Bombeiros de Brasília utilizam Câmera Second Sight em proteção ao Congresso Nacional

Na madrugada e início do dia 28 de abril passado, o Serviço de Atendimento e Emergências com Produtos Perigosos SAEPP/GPRAM – Bombeiros de Brasília, fez uma varredura externa no Congresso Nacional em conjunto com o monitoramento das áreas externas do complexo da Esplanada/Congresso Nacional e acampamento dos manifestantes que protestavam contra as reformas do governo.

Dentre as tecnologias empregadas, destaca-se a Câmera Second Sight, um Sistema fixo de captura e identificação de gás, baseado em tecnologia de imagem multiespectral, destinado a segurança de grandes instalações, áreas críticas e para monitoramento em grandes eventos (Copa da Confederações, Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos Rio 2016) ou ainda em situações como as manifestações que ocorreram no dia 28 de abril em Brasília.

A Câmera Second Sight consegue identificar a uma distância segura, aproximadamente 5 km, substancias químicas que podem ser utilizadas como percursores ou até armas químicas de destruição em massa. A tecnologia é uma parte crucial dos esforços para evitar um ataque com bomba suja, outros tipos de ataques não convencionais e acidentes danosos que envolvem a liberação de substâncias perigosas para o ambiente.

Está previsto no Plano de Operações, por parte dos Bombeiros de Brasília, para o monitoramento CBRN/HAZMAT (abreviatura do inglês: Chemical, Biological, Radiological, Nuclear / Hazardous Materials – Materiais perigosos) continuo em certos eventos/manifestações.

Os Bombeiros de Brasília (CBMDF) são hoje os mais equipados e preparados para situações CBRN/HAZMAT na América Latina em ambientes urbanos, via equipamentos e know-how. É de fundamental importância que os profissionais envolvidos em atendimento a emergências na área de segurança química, toxicológica e ambiental, estejam preparados para atuar em caso de eventual ataque com tais compostos. Colocando-os na vanguarda e preparo frente aos desafios do futuro.

Armas químicas: uma ameaça real¹

As armas químicas de guerra são definidas como qualquer substância química cujas propriedades tóxicas são utilizadas com a finalidade de matar, ferir ou incapacitar algum inimigo na guerra ou associado a operações militares.

Estes agentes químicos são classificados de acordo com o mecanismo de ação tóxica para os seres humanos, como agentes neurotóxicos, agentes vesicantes e levisita, agentes sanguíneos, agentes sufocantes e toxinas. Alguns destes são tão devastadores quanto outras armas poderosas, já que muitos, além de provocarem lesões imediatas, também estão associados com morbidades e problemas psicológicos a longo prazo.

Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) afirmou, em abril 2016, que o estado Islâmico fez ameaça de ataques terroristas. Por não exigirem uma infraestrutura de produção muito sofisticada, os agentes químicos e biológicos letais são meios bélicos acessíveis aos países em desenvolvimento. Tais compostos, como o gás cloro que tem aplicação na indústria, são de fácil obtenção e custo baixo se comparado as armas convencionais e nuclear.

O cenário é preocupante e indica que o desenvolvimento, produção e o uso de armas químicas é uma realidade. A facilidade de serem empregadas e o grande número de vítimas que causam são alguns dos motivos que fazem grupos terroristas utilizarem este tipo de armamento.

“O uso consciente de produtos tóxicos contra seres humanos realizados por grupos desprovidos de responsabilidade e senso humanitário é condenável, seja sob o aspecto filosófico, religioso, político, humano, moral ou ético. A toxicologia é uma ciência para a predição da toxicidade de produtos químicos para fins de gerenciamento do risco toxicológico e não dever ser confundida como uma alternativa que cause dor e sofrimento”, afirma Camila Colasso, uma das poucas brasileiras especialistas no assunto.

“Por sua periculosidade, pelos efeitos generalizados sobre o meio ambiente e pela facilidade de fabricação, a melhor maneira de combater esta prática é dar a devida atenção ao assunto, lidando com ele como uma ameaça a todo o mundo”, completa. – Camila Colasso é autora do livro “Armas químicas: o mau uso da toxicologia”.

¹parte do artigo de: Camilla Gomes Colasso –  Armas químicas: uma ameaça real / Publicado DefesaNet em 11 de Maio, 2016 [Link]

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