EZUTE – Fundação brasileira ganha selo antissuborno

 

João Luiz Rosa

Valor

Em meio aos escândalos revelados pela Operação Lava-Jato, parece um alívio que uma organização brasileira receba um selo internacional anticorrupção. A organização é a Fundação EZUTE, de São Paulo, e o selo é a norma ISO 37.001, concedida pela QMS, uma certificadora brasileira de origem australiana.

A EZUTE é a primeira fundação do país a conquistar a certificação, que é bastante recente – no país só foi publicada pela ABNT, responsável pela adoção de normas técnicas, em março do ano passado.

"Há dois anos, o conselho de administração da EZUTE decidiu implantar um novo sistema de 'compliance'", diz Eduardo Marson, presidente da fundação. "Compliance", do verbo em inglês "comply", significa agir dentro das regras, tanto as leis do país quanto as políticas internas de controle. Pouco mais de um ano depois de adotar o sistema, a Ezute deu início ao processo para obter a norma antissuborno e de "compliance". "Primeiro eles observam os processos por meio de amostragem. Se considerarem a organização apta, fazem uma auditoria profunda".

Nessa segunda etapa, técnicos passaram uma semana na fundação, com acesso a todos os funcionários. O quadro da EZUTE conta atualmente com cerca de 140 pessoas, muitos dos quais são doutores ou mestres.

A EZUTE é o que se chama de "honest broker", uma organização que funciona como repositório de informações críticas, com a responsabilidade de resguardar esses dados e revelá-los a terceiros seguindo os critérios dos contratos fechados.

A fundação atua em uma das partes mais sensíveis do projeto de submarinos da Marinha brasileira, que prevê a construção de quatro submarinos convencionais com tecnologia francesa e mais um com propulsão nuclear, que é mais rápido, maior e capaz de passar mais tempo submerso. Um submarino tradicional comporta 31 pessoas; um nuclear, cerca de 100.

A EZUTE está cuidando dos sistemas de combate dos submarinos. Durante quatro anos, nove engenheiros ficaram em treinamento na França para fazer a transferência de conhecimento. O cronograma prevê o lançamento do primeiro submarino até o fim do ano.

Nos Estados Unidos, a figura do "honest broker" é mais comum, diz Marson. Um exemplo é a MITRE Corporation, cujas raízes remetem ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT. O papel não é fazer pesquisa pura, como a academia, nem produtos prontos, como a indústria. A atuação está concentrada na fase intermediária, que interliga as duas pontas, como governos e empresas.

A EZUTE era originalmente, a Fundação ATECH, que integrou os sistemas do SIVAM, o sistema de controle e defesa do espaço

 

aéreo da Amazônia. Depois do trabalho feito, houve uma cisão. Paralelamente à fundação, foi criada a ATECH S/A, uma empresa comercial, cujo controle integral foi assumido pela EMBRAER em 2014. A fundação então mudou de nome.

 

Em casos com finalidades militares, repassar a tecnologia a terceiros depende da aprovação das Forças Armadas. Mas há acordos em que a transferência está prevista desde o início. É o caso do sistema do bilhete único de São Paulo, diz Marson,

que foi concebido pela EZUTE em 2003 e teve a tecnologia transferida para a Prodam, a empresa de tecnologia do

município.

 

A expectativa, agora, é que a certificação antissuborno – renovável a cada três anos – ajude a EZUTE a conquistar mais contratos. "Nossa opção prioritária é trabalhar com o poder público e no mundo inteiro há uma tendência de que as compras governamentais exijam um nível de 'compliance' maior", afirma Marson.

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Release Fundação EZUTE

 Fundação EZUTE recebe certificação

ISO 37001 antissuborno e compliance

 

Reconhecimento internacional assegura características desejáveis em relação a esses requisitos para os produtos e serviços da organização

 

O sistema de gestão antissuborno e compliance utilizado pela Fundação EZUTE para desenvolvimento de suas atividades nas áreas de defesa, saúde, meio ambiente, segurança pública, mobilidade urbana e parcerias público-privadas (PPPs) recebeu a certificação ISO 37001, que especifica requisitos e fornece orientações para o estabelecimento, implementação, manutenção, análise crítica e melhoria de um sistema de gestão antissuborno, refletindo as boas práticas internacionais. 

 

A EZUTE é a única fundação brasileira certificada com a ISO 37001 até o momento, e uma das poucas organizações do país a obter essa certificação, que é muito nova em todo o mundo e abrange, no caso da Fundação, as atividades de concepção, especificação, desenvolvimento, integração, implantação e manutenção de sistemas, gerenciamento de empreendimentos, absorção e transferência de tecnologia e consultoria voltadas para soluções com aplicação tecnológica de conhecimento.

 

“O reconhecimento internacional trazido por essa certificação é muito importante para uma organização como a Fundação EZUTE, que desempenha o papel de honest broker, atuando como articuladora isenta e livre de conflitos de interesse junto a entidades governamentais, empresas industriais e de serviços, a academia e a sociedade, assegurando a qualidade da gestão pública, o desenvolvimento tecnológico e a resolução de problemas complexos”, afirma o presidente da Ezute, Eduardo Marson.

 

Concedida pela QMS do Brasil, certificadora de origem australiana com atuação global, a certificação ISO 37001 obtida pela Fundação, segundo Eduardo Marson, constrói uma relação de confiança junto ao mercado, agrega valor à reputação e proporciona um diferencial competitivo para a organização.

 

“A certificação assegura as características desejáveis dos nossos produtos e serviços e indica às organizações para as quais desenvolvemos nossos programas, especialmente do setor público, que estamos na direção certa de um comportamento ético, transparente e sustentável em nossas políticas, procedimentos e controles, e que eles são adequados para gerenciar riscos relativos ao suborno e à governança corporativa”, conclui o presidente da EZUTE.

 

Na concessão da certificação 37001 são levados em consideração a abrangência da organização, o escopo de sua atuação, a complexidade e o grau de eficácia do seu sistema de gestão, os produtos e processos, bem como os resultados de auditorias anteriores e quaisquer certificações já emitidas para a organização. No caso da Fundação EZUTE, o processo de certificação foi grandemente facilitado, não apenas porque a organização já recebera anteriormente a certificação ISO 9001, mas também em razão da existência prévia de uma cultura de compliance e de adoção de melhores práticas de governança corporativa ao longo de sua história.

 

Sobre a Fundação EZUTE

Organização privada sem fins lucrativos que tem como missão contribuir para a transformação das organizações brasileiras, especialmente as públicas. Apoia todo o ciclo de vida de programas e projetos, voltados sobretudo às áreas de defesa, saúde, meio ambiente, segurança pública, mobilidade urbana e parcerias público-privadas (PPPs). Desempenha o papel de honest broker, atuando como mediador isento e livre de conflitos de interesse em iniciativas que envolvem governo, empresa, academia e sociedade.

Participa de projetos de alta complexidade e grande expressão nacional, entre eles o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), da FAB; o Sistema de Monitoramento da Amazônia Azul (SisGAAz), o Programa de Míssil Antinavio (MANSUP) e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), da Marinha; e os sistemas integrados de Gestão da Saúde (SIGA-SAÚDE) e de Bilhete Único, ambos do Município de São Paulo. Site: www.ezute.org.br

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