Dívida do Estado de Minas com a Embraer pode retirar escritório aeronáutico de BH

Angélica Diniz / O Tempo (BH)

A o contrário das promessas de campanha, de atrair investimentos ao Estado, o não pagamento de compromissos pelo governo estadual de Minas Gerais pode afastar empreendimentos já estabelecidos no estado.

Informações do Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas (Siafi-MG) revelam que o Estado deixou de executar repasses devidos à Embraer entre 2015 e 2017.

A dívida com a fabricante de jatos pode passar dos R$ 12 milhões. Por meio de termo de cooperação técnica, assinado com o então governador Antonio Anastasia (PSDB), em 2011, a Embraer instalou um escritório em Belo Horizonte que emprega hoje cerca de 150 engenheiros.

Em contrapartida, o governo estadual, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), teria que efetuar o repasse de R$ 38 milhões, entre 2011 e 2020, para assistência a atividades de pesquisa e capacitação de técnicos, projetistas e engenheiros instalados no escritório de engenharia.

O Siafi mostra que, em 2014, foram repassados R$ 3,92 milhões para a Embraer. Em 2015, o governo empenhou R$ 4 milhões, mas só pagou R$ 1 milhão. Até nessa terça-feira (10), nenhum repasse referente ao ano de 2016 e aos nove meses de 2017 havia sido feito à empresa.

A Embraer foi procurada, mas informou que não iria se manifestar sobre o assunto. O governo de Minas e a Fapemig informaram que não haveria tempo hábil para apurar as informações sobre o caso até o fechamento desta edição.

Ao Aparte, Anastasia, hoje senador da República, lamentou o impasse entre o governo estadual e a Embraer. “A vinda do escritório de engenharia e desenvolvimento aeronáutico para Minas foi um esforço importante que fizemos no sentido de diversificar nossa economia, agregar valor aos nossos produtos e iniciar em nosso Estado uma cadeia de desenvolvimento dessa que é uma das áreas de maior tecnologia e inovação no mundo”, afirmou o senador.

Na época da assinatura do acordo com a Embraer, o governo pretendia consolidar um polo de aviação civil, reunindo diversas outras empresas do setor, como a Gol, a Trip e a Helibras.

Além de disponibilizar os repasses anuais, o Estado concedeu à Embraer diversos incentivos fiscais para que a empresa estabelecesse sua unidade em Minas, a primeira fora do Estado de São Paulo.

Recentemente, também foi ventilado que a Helibras estaria cogitando fechar sua fábrica de helicópteros, sediada há 39 anos em Itajubá, no Sul de Minas, por falta de demanda. A empresa, única fabricante de helicópteros da América Latina, nega que vá fechar a unidade em Minas.

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