades, o navio de assistência hospitalar Tenente Maximiano começou a receber homens e mulheres, adultos ou crianças, para o atendimento médico e odontológico. Nas horas em que permaneceu na localidade, a embarcação transformou-se no centro das atenções dos riberinhos.

“Tenho problema de pressão alta, moço. Além disso, sinto dor nas costas. No posto mandaram  fazer a tal da fisioterapia, mas não tem jeito”, contou Irani Maria de Jesus Pinto, 66 anos, com o neto Ícaro, três meses, no colo. Dona Irani passava pela triagem médica enquanto a filha Roseane de Jesus Pinto e a neta Juliana de Jesus Viana eram submetidas a procedimentos odontológicos.

A Codrasa era um dos pontos de parada do Tenente Maximiano que até o dia 18 de agosto deve percorrer a região para realizar ações cívico-sociais (Aciso), outro foco da Operação Ágata 5. Se para os moradores havia motivo de orgulho, para o comandante do navio hospitalar, capitão Marcelo Nascimento, operação o deixou bastante emocionado.

“É a primeira vez que comando a Aciso. Fico muito feliz em poder levar à região atendimento médico e odontológico. Vejo isso no rosto das pessoas que aqui são muito carentes”, disse.

Nos primeiros dias, Nascimento recebeu a bordo do navio pessoas carentes que fizeram 62 consultas médicas e 39 consultas odontológicas. Mais de 3 mil medicamentos foram distribuídos. Embora não tenha uma meta, o militar planeja atender o máximo de moradores. “Aquelas pessoas que não puderam chegar aqui por dificuldades de locomoção, iremos até elas em lanchas que estão ancoradas ao navio”, explicou.

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