Tiananmen – China acusa EUA de interferência em assuntos internos

A China acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos de interferência em seus assuntos internos após o pedido do Departamento de Estado pela libertação das pessoas detidas por participação no movimento democrático da Praça da Paz Celestial (Tiananmen), reprimido violentamente em 4 de junho de 1989.

"Estas declarações representam uma interferência nos assuntos internos da China e são acusações sem fundamento contra o governo chinês", declarou Liu Weimin, porta-voz da diplomacia chinesa. "A China expressa o grande descontentamento e firme oposição", completou Liu.

No domingo, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner, pediu a libertação das pessoas ainda detidas. "Estimulamos o governo chinês a libertar aqueles que ainda são prisioneiros por sua participação nos protestos, que faça um registro público dos mortos, detidos e desaparecidos", disse Toner, ao mencionar a repressão do movimento que, dependendo das fontes, deixou centenas ou milhares de mortos.

Toner pediu ainda o fim da perseguição dos participantes ou famílias. A China considera o movimento uma rebelião contrária à revolução.
 

EUA pressionam China a libertar presos em massacre da Paz Celestial

O governo dos Estados Unidos está pressionando a China a libertar todas as pessoas que permanecem presas por conta dos protestos da Praça da Paz Celestial, 23 anos depois das manifestações terem ocorrido. Os protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial reuniram milhares de pessoas, entre elas estudantes, trabalhadores e intelectuais, que reivindicavam a adoção de reformas democráticas.

As manifestações foram duramente reprimidas pelas autoridades chinesas, que teriam matado inúmeras pessoas. O número preciso de mortos nunca foi divulgado oficialmente, mas entidades como a Cruz Vermelha Internacional dão conta de que mais de 2,5 mil pessoas possam ter morrido na repressão aos protestos. O governo da China classifica os eventos de 1989 como uma revolta contrarrevolucionária e defende a repressão ao protesto.

O Departamento de Estado pediu ainda que a China forneça 'um relato completo e público sobre todos os que foram mortos, detidos ou que estão desaparecidos". "Nós reforçamos nossos pedidos para que a China proteja os direitos humanos de todos os seus cidadãos; liberte todos os que foram colocados sob prisão domiciliar; e ponha fim ao atual assédio a ativistas de direitos humanos e suas famílias", afirmou o vice-porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.

O representante do Departamento de Estado acrescentou que "a violenta repressão" na Praça da Paz Celestial provocou uma "trágica perda de vidas inocentes". O governo da China não fez quaisquer pronunciamentos sobre os protestos da Praça da Paz Celestial, que estão completando 23 anos neste mês. O assunto permanece um tabu na vida política chinesa.

Segundo a agência de notícias AFP, cerca de 20 ativistas de direitos humanos na província de Fujian foram espancados pela polícia para impedir que participassem de um protesto marcando os 23 anos da manifestação original.

De acordo com o grupo de direitos humanos Fundação Dui Hua, menos de 12 ativistas envolvidos com os protestos de 1989 permanecem atrás das grades. Na época dos protestos, centenas foram presos. O diretor-executivo da Dui Hua, John Kamm, afirmou que os que permanecem na cadeia não são os estudantes que comandaram os protestos, mas sim aqueles que incendiaram propriedades públicas ou que atacaram as tropas que estavam impondo a lei marcial.

com agências: AFP e BBC Brasil

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