MEMÓRIA DA DEFESA NACIONAL – Jerônimo de Albuquerque Maranhão

COSME DEGENAR DRUMOND
    Especial para Defesanet

 
Mameluco é uma palavra de origem árabe; designa escravos que serviam como pajem ou criado doméstico. No antigo Egito, os mamelucos foram mobilizados como soldados pelos califas muçulmanos. Com o tempo, chegaram ao poder. Derrotados por Napoleão Bonaparte na Batalha das Pirâmides (1798-1799), refugiaram-se na Síria. Em 1811, foram exterminados por Mehmet Ali (1769-1849), vice-rei do Egito no império otomano.
           
No Brasil, o termo mameluco designa pessoa mestiça com ascendência indígena e branca.  Nesse processo, foram destaques Jerônimo de Albuquerque (1510-1584) e a índia Ybyrapár (Maria do Espírito Santo), em Pernambuco; Diogo Álvares Correa (1475-1557) e Paraguaçu (Catarina), na Bahia; e, João Ramalho (1493-1580) e Bartyra (Isabel), em São Paulo. Jerônimo de Albuquerque, por exemplo, homem viril e fecundo, gerou mais de trinta filhos com mulheres índias, negras e brancas, chegando a ser chamado de “Adão Pernambucano”.
            
Na Era dos Descobrimentos, a economia portuguesa era forte. Uma prosperidade iniciada em 1415, quando Portugal conquistou o rico entreposto comercial mulçumano de Ceuta, ao sul do estreito de Gibraltar, na África. O país desenvolveu conhecimentos científicos e marítimos em astronomia, matemática e cartografia, criou uma poderosa máquina naval-militar, conquistou terras ultramarinas e mudou o cenário geopolítico do mundo então conhecido.
         
Entretanto, durante longo período, Portugal ignorou uma de suas conquistas: o Brasil. Alguns historiadores creditam a indiferença da Coroa portuguesa pela colônia nos trópicos a um relatório do piloto florentino Américo Vespúcio sobre viagem exploratória que fizera ao Brasil. Vespúcio estivera no Hemisfério Sul na missão espanhola de Alonso de Hojeda. Contratado pelo rei de Portugal D. Manuel I, em 1501 voltou ao Brasil na expedição de Gonçalo Coelho. No regresso a Lisboa, relatou: “… não vimos coisa de proveito, exceto de árvores de pau-brasil, e não encontramos metal algum…”.
          
O rei decidiu então privatizar a exploração do Brasil, a exemplo do que fizera seu antecessor D. Afonso, em 1469, com as terras portuguesas no Norte da África, para concentrar seus esforços comerciais no Oriente. Com isso, Portugal sofreu perdas econômicas em favor de outras nações, que passaram a explorar ilegalmente a maior riqueza natural do Brasil – o pau-brasil, um tipo de árvore da Mata Atlântica, cuja resina vermelha era usada na indústria têxtil para dar aos tecidos melhor qualidade de cor do que a de corantes asiáticos semelhantes. No início, o pau-de-tinta era conhecido pelo nome francês berzil, depois, brezil. Por volta de 1220, passou a ser chamado de pau-brasil.
       
Um contrato temporal de arrendamento do Brasil foi assinado com um grupo de mercantilistas liderado por Fernão de Noronha (1470-1540), um judeu português convertido ao catolicismo, que já explorava o pau-brasil no Nordeste brasileiro. Em reconhecimento aos serviços que prestava à Coroa, Noronha recebeu como doação uma ilha no Atlântico, a 545 quilômetros a nordeste de Pernambuco, que batizou com o seu próprio nome e que viria a ser a primeira capitania hereditária no Brasil.
       
As expedições invasoras continuaram explorando o patrimônio natural brasileiro, algumas das quais travaram batalhas históricas no Atlântico Sul, reivindicando a posse da terra que usurpavam. Para firmar a presença portuguesa na colônia e combater a pirataria, D. João III (1502-1557), filho e sucessor de D. Manuel que falecera em 1521, dividiu o Brasil em capitanias hereditárias com gestão centralizadora. No verão tropical de 1531, o capitão Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil com cinco naus e 400 homens, de várias classes sociais, inclusive as mais baixas. Sua missão: estabelecer a ordem e a justiça na colônia, expulsar os piratas da costa brasileira, prospectar metais preciosos e doar terras em sesmarias do imenso território, onde europeus de caráter duvidoso viviam, muitos dos quais amasiados com as indígenas e explorando os nativos. Martim Afonso passou cerca de três anos e meio na grande colônia. Nesse período, construiu fortalezas para a defesa da colônia, fundou feitorias e povoados e assentou os colonos que trouxera de Portugal.
         
Em março de 1535, uma nova missão, comandada por Duarte Coelho, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, aportou no Recife. Na delegação, estavam o administrador colonial português Jerônimo de Albuquerque, sua irmã Brites, esposa do donatário, e imigrantes do Norte de Portugal. Uma das primeiras realizações de Duarte Coelho em Pernambuco foi fundar um povoado, que batizou de Olinda, para sede da capitania. Depois de assentar os colonos na região, ele passou a combater os invasores franceses. Em 1553, porém, contraiu grave doença que o levou a retornar a Lisboa para tratamento, acompanhado de seus dois filhos homens. Duarte Coelho morreu no ano seguinte. Sua esposa permaneceu no Brasil, na administração da capitania, assessorada pelo irmão.
          
O litoral brasileiro era habitado pelos tupinambás, em comunidades sem classes, de nomes diferentes e com poder militar definido. A guerra fazia parte do costume indígena. Os guerreiros guardavam a cabeça do inimigo que abatiam e a penduravam como troféu na entrada de suas casas ou das aldeias. Os prisioneiros de guerra recebiam comodidades, inclusive uma bela nativa entre as mais bonitas. Depois da “engorda”, era-lhes facultado lutar em defesa da própria vida. Se perdessem a luta eram mortos a golpes, assados e comidos. Seus carrascos não comiam de sua carne, mudavam de nome e tinham os braços arranhados com dente de animal selvagem, cujas cicatrizes ficavam como marcas honrosas.
        
A Europa cometia semelhante barbárie, mas só não praticava a antropofagia. No Brasil daquele tempo, entretanto, os portugueses enterravam os índios rebelados vivos até a cintura e desferiam setas na parte superior do corpo das vítimas. O suplício terminava com o enforcamento do infeliz. Os conflitos entre brancos e índios eram constantes. Num dos embates nos arredores de Olinda, Jerônimo de Albuquerque levou uma flechada no rosto e perdeu um olho. Ferido, aprisionado e condenado à morte, salvou-o a filha do cacique que se interessou por ele e o quis como marido. O casamento selou a paz entre os tupinambás e os portugueses. O casal teve oito filhos. Jerônimo de Albuquerque gerou mais dezesseis com outras mulheres brancas, índias e escravas africanas.
         
Os colonos se pautavam pela cultura portuguesa, regidos por leis, tradição, família e religião. Porém, muitos deles, movidos por interesses pessoais, ignoraram a cultura oficial, um desvio de conduta que nem sempre passava pelo crivo jurídico e institucional; as relações de amizade e de serviço eram usadas para se obter proteção e benefícios.
         
A sociedade lusa prezava a instituição “família”. Mas, ao desembarcar no Brasil os portugueses se depararam com as índias nuas, um cenário inusitado. As filhas de morubixabas, pajés e tuxauas, não se entregavam a qualquer um e escolhiam seus maridos com o apoio de seus pais. Todavia, a grande maioria delas assediava e se entregava com a maior inocência aos homens barbudos que chegavam. Até nobres e fidalgos casados não resistiram à beleza delas. A história conta que o próprio donatário foi atraído pela beleza “selvagem e aristocrática” de uma indígena chamada Ingay. Louco de paixão, ele perseguiu e matou o noivo da nativa e depois tentou possuí-la. Recusado com violência, manteve-a como prisioneira. Ingay conseguiu fugir e se matou na floresta.
         
Os padres jesuítas mostraram-se indiferentes com tal comportamento de seus patrícios, “um desrespeito às leis canônicas da monogamia”. Mas abençoaram as uniões matrimoniais entre lusos e índias, realizadas no rito nativo. Os filhos dessas relações, os primeiros brasilienses (brasileiro era a alcunha do traficante de pau-brasil) foram batizados com nomes aleatórios ou de parentesco. Nascia assim a emergente nacionalidade brasileira.
         
Com o estabelecimento das Capitanias Hereditárias, a Coroa portuguesa doou terras apenas às pessoas que pudessem povoá-las, desenvolvê-las e defendê-las com recursos próprios. A Coroa regulava a concessão de títulos e honrarias aos colonos. Idealista, Jerônimo de Albuquerque recebeu terras nas imediações de Olinda, onde construiu um engenho de açúcar. Por sua dedicação, talento e amizades, ele conquistou poder e destaque. Olinda se tornou em importante entreposto comercial, de onde partiam as missões de ocupação e povoamento do interior pernambucano, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão.
        
O herói brasileiro
 
O terceiro filho de Jerônimo de Albuquerque com a princesa Ybyrapár nasceu em Olinda, em 1548, e recebeu o nome do pai. Como seus irmãos, ele recebeu ensinamento europeu e formação militar. Na fase adulta, revelou-se autêntico sertanista e atuou na pacificação dos indígenas. Na verdade, muitos mestiços da parentela Albuquerque se destacaram na capitania, sobretudo depois da morte do patriarca e da tia, ambos em 1584, quando passaram a participar mais intensamente das atividades da capitania; os dois filhos do donatário haviam falecido no Marrocos.
          
No regime das Capitanias Hereditárias, foram concedidas as terras que formaram a capitania do Rio Grande Norte, da Baía da Traição, na Paraíba, à enseada de Mucuripe, no Ceará. Expedições francesas faziam trocas comerciais no norte do litoral rio-grandense com os índios. Para combater os intrusos, o Capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, deslocou-se para a região, acompanhado dos irmãos Albuquerque, Antônio, Jorge e Jerônimo, este no comando de três companhias de infantaria e uma de cavalaria.
         
Na área de conflito, Jerônimo pacificou os indígenas, converteu-os em aliados das forças luso-brasileiras e expulsou os franceses. Em 1597, ele demarcou o sítio. Dois anos depois, no Natal, fundou o povoado que se viria a ser a Cidade do Natal, capital do estado potiguar. Construiu ainda um forte na barra do rio Potenji e uma Capela no sítio, em homenagem a Nossa Senhora das Candeias do Cunhaú. Por suas ações em defesa dos interesses de Portugal e da cultura indígena no Brasil, recebeu o título de fidalgo e uma sesmaria. Nomeado Capitão-mor do Rio Grande do Norte, em 1604 assentou colonos na capitania. Em suas terras, na várzea do rio Cunhaú, ficaram seus filhos Antônio e Matias, que ergueram o primeiro engenho de açúcar do Rio Grande do Norte, que se tornaria o principal núcleo econômico da capitania.

Desde 1594, os aventureiros franceses refugiaram-se no Maranhão, onde, auxiliados pelos índios da região, construíram o forte São Luis e cultivaram a terra para semear a agricultura. O projeto dos invasores era fundar na ponta norte do Brasil a França Equinocial, antigo sonho francês, acalentado desde a fracassada tentativa de Nicolau Durand de Villegaignon de fundar no Rio de Janeiro, meio século antes, a França Antártica. No Maranhão, uma frota francesa trouxe colonos franceses, que iniciaram a agricultura nas terras ocupadas e ampliaram a exploração para o lado do rio Amazonas.
  
O administrador colonial Gaspar de Sousa foi nomeado Governador-Geral do Brasil, com a orientação de expulsar os intrusos do Maranhão. O governador sediou o seu governo no Recife. Em junho de 1613, formou uma força-tarefa transportada de sumacas, pequenas naus de dois mastros, que partiu de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Bahia para o Maranhão. Jerônimo de Albuquerque foi convocado para comandar a força militar-naval. Nomeado “Capitão da Conquista e Descobrimento das terras do Maranhão”, seu imediato, o sargento-mor Diogo de Campos Moreno, conhecia bem o Norte desde 1602, quando estivera no Brasil a serviço da Coroa portuguesa.
         
Em Guaxenduba, na baía de São José (MA), a força luso-brasileira construiu o forte de Santa Maria. Enquanto Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos preparavam os planos para iniciar a operação, o forte foi surpreendido por um ataque dos franceses, que exigiram a rendição das tropas luso-brasileiras. Jerônimo não se intimidou. Em 19 de novembro de 1614, a Batalha de Guaxenduba começou. Apesar da superioridade inimiga, as tropas luso-brasileiras obrigaram as tropas francesas a recuar (ver detalhes no boxe abaixo). Uma trégua foi negociada. Os franceses pediram prazo para retirar suas tropas do Brasil, mas exigiram indenizações pelas benfeitorias no Maranhão. Portugal vivia sob domínio da Espanha que não aprovou a armistício e exigiu a rendição total dos invasores sem quaisquer tipos de compensação por isso. A guerra foi retomada em 19 de outubro de 1615. Duas semanas depois, os franceses se renderam definitivamente.  
          
Por mercê real, Jerônimo de Albuquerque incorporou ao seu sobrenome o nome da capitania que libertara. Durante dois anos, governou o Maranhão. Faleceu em um sábado (11 de fevereiro de 1618), aos 70 anos de idade. Seu corpo foi sepultado no piso da capela do Engenho Cunhaú, aos pés do altar-mor, onde uma inscrição o homenageia: “Aqui jaz o fundador, Jerônimo de Albuquerque Maranhão”.
         
O ilustre mameluco integra a galeria dos heróis brasileiros. A Marinha do Brasil pretende batizar uma de suas belonaves com o nome do histórico comandante mestiço, justa homenagem, certamente!
 
A BATALHA DE GUAXENDUBA
 
Nesse evento, Portugal resgatou a soberania lusa no Maranhão e  parte da Amazônia, ameaçada de ocupação pelos franceses
 
23 de agosto de 1614. Diogo de Campos Moreno partiu de Recife, à frente de 200 homens. No Rio Grande do Norte, juntou sua tropa com a força de combatentes mobilizados por Jerônimo de Albuquerque, um total de 500 homens, entre portugueses, mamelucos e índios.
         
Na barra do rio Periá, um grupo de exploradores escolheu o local estratégico para erguer o forte. Três semanas depois, o engenheiro Francisco Frias de Mesquita coordenou a construção do Forte de Santa Maria, de desenho hexagonal, em Guaxenduba, na Baia de São José, o mais próximo possível das forças inimigas, acantonadas no Forte de São José de Itapari.
         
As escaramuças tiveram início em 30 de outubro, quando um grupo de indígenas aliados dos franceses matou quatro mulheres índias e um nativo da força luso-brasileira que acompanhavam uma missão de reconhecimento. No final do mês, os portugueses viram intensa movimentação de navios franceses na baía, para desembarque de peças de artilharia. Diogo de Campos enviou um grupo de marinheiros para guarnecer a frota lusa, ancorada no estuário.
         
Na madrugada de 11 de novembro, o inimigo se aproximou silenciosamente da frota lusa. Ao perceberem o ataque iminente, os marinheiros tocaram suas trombetas de alerta. Do forte de Santa Maria, um cerrado fogo de artilharia intimidou o inimigo, que recuou. Contudo, os franceses conseguiram tomar uma caravela, um patacho de guerra de mastro duplo, de reconhecimento e transporte de logística, e uma nau de apoio, todos de bandeira portuguesa, ancorados no litoral.
         
Uma semana depois, vários navios a vela e centenas de canoas do inimigo se aproximaram da costa. 80 soldados, sob o comando de Diogo de Campos deslocaram-se para a praia. No entanto, ao perceber que o exército inimigo que chegava era superior à força que comandava, o sargento-mor retrocedeu sua tropa. Logo, mais de duzentos soldados franceses desembarcaram na praia, muitos dos quais eram fidalgos, armados com colete de aço, espadas e mosquetes, e apoiados por 2500 indios lanceiros e flecheiros. Na troca de tiros, houve uma baixa portuguesa e duas no lado inimigo.
         
Em frente ao forte de Santa Maria havia um outeiro. Os franceses enviaram 400 índios para fortificar o topo da colina para construírem uma barreira com pedras grandes entre o mar e o morro, de modo a ocultar o desembarque de índios na praia. Jerônimo de Albuquerque notou a artimanha e por uma passagem secreta subiu o outeiro com 75 soldados e 80 arqueiros, enquanto Diogo de Campos atacava o inimigo na praia. Um mensageiro francês, exibindo o brasão de armas reais da França, entregou ao comandante português das tropas na praia uma carta de Daniel de La Touche, Senhor de la Ravardière, o comandante francês, intimando o grupo de luso-brasileiros a se renderem sob pena de serem massacrados. Na realidade, o inimigo blefava tentando ganhar tempo para obter informações mais precisas sobre as posições das tropas adversárias.
         
A esta altura, Jerônimo de Albuquerque e seus homens já atacavam os índios no outeiro. Do mar, Ravardière observou que o exército francês sofria pesadas baixas, tanto na praia quanto no morro. Em menos de uma hora, a área ao redor do forte de Santa Maria estava repleta de índios e franceses abatidos. Para evitar maiores danos a sua tropa, Ravardière posicionou seus navios mais velozes o mais perto possível da praia, visando desferir um contra-ataque. A artilharia do forte português levou-o a desistir da operação.
         
Jerônimo de Albuquerque dominou o outeiro fortificado; na praia, os soldados de Diogo de Campos atearam fogo às canoas, abicadas na base do morro. A barreira em chamas, não deixou os franceses em terra fugir pelo mar. Com visão ampla de cima para baixo, Jerônimo de Albuquerque e sua tropa abriram fogo de mosquete contra o inimigo totalmente desorientado. Cerca de 600 índios aliados dos franceses fugiram morro abaixo, misturando-se aos soldados que tentavam fugir morro acima, sem mais pólvora para responder às cargas de tiros que vinham do outeiro.
         
O exército francês que restou refugiou-se no Forte São Luis. Para ganhar tempo, Ravardière propôs a trégua. Um oficial português e outro francês foram as suas respectivas cortes procurar solução para o conflito. Durante o armistício, portugueses, franceses e indígenas permaneceram em paz, reparando e mantendo suas peças de guerra.
          
Em outubro de 1615, chegou ao Maranhão o Capitão-mor de Pernambuco, Alexandre de Moura, com mais tropas, mantimentos e munições, assumindo o comando da força luso-brasileira. Prevendo a derrota, Ravardière entregou o Forte de Itapari aos portugueses. Em três meses, Diogo de Campos, mandado a Europa para negociar o armistício, chegou ao Maranhão junto com o fidalgo Martins Soares, trazendo mais tropas portuguesas e ordens terminantes da corte espanhola para que os franceses abandonassem de vez a luta. Em 1º de novembro de 1615, Alexandre de Moura ordenou o cerco ao Forte de São Luis e desembarcou tropas na ponta de São Francisco. Com dois dias de combates, La Ravardière se rendeu de vez.
         
Em dois navios, os franceses foram embarcados de volta à França, levando apenas seus pertences pessoais lhes. Vários colonos e ferreiros, no entanto, permaneceram no Maranhão. Em janeiro de 1616, Daniel de la Touche foi levado como prisioneiro para Pernambuco, onde recebeu uma indenização e o perdão do governador-geral, para evitar que se juntasse a outros corsários franceses e os liderasse novamente. Em 1619, ao exigir o aumento da pensão estipulada pela Coroa espanhola, Ravardière foi preso em Lisboa e encarcerado por três anos na Torre de Belém.
         
Para os cronistas, a Batalha de Guaxenduba foi a primeira guerra no Hemisfério Sul em que a luneta foi empregada para observação do campo inimigo. Diogo de Campos falou sobre a novidade em carta transcrita na linguagem original:
 
Neste tempo com alguns arcabuzeiros que se chegarão mais, começou o Sargento Mór de travar a escaramuça a ver como se punhão, e havendo cahido dois Franceses, e hum Soldado dos Portugueses, parou a obra, e o Sargento Mór se veio ao Forte, a ver o que determinava seu Collega, o qual achou com hum óculo de longa vista olhando por uma bombardeira o que os inimigos fazião […]
     
Fontes:

Arquivo do autor
Bandeirantes – os comandos da morte– Vol. 1 –Assis Brasil – Imago Editora – RJ/1999
Náufragos, Traficantes e Degredados, Vol. II – Eduardo Bueno – Editora Objetiva – RJ/1998;

Wikipédia, a enciclopédia livre
http://www.pitoresco.com/história/rocha04.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/jo?o-III-de-Portugal
http://www.historiaegenealogia.com/2010/01/lapide-de-jeronimo-de-albuquerque-maranhao.html
http://www.historiaegenealogia.com/2010/01/o-engenho-cunhau.html
https://pt.wikipedisa.org/wiki/Mamelucos
https://pt.wkipedia.org/wiki/Fran?a_Equinocial
http://saladeestudosvalentin.blogspot.com.br/2015/09/colonizacao-do-maranhao.html
Ensaio: A Experiência Portuguesa no Processo de Colonização do Brasil, do professor Carmelindo Rodrigues da Silva
https//pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Guaxemduba

 

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