Operação Saudade – Entre o Braço Forte e a Mão Amiga

por DefesaNet


Os recentes anúncios de medidas do Poder Público brasileiro, como o PAC do Equipamento, normas de aquisições de armamentos, licitação inicial do SISFRON e reajuste do soldo, demonstram um perceptível aumento da preocupação dos governantes e parlamentares com a inadiável necessidade de adequação da capacidade de atuação e emprego das Forças Armadas do País ante ao destaque que o Brasil tem merecido no cenário internacional. Muito além da proteção de suas riquezas em um mundo ávido por recursos cada vez mais escassos, o Estado Brasileiro busca manter-se atualizado em um setor onde as transformações tecnológicas e a velocidade de desenvolvimento de novos equipamentos ocorrem em velocidade igual, se não maior, a que cada um de nós percebe em nossos dispositivos de informática.

Se a obsolescência de nossos PCs, Tabletes e Smartphones é sofrida, e sentida, a cada novo lançamento, o que ocorre quase que diariamente, e representa apenas a lacuna de uso de um certo aplicativo ou função, imagine o abismo existente entre um soldado armado com um velho FAL e outro equipado com um moderno fuzil de assalto com mira eletrônica, visão noturna e capacidade de ação conectada em rede. Isso para darmos exemplo do elemento mais básico da Rainha das Armas, o Soldado de Infantaria. Novamente, a questão não se refere a inimigos, que o Brasil não os tenha aqui e agora. Não. Refere-se ao posicionamento global e a influência regional na América Latina que o Brasil projetou. E acima de tudo isso, a capacidade de suas Forças Armadas continuarem assegurando os direitos e conquistas do povo brasileiro, dissuadindo ameaças que possam lançar sua sombra sobre seu território nacional e mesmo sobre o bem estar e a paz mundial sobre os quais o Brasil passa a ter cada vez mais responsabilidade.

Boa parte da lentidão das ações decisórias e mesmo a minoração da importância dada a questões da Pasta de Defesa se deve à falta de pressão dos contribuintes, leia-se eleitores, fruto da desinformação sublimada na velha expressão: O Brasil não tem inimigos! A qual não vou rebater com a máxima já surrada, e que embora ainda legítima, não gosto de usar: Se queres a paz, prepara-te para guerra! Prefiro a adaptação: Mesmo sendo um povo pacífico, para viveres em paz com teus vizinhos e o mundo, faze-os ver que ao ponderar provocar-te a uma disputa, há para eles mais perdas que vantagens.

Palavras convencem, exemplos arrastam

Dentro desta análise superficial e despretensiosa, acreditando que com hábil esforço os Comandos Militares tem se mantido em busca das decisões governamentais que assegurem a capacitação das Forças no tocante ao seu reaparelhamento a fim de permanecerem atualizadas frente à constante inovação tecnológica no campo da Defesa, outras ações, inteligentes e necessárias, são merecedoras de elogio. A aproximação das Forças Armadas com a sociedade civil, oferecendo-lhe maiores subsídios à percepção de suas atividades e importância, tem sido a maneira mais eficaz na mudança de atitude do contribuinte, que informado, valoriza a condução dos assuntos de Defesa como Política de Estado e não apenas como uma questão de Governo. Portões abertos, formaturas abertas ao público, exposições estáticas em espaços comunitários, estão entre algumas das bem sucedidas práticas em prol da valorização e reconhecimento público do valor dos militares brasileiros.

O Rei do Baião foi Caçador

Na semana de comemorações do 23º Batalhão de Caçadores – Batalhão Marechal Castello Branco, em Fortaleza, a bela capital do Estado do Ceará, o Exército Brasileiro foi protagonista de um bom exemplo destas práticas necessárias ao engajamento da sociedade civil à compreensão do tema. Repetindo o que já virou uma tradição, realizou nos dias 15 e 16 de setembro a Operação Saudade. Por sua repercussão o evento ultrapassou a dimensão de seu título, uma vez que surgiu como data de reencontro de Caçadores que serviram na mesma unidade do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e que hoje reúne além de militares da reserva, principalmente integrantes da sociedade civil das mais diversas idades, origens e formações(*), e que se integraram na rotina de um final de semana de instruções e atividades desempenhadas diuturnamente pelos militares daquela unidade de Infantaria.

Curiosidade

Luíz Gonzaga do Nascimento sentou praça no 23º Batalhão de Caçadores. Lá virou o Soldado Nascimento. Correria o país em missões militares durante a Revolução de 1930. Em janeiro de 1931, o contingente do soldado Luiz Gonzaga é novamente mobilizado para o interior do Ceará com a missão de defender fronteiras, prender cangaceiros e coronéis coiteiros destes. No 23º BC, o soldado-corneteiro ‘122’ ganhou o apelido de "Bico de aço" (1935).

Tendo a frente um militar vibrador, piloto de helicópteros e reputado Oficial da Infantaria, o Coronel Luís Cláudio de Mattos BASTO, o 23ºBC tem cada vez mais estreitado laços com a comunidade cearense. O contingente daquela unidade, afora suas relevantes missões de OM que abriga um Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (Comandado pelo Tenente-Coronel Alexandre), Cursos de Formação de Sargentos, Cabos e Soldados, tem sido um dos principais pilares das ações emergenciais de combate aos efeitos da seca na Região Nordeste, atuando fortemente na Operação Pipa, levando água às populações de localidades mais atingidas pela forte estiagem ocorrida neste ano de 2012.

Na Operação Saudade, evento integrante das comemorações e homenagens ao Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, chefe militar que empresta nome ao 23º Batalhão de Caçadores, trazendo diferentes representantes da comunidade civil cearense para dentro de suas atividades diárias, o Exército Brasileiro mais uma vez demonstrou que entre o Braço Forte e a Mão Amiga traz sempre um abraço fraterno à sociedade brasileira.

(*) Todos os participantes da Operação Saudade indenizaram o Exército Brasileiro, arcando com todas as despesas envolvidas na operação, não gerando quaisquer custos adicionais ao contribuinte brasileiro.

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