FRONT INTERNO – Ações Psicológicas no Ambiente Híbrido

André Luís Woloszyn

Analista de Assuntos Estratégicos

As ações psicológicas são a principal ferramenta num ambiente de crise ou conflito e parte da guerra híbrida ou assimétrica. Envolve a manipulação da comunicação humana por meio da propaganda em uma frente sem combates cujo objetivo principal é a contaminação do espaço, atualmente o espaço digital.

Dá-se pela desinformação da população acerca de uma situação ou procura desviar a atenção desta para assuntos periféricos. Na guerra fria, tais técnicas foram amplamente utilizadas pelas duas potências em disputa hegemônica com a finalidade de disfarçar suas reais intenções.

Pois o período que antecede o julgamento do Ex-Presidente Lula, no TRF4, com maior ênfase, tem se caracterizado pelo uso das ações psicológicas em larga escala. A técnica da desinformação, por exemplo, esta direcionada, segundo Carlos Marighella, a criar uma atmosfera de nervosismo, desconfiança, insegurança, incerteza e preocupação, transformando os êxitos do adversário em fracassos e os próprios fracassos em êxitos.

É evidenciada, no caso em questão, pela avalanche de falsas informações ou fake news nas redes sociais, compartilhadas via WhatsApp, com o objetivo de gerar confusão nos usuários das redes dificultando a distinção destes, entre o real e a fantasia, o relevante do irrelevante, criando um ambiente de incerteza sobre os fatos.  

Os impactos desta técnica nos órgãos de segurança são mais sentidos uma vez que desviam sua atenção e fracionam o efetivo pela necessidade da ampliação da sua área de atuação.  

A técnica ou tática diversionista, por sua vez, procura criar um ambiente de distorção, por meio da propagação de boatos, falsas acusações e ataques pessoais diretos e indiretos, uma cortina de fumaça para desviar a atenção do público do assunto principal, para assuntos periféricos ao principal. Tais medidas são direcionadas à dissuasão de autoridades, de maneira geral, pela intimidação e desqualificação destas, de pessoas e instituições envolvidas em determinado evento.

Nesta perspectiva, as medidas mais observadas são relatos falsos às autoridades, a proliferação de boatos falsos e destruidores comprometendo personalidades, explorando seus erros e, relatos da violação das leis, em especial, a legislação que trata dos direitos humanos, como o direito constitucional da livre expressão do pensamento e o direito de ir e vir.

No tocante as manifestações, também chamadas de demonstrações públicas, são consideradas meios eficazes para enfraquecer o poder e a vontade de resistir do adversário causando preocupação nas autoridades e impactos negativos na sociedade acerca dos efeitos colaterais que podem acarretar. Em última análise, são técnicas fabricadas e operacionalizadas por especialistas, impossíveis de serem neutralizadas na era digital, onde prevalece o domínio sem fronteiras das tecnologias de comunicação.

 

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