Gen Ex Pinto Silva – Os Atributos Militares e a Atitude (Criativos e “Terminativos”)

OS ATRIBUTOS MILITARES E A ATITUDE.

(CRIATIVOS E “TERMINATIVOS”)

 

Carlos Alberto Pinto Silva[1]

Os militares têm, por obrigação, desenvolver e praticar os atributos pessoais necessários ao desempenho da profissão. Para cada fase, cada nível, cada curso, existe um rol de atributos que devem ser evidenciados. Isso é importante porque define os requisitos básicos que devem ser seguidos, individual e coletivamente, pelo pessoal militar e estabelece certa padronização de atitudes que seus profissionais devem adotar.

Vale ressaltar que existem atributos obrigatórios, os quais, independentemente das situações em que se encontrem, todos os militares devem possuir.

É intenção tratar de alguns aspectos que são importantes nesse contexto, não sendo, portanto, objetivo propor novos atributos, novas qualidades pessoais e profissionais para o pessoal militar. O que se pretende é tratar de aspectos que estão inseridos no contexto desses atributos obrigatórios, que, precisam ser enfatizados. Refiro a atitudes, que caracterizam os atributos, visto que, sem ação, as qualidades perdem muito do seu valor.

Um Exército tem corpo e alma e quem os forma são os Quadros. A CONVICÇÃO PROFISSIONAL, e somente ela, é capaz de levar, espontaneamente, à extrema dedicação e ao compromisso, o primeiro voltado para o militar e o segundo voltado para a missão, possibilitando melhorar cada vez mais em todos os campos as atividades realizadas.

São os Oficiais que devem dar a CADÊNCIA DE UM EXÉRCITO. Seriedade, respeito e camaradagem são atitudes que devem estar sempre presentes no trato com o subordinado. DAR O EXEMPLO como base fundamental da disciplina, do moral e do espírito de corpo.

Perseguir o “PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO”, isto é, “substituir aquilo que nos falta por aquilo que temos, organizando recursos para elevar ao máximo os efeitos obtidos. Empregar o que estiver disponível para realizar a tarefa. Ter capacidade de organizar recursos de maneira a elevar ao máximo os efeitos logrado da combinação e da cooperação desses recursos, sejam humanos, materiais ou financeiros”.

O que não depende de recursos deve ser bem feito e bem executado, como o bom exemplo, o cumprimento de ordens, o serviço bem executado, a manutenção e limpeza das instalações, a documentação bem apresentada e as exteriorizações do espírito de corpo da unidade. Não se serve a um Exército para fazer o mesmo todos os dias, trabalha-se para fazer o melhor a cada dia.

Ser PRÓ-ATIVO, isto é, foco e iniciativa para reduzir a inércia e rapidez e persistência para aproveitar as oportunidades. A AÇÃO é melhor do que mais reuniões, mais exames administrativos, mais relatórios, mais memorandos; é buscar o contato, concentrar meios, ser forte nos pontos decisivos, estreitar frentes, fazer o “PRINCÍPIO DA FORÇA” trabalhar por você, reduzir o campo de batalha para conseguir uma superioridade em pontos decisivos – escalonar recursos e solucionar os problemas mais importantes.

A INICIATIVA, por exemplo, um dos atributos obrigatórios, deve ser estimulado nos diversos níveis da hierarquia. Presente em todas as pessoas, em maior ou menor grau, muitas vezes é inibida diante da postura centralizadora do chefe imediato. Por isso, o espírito de iniciativa será tanto maior quanto for a segurança transmitida ao subordinado pela atitude de estímulo assumida pelo chefe. Em outras palavras, o espírito da iniciativa é estimulado de cima para baixo.

Vejamos outro exemplo: a CRIATIVIDADE. Mais um importante atributo que deve ser desenvolvido por todo o pessoal militar. Mais de que vale a criatividade sem ação? Nada, ou, quando muito, muito pouco! Um Exército, repetimos, precisa de ação e não de ideias inócuas. Um Exército precisa de combatentes criativos e geradores de boas ideias, mas, sobretudo, de colocá-las em prática, no menor espaço de tempo possível e de maneira eficaz.

Um Exército precisa de ação, de atitude, e isso depende de seus integrantes.

Integrantes inibidos e teóricos criam um ambiente de marasmo e de imobilismo na Força.

Um Exército deve manter uma postura protagonista na vida nacional, obviamente respeitando os preceitos constitucionais que definem a sua destinação. É uma Instituição que goza de elevado prestígio no seio da sociedade, mas precisa incutir na mente do seu povo que não é somente importante, mas verdadeiramente essencial para a sobrevivência da Nação.

É preciso agir mais, transformando as novas e boas ideias em boas ações, para cumprir de forma mais efetiva as missões constitucionais, em benefício do País e do   povo.

O ambiente ativo em um Exército será incrementado na justa medida do espírito de ação, de impulsão, de seus integrantes.Nãoestamos falando de atributo, mas de atitude. Para um exército imbuído desse espírito não existem obstáculos intransponíveis, na paz ou na guerra, mas desafios a serem superados, com entusiasmo e desprendimento.

Assim, é preciso de homens e mulheres de ação. Um Exército de hoje não pode prescindir desse espírito. Em suma, precisa, sim, dos criativos”, mas terão muito mais valor se combinados com combatentes de “ação”, de “decisão”… os combatentes terminativos, comprometidos com o futuro.

 

 


[1]Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter