Discurso de Balanço da Copa do Mundo FIFA 2014

 

Palavras da Presidenta da República,
Dilma Rousseff, no balanço da
Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil


Departamento de Polícia Rodoviária Federal
Brasília-DF, 14 de julho de 2014

 

Quero agradecer a presença de todos vocês, ao cumprimentar todos os ministros de Estado e integrantes de vários órgãos do governo federal, aqui presentes.

Eu queria, inicialmente, primeiro falar com vocês que esse imenso desafio que foi organizar e garantir uma Copa do Mundo que estivesse à altura do nosso país e do nosso povo foi uma árdua conquista para o meu governo. Nós todos nos empenhamos para assegurar que a Copa do Mundo trouxesse não só uma grande oportunidade de sediar o mais importante evento de futebol do planeta, como também queríamos estar demonstrando, naquela circunstância, quando a Copa começou, que o Brasil estava capacitado e tinha todas as condições para assegurar infraestrutura, segurança, telecomunicações, tratamento adequado aos turistas, tratamento adequado às seleções, tratamento adequado a todos aqueles Chefes de Estado que viessem nos visitar.

E nós vivemos, nesses dias, uma festa fantástica. Mais uma vez, o povo brasileiro revelou toda a sua capacidade de bem receber. Mais uma vez, os brasileiros, aí incluídos o governo federal, os governos estaduais nas 12 cidades-sede, os prefeitos das 12 cidades-sede e, sem sombra de dúvida, os torcedores e todos os amantes do futebol, asseguraram uma festa que eu tenho certeza é, sem dúvida, uma das mais bonitas do mundo.

A gente dizia que a gente ia ter a Copa das Copas. Pois bem, nós tivemos a Copa das Copas. Tivemos, sem tergiversar, um problema que foi a nossa partida, o nosso jogo com a Alemanha. No entanto, eu acredito que tudo na vida é superação. Acho que aquela frase do samba do Paulo Vanzolini, “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” – eu até coloquei-a no meu Twitter – é um exemplo que nós temos de ter presente, diante do que aconteceu. E acho que também nesses tempos de Brics, de reunião dos países Brics, lembrar aquele também, que é um provérbio chinês: “A derrota é a mãe de todas as vitórias”. E isso significa que o Brasil demonstrou também uma grande dignidade ao ter esse revés num jogo. Mostrou que tem dignidade, porque é preciso, inclusive, atitude, para saber perder. Nós mostramos que tínhamos atitude, o povo brasileiro demonstrou isso, o povo brasileiro demonstrou que era capaz não só de fazer a Copa das Copas, mas de enfrentar também esse desafio do que aconteceu.

Nós somos um país que demonstrou sua capacidade de organização, em que pese, todos vocês sabem disso, porque acompanharam os acontecimento passo a passo, sabem que os vaticínios, os prognósticos que se faziam sobre a Copa eram os mais terríveis possíveis. Começavam do “não vai ter Copa” até “nós teremos a Copa do Caos”. O estádio do Maracanã, que ontem foi palco de um momento belíssimo, ia ficar pronto em 2038, ou 2024, enfim, não ficaria pronto nunca. Nós não teríamos aeroportos, nós não teríamos, mais do que não ter aeroportos, também não teríamos a capacidade de receber milhões e milhões de turistas, milhões e milhões de pessoas que vindo de outras partes do Brasil ou de outras partes do mundo, vinham aqui desfrutar a Copa. Enfim, nós derrotamos, sem dúvida, essa previsão pessimista e realizamos, com a imensa e maravilhosa contribuição do povo brasileiro, essa Copa das Copas.

Eu queria voltar ao início da Copa. No início da Copa, nós recebemos mensagens de líderes religiosos, das mais variadas religiões: do Papa Francisco, que mandou uma mensagem muito bonita, a respeito da importância do jogo como uma representação da vida; passando pelo secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, o reverendo Olav Fykse Tveit; incluindo o reverendo Geoff Tunicliffe, secretário-geral da Aliança Evangélica Mundial; o reverendo Justin Welby, Arcebispo da Cantuária; o patriarca Bartolomeu, Patriarca Ecumênico de Constantinopla; o patriarca Cirilo, Primaz da Igreja Ortodoxa Russa; os rabinos David Lau e Yitzhak Yosef; chefes de Israel, tanto o Sefaradim como o ashkenazim; o grande (incompreensível), o Skeik Ahmed Muhammad Ahmed el-Tayeb; o presidente da Soka Gakkai do budismo, Daisaku Ikeda; a fé Baha’i, pela Casa Universal da Universal da Justiça, a Mãe Beata de Iemanjá, do Terreiro; Ilê Omi Oju Aro; Antônio César Pierre de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira. Desses, nós recebemos as manifestações, porque essa era a Copa das Copas que tinha uma mensagem, uma mensagem que era de paz, e num país como o nosso, em que a questão do racismo é, para nós, uma questão que requer uma luta sistemática contra esse tipo de discriminação, colocar todas as discriminações, mas a discriminação racial, no centro da nossa proposta de marca da Copa, é algo fundamental.

Então, eu queria retomar isso justamente, primeiro, para mais uma vez agradecer a todos. Primeiro aos funcionários anônimos do governo que se empenharam para levar a cabo, em todas as áreas, do Esporte à Defesa; da Defesa passando pela Justiça, pela Saúde, pelas Comunicações, pelas Telecomunicações, por todas as áreas, agradeço a cada um dos funcionários. Agradeço também, mais uma vez, aos governadores e a todos os integrantes dos governos estaduais das 12 sedes, aos integrantes, aos prefeitos e aos integrantes também, dos governos das 12 sedes. Sem eles essa não seria uma tarefa possível. Eles integram a essa parceria fantástica que deu sustentação para a Copa.

Queria agradecer também a todos os brasileiros que mostraram quem nós somos, qual é a nossa alma, qual é o nosso coração e como é que temos essa extraordinária capacidade de integração com todas as culturas, todas as origens étnicas. Muito porque nós somos um país multiétnico, multidiverso, com culturas as mais variadas. Não só viram a beleza do nosso país, mas viram, sobretudo, a beleza do nosso povo, a beleza da alma do nosso povo.

Quero agradecer também aos senhores da imprensa pela cobertura, durante esse período. Quero agradecer, ainda, a toda a organização da Fifa Copa 2014. E dizer que, nesse momento, nosso país pode se considerar um vitorioso, um vitorioso no que se refere à organização desta Copa do Mundo, à recepção dessa Copa do Mundo. E esse que é a inspiração de todos nós, que é o nosso povo brasileiro, que é a fonte da nossa força e dos nossos esforços. Agradeço, então, a cada um e a cada uma dos 200 milhões de brasileiros, que torceram juntos, a favor do Brasil e a favor da nossa Seleção.

Muito obrigada.

Sessão de Perguntas

Eu agradeço a atenção de todos. E, antes de abrir a palavra para as perguntas, eu queria dizer qual, para mim, é a grande síntese dessa Copa. Para mim, a grande síntese dessa Copa é que em qualquer dos grandes eventos, o resultado dele sempre fica para o país.

Eu insisti, ao longo dos meses que antecederam a Copa, que as delegações e os turistas que viessem nos visitar não levariam do Brasil, nas suas malas, nem os aeroportos, nem a segurança, nem as telecomunicações e as condições de comunicação, nem as obras em energia, nem os estádios, nem tampouco a saúde, toda a estrutura de saúde, a logística que foi implantada nas cidades e os eventos turísticos que propiciaram a interação entre os turistas e as cidades e o povo brasileiro. O que fica para o Brasil é toda a infraestrutura, todo esse desenvolvimento, esse enorme esforço, esse enorme trabalho que um conjunto de órgãos tiveram para organizar a Copa.

Por trás de todos os eventos, por trás da alegria imensa das ruas, por trás do congraçamento que chegou a unir uma banda de um time com a Polícia Militar de um estado, que é caso da… vou referir ao meu estado – um dos, eu tenho dois, Minas e Rio Grande do Sul –, vou me referir ao Rio Grande do Sul, quando a banda da brigada, tocando Aquarela do Brasil, se uniu à banda da torcida da Holanda, toda de laranja, que não sabia direito tocar a Aquarela do Brasil, mas aprendendo de ouvido tocou em conjunto, mostrando padrão de congraçamento bastante atípico nos jogos, que é a interação entre polícia e o torcedor. Isso representa, eu acho, a criatividade deste país, a capacidade imensa deste país de receber bem, de ser hospitaleiro, junto com essa capacidade houve o esforço dos brasileiros, o esforço e o trabalho dos brasileiros, e a gente sempre tem de valorizar o trabalho, a gente tem de valorizar o trabalho de todos, desde o trabalho menorzinho, mais humilde, até o trabalho mais complexo. Essa Copa é uma interação de esforços, de trabalho, de muita organização, muito planejamento, muita noite sem dormir, muita dedicação.

Então, agradecer é algo que nós temos sempre de fazer. E aí eu agradeço a todas as esferas de governo, aos governadores das 12 cidades-sede, mais uma vez, aos prefeitos, a todos os órgãos que trabalharam aqui, nesse recinto, que utilizaram esse recinto para, a partir daqui, organizar esse enorme e fantástico evento, que foi a Copa do Mundo. Fica para o Brasil, sim, fica um imenso legado para o Brasil, não só o legado material, mas fica um legado imaterial, que é a integração, é a capacidade de trabalhar junto. E isso que nós provamos: nós fomos, somos capazes e sempre seremos capazes, principalmente porque este é o país do futebol, mas é, também, o país do trabalho sério, do trabalho que valoriza e que viabiliza uma Copa do Mundo.

Eu vou pedir licença para vocês, por isso que eu estava ali, falando para os ministros, de uma forma budista, que a síntese é o principio da sabedoria, porque eu queria participar, aqui, das perguntas da imprensa, mas acontece que eu tenho, a partir desse momento, de participar dos Brics. E é um momento especial, eu vou para Fortaleza e julgo ser muito importante fazer uma reunião dos Brics em Fortaleza. Porque, normalmente, se fazia uma reunião em países do tamanho da Índia, da China, da Rússia e da África do Sul, geralmente se fazia, ou aqui em Brasília ou no Sudeste. Fazer no Nordeste é um sinal dos tempos, é um sinal da importância que o Nordeste tem para o este país.

Por isso, eu tenho de sair e viajar, mas queria dizer que foi com imensa satisfação que hoje nós fizemos esse balanço. Não por qualquer um sentimento de orgulho, mas pelo necessário compromisso de prestar contas para a imprensa e, portanto, para a população brasileira, do acontecido, e tentar passar o grau de complexidade que envolveu, nesses últimos anos, a preparação da Copa do Mundo.

Muito obrigada.

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