RIO2016 – Unisys apresenta proposta para segurança do evento.

Pedro Paulo Rezende
Corresondente DefesaNet

 
Brasília — A Autoridade Olímpica Brasileira deverá anunciar em julho quais serão as plataformas que garantirão a segurança da Rio 2016. Entre as diversas empresas que ofereceram soluções para o grande evento está um gigante da informática, a Unisys. Marcelo Neves, diretor de soluções de segurança e identificação para a América Latina, fala sobre a plataforma HOLMES (Home Office Large Major Enquiry System), adotada pela Scotland Yard e outras 40 organizações policiais do Reino Unido. Criada originalmente para investigações ela se embasa em uma grande base de dados localizada em nuvem, o que permite reconhecimento de rosto em tempo real e outras ações preventivas.
 
Quais são os principais pontos que caracterizam a plataforma HOLMES?
Ela é fornecida por meio de uma única aplicação baseada em interface web e hospedada em um serviço de nuvem segura da Unisys. A solução foi desenvolvida pela Unisys juntamente com a polícia britânica em 2001. Desde então, tem sido usada para gerenciar grandes investigações, incluindo casos de alta relevância. A versão mais recente da aplicação, baseada no software U-LEAF (Unisys Law Enforcement Applications Framework), fornece aos oficiais uma visão em tempo real das operações para facilitar uma tomada de decisões eficiente, inclusive sobre a implantação ou realocação de recursos. Também é possível reduzir processos manuais, já que a ferramenta possui uma funcionalidade voltada para o gerenciamento de tarefas, alertas, relatórios, mensagens, análises lógicas, documentos e registros. Por meio do cruzamento de informações ela consegue identificar vínculos que antes não eram visíveis, permitindo que os usuários reajam rapidamente às novas informações.
 
Quantos casos foram solucionados no Reino Unido empregando a plataforma anterior.
A solução auxiliou as autoridades policiais na parte de inteligência, integração com diferentes bases de dados, para se buscar uma resolução para os casos no menor tempo possível. Alguns dos casos mais conhecidos foram os motins em Londres em setembro de 2011; a identificação de vítimas do terremoto e do tsunami no Japão, em março de 2011; a identificação de suspeitos d os atentados a bomba em Londres, em julho de 2005; e a identificação de vítimas do tsunami Asiático, em dezembro de 2004, e dos ataques às Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York,  em 11 de setembro de 2001.
 
A plataforma pode ser empregada em ações policiais preventivas ou serve como ferramenta de investigação? Caso possa ser empregada em ações preventivas, há exemplos que podem ser citados?
O U-LEAF aplica-se a ambos os casos. O produto fornece ao investigador diversas ferramentas de análise e possibilita integração com diversas bases de inteligência policial. Seu modelo baseado em entidades possibilita execução de análise de vínculos, utiliza ferramentas de busca e de inteligência e mapas termais que permitem detectar rapidamente padrões recorrentes de comportamento. Em suma, o U-LEAF possibilita obter e compartilhar dados de outras instituições e disponibiliza recursos de inteligência para a tomada de decisões precisas aplicáveis à linha de frente policial, à investigação e à prevenção de novos crimes ou incidentes.
A plataforma U-LEAF pode ser configurada para funcionar entre jurisdições e regiões. Por isso departamentos de polícia, serviços de inteligência e profissionais da área de segurança pública que lidam com recursos limitados podem gerenciar ameaças criminais e terroristas em qualquer país. Os investigadores têm agora à disposição uma ferramenta tecnológica flexível para enfrentar os desafios no policiamento, na segurança nacional, na imigração e nas áreas militar e financeira. Essa flexibilidade facilita a configuração do sistema à medida que as ameaças, os padrões criminais, a legislação ou as expectativas públicas mudarem.
 
A Unisys Law Enforcement Applications Framework (U-LEAF) trabalha sobre quais plataformas? Aceita sistemas operacionais livres como Linux?
O U-LEAF é um Framewok multiplataforma. Pode trabalhar nas plataformas Windows, Linux ou Solaris, e com diversos tipos de bancos de dados, como Oracle, SQL Server.e PostgreSQL. Projetada para configurações de implantações diferentes a estrutura pode ser implantada em pequenos sistemas de um único usuário ou também para apoiar empresas com milhares de usuários. A plataforma é construída em padrões abertos, o que permite a fácil integração com as redes existentes, sem a necessidade de redesenho da arquitetura. A interface de usuário é simples, intuitiva e pode ser configurada para os sistemas penal, de governança, práticas e processos.
 
A empresa ofereceria armazenamento em nuvem exclusivo em base de dados localizada no Brasil?
Sim, o U-LEAF pode ser disponibilizado em nuvem integrando bases de dados localizadas no Brasil e em outros países.
 
A plataforma oferece a possibilidade de integração com softwares de reconhecimento facial e de voz em tempo real?
O U-LEAF pode ser integrado a motores biométricos e possibilitar o reconhecimento de indivíduos. O sistema tem grande flexibilidade de integração, desta forma é possível construir processos que permitam acionar os serviços de reconhecimento biométrico sempre que um padrão de voz, uma foto ou uma impressão digital, forem inseridos no sistema. Todos os processos são configuráveis e adaptáveis às necessidades de cada instituição de segurança pública usuária. 
 
O sistema conversa com os sistemas de identificação empregados pela Interpol?
O U-LEAF integra-se a sistemas externos por meio de Web Services. Assim, se a Interpol disponibiliza uma camada de integração para os seus serviços de identificação estes podem ser integrados ao U-LEAF.
 
O sistema pode ser empregado em controle de suspeitos em portos e aeroportos? Esse controle pode ser em tempo real usando ferramentas de reconhecimento de rosto, impressões palmares e digitais?
O U-LEAF é uma solução de gerenciamento de casos e investigação, no entanto, como possui alta capacidade e flexibilidade de integração, correlação e análise, pode disponibilizar um módulo para controle de suspeitos integrando-se com motores biométricos para reconhecimento e identificação.
 
O sistema pode ser usado em controle de multidões e de ações preventivas antiterror?
Essa não é a utilização principal da ferramenta, mas uma vez combinada com sistemas de vídeo-vigilância, poderia ser utilizada em eventos nos quais existam multidões para identificação de suspeitos e, rapidamente, comparação de suas características com bases de dados de indivíduos procurados pela justiça.
 
No Brasil, será oferecido apenas à Polícia Federal ou já há contatos com autoridades de outros estados?
No caso do Brasil, o U-LEAF aplica-se a todas as esferas policiais: de policiamento ostensivo, polícia técnica e polícia investigativa nas esferas federal e estadual. Desde o ano passado estamos apresentando e realizando demos da solução para diferentes entidades que lidam com a área de segurança pública no país.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter