Relatório Otálvora: Brasil está dividido entre Bolsonaro e o Castrochavismo

Relatório Otálvora: Brasil está dividido entre Bolsonaro e o Castrochavismo

 

EDGAR C. OTÁLVORA
@ecotalvora


O crescimento de Bolsonaro em todas as pesquisas e a estagnação do candidato petista fazem na mídia política brasileira especular sobre a alta possibilidade de um resultado no primeiro turno neste domingo (07OUT2018).
 
As eleições presidenciais do Brasil, com o primeiro turno no domingo 07 de outubro, tornaram-se um confronto aberto e polarizado entre o militar aposentado e parlamentar Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, o candidato nomeado desde prisão por Lula da Silva. Os governos da região, especialmente os vizinhos mais próximos e parceiros de negócios, começam a avaliar as consequências, que teriam uma vitória de Bolsonaro impensável há alguns meses. 

As diretrizes sobre política externa, política comercial, e para o Mercosul, em um eventual governo de Bolsonaro ainda são um verdadeiro mistério. O Brasil está dividido entre escolher um representante do preso Lula da Silva ou um político que ganhou popularidade com base em posições políticas, às vezes, incorretamente.
 

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A legislação eleitoral brasileira permite que até o dia das eleições possa ser publicado pesquisas realizadas até o dia anterior. Mas as pesquisas mais recentes de radiodifusão pública não deixam dúvida um crescimento diário das intenções de votos para Bolsonaro e estagnação de Haddad que não conseguiu “herdar 40%” que as pesquisas de intenções de voto indicavam que Lula tinha antes que o registro de sua candidatura fosse rejeitado pelas autoridades eleitorais.
 

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A campanha eleitoral Haddad é dirigida pessoalmente por Lula de sua "cela" no prédio da Superintendência da Polícia Federal, na cidade de Curitiba, Paraná, que é visitada por advogados e líderes de seu partido diariamente, e toda sexta-feira recebe celebridades internacionais. O próprio candidato Haddad realiza reuniões de campanha com Lula, sendo que o mais recente ocorreu na segunda-feira 01 de outubro, menos de uma semana antes das eleições. Embora o mundo à esquerda frequentemente descreva Lula como um "prisioneiro político", suas condições de prisão são excepcionais e lhe permitem liderar a campanha do dia-a-dia de Haddad, que é apresentado como "o candidato de Lula".

Lula permanece preso desde 07ABR2018, quando iniciou uma sentença de doze anos por ter recebido suborno da construtora OAS e contra ele há outros cinco processos judiciais em diferentes cortes do país. Em 04OUT2018, o a Procuradora-Geral do Brasil emitiu seu parecer final sobre o caso envolvendo Lula para e a "Construtora Norberto Odebrecht" na forma de um apartamento, em São Bernardo do Campo, e um terreno para o Instituto Lula, na cidade de  São Paulo. O caso pode ser a segunda sentença que Lula receberá.
 

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O levantamento eleitoral com a maior amostra de entrevistados foi realizado entre 03-04 OUT2018 pela empresa Datafolha para o jornal Folha de São Paulo e para a rede de televisão Globo. Os resultados foram divulgados na noite de 04OUT2018, coincidindo com o último debate eleitoral televisionado e com o final do período de comícios de campanha. Esta pesquisa indicou 35% para Bolsonaro, 22% para Haddad e 11% para o esquerdista Ciro Gomes das intenções de votos. Com uma abstenção de 11%, esses números implicariam que Bolsonaro teria 39,3% do total de votos efetivos contra 24% do candidato de Lula.
 
Uma vitória no primeiro turno só é possível no caso de um dos candidatos atingir 50% dos votos válidos. O crescimento de Bolsonaro em todas as pesquisas e a estagnação do candidato petista fazem que na mídia política brasileira especulem sobre a alta possibilidade de um resultado no primeiro turno. De fato, o levantamento divulgado no 05OUT2018 preparado pela XP / Ipespe já indicou 41% dos votos válidos para Bolsonaro.

 

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Na noite de 04 de outubro de 18, ocorreu o último debate televisivo entre os principais candidatos à presidência do Brasil. O evento teve lugar no Rio de Janeiro, que foi produzido pela Rede Globo, a maior do Brasil e contou com a presença dos candidatos com o maior peso nas pesquisas, exceto Bolsonaro. Participaram pela esquerda, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (Partido Trabalhista), Marina Silva e Guilherme Boulos, o social-democrata Geraldo Alckmin (PSDB partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), Henrique Meirelles, MDB (o partido do presidente Michel Temer) e o "centrista" Álvaro Dias. Entre os sete candidatos presentes no debate quatro (Haddad, Gomes, Silva e Meirelles) foram ministros nos governos de Lula, enquanto Boulos é um aliado muito próximo do ex-presidente preso.

Bolsonaro deixou o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 29 de setembro de 2018, após um grave atentado à sua vida no dia 06SET2018 e desde então permaneceu em sua residência no Rio de Janeiro. Campanha eleitoral de Bolsonaro durante o mês decisivo de setembro foi realizada na ausência do candidato, com base intensamente em redes sociais com uma ênfase especial no WhatsApp e Twitter.

Bolsonaro, que ainda carrega uma bolsa de colostomia, não compareceu ao debate televisivo de 04OUT2018, e em um movimento arriscado descartar o poder da mídia da Globo, deu uma entrevista exclusiva para o Canal Record de televisão, que foi transmitida em paralelo ao evento da Globo . O partido de Lula, o PT, tentou impedir a divulgação da entrevista para Bolsonaro por meio de um pedido ao Supremo Tribunal Eleitoral que finalmente não prosperou. A Rede Recordo é propriedade de Edir Macedo, o criador da poderosa Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e sua decisão de transmitir a entrevista para competir com a Globo mostra a decisão das igrejas influentes igrejas evangélicas de apoiar a candidatura antipetista do católico  Bolsonaro, que oferece para combater a corrupção e restaurar a segurança e a ordem para o país.

Durante a entrevista realizada pelo jornalista Eduardo Riveiro, da TV Record, Bolsonaro se referiu expressamente ao regime venezuelano. "O PT ainda defende o regime de Maduro ao defender o regime Chavista. Devemos nos separar da Venezuela. Você tem que chutar o socialismo e o comunismo na bunda. Não podemos admitir essa ideologia no nosso Brasil. Será o fim do nosso país se o PT conseguir chegar ao poder ".

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