Embraer e Boeing firmam contratos na quarta

Vanessa Adachi, Marcelle Gutierrez,

Ivan Ryngelblum e Paula Selmi

Após o governo dar sinal verde para a operação de venda da divisão de aviação comercial da Embraer para a americana Boeing, finalmente as duas companhias passarão à assinatura dos contratos, prevista para esta quarta-feira, segundo uma fonte. Também serão firmados papéis para criar uma joint-venture na área de defesa para acelerar a comercialização do cargueiro KC-390, fabricado pela brasileira. Com o acordo, deverá ser criada uma nova linha de montagem do cargueiro nos Estados Unidos, e o avião passará a ser comercializado pela Boeing.

Na sequência, a Embraer convocará assembleia de acionistas para votar a aprovação da transação. Como o prazo para instalação da assembleia é de 30 dias, a mesma deve ocorrer em meados de fevereiro. Para os acionistas se posicionarem, é crucial saber qual o valor de dividendos extraordinários que a Embraer pagará por conta da transação, informação ainda não divulgada pela companhia. Também interessa avaliar a sustentabilidade da Embraer no longo prazo depois da transferência da aviação comercial à Boeing.

Na noite de sexta-feira, o conselho de administração da Embraer ratificou a operação e autorizou que seja celebrado o contrato com a Boeing. Conforme comunicado, o contrato terá os termos e as condições para implementação da parceria estratégica no âmbito da aviação comercial, para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para o avião multimissão KC-390, bem como dos demais acordos e documentos necessários ou convenientes para implementação da operação.

O conselho da Embraer também autorizou a diretoria a praticar "qualquer ato necessário à implementação da operação, incluindo a transferência para a nova sociedade de acervo líquido composto pelos ativos, passivos, bens, direitos e obrigações referentes à unidade de negócio de aviação comercial".

Na sexta-feira, as ações ordinárias da Embraer fecharam a R$ 21,53, com alta de 2,57% na B3.

A decisão do governo do presidente Jair Bolsonaro, na quinta-feira, de aprovar os termos da compra da divisão de aviões comerciais da Embraer pela Boeing representou a superação de uma das últimas fases para a concretização do acordo que resultará na criação de uma potência na fabricação de jatos comerciais com capacidade de 130 passageiros, além da possibilidade de gerar até US$ 1,7 bilhão aos acionistas.

O Palácio do Planalto anunciou que não exercerá o poder de veto na operação. A decisão ocorreu no limite do prazo legal de 30 dias para o parecer relativo à ação com direito a veto da União.

Na esteira da aprovação pelo governo da parceria estratégica entre Embraer e Boeing, a agência de classificação de risco S&P Global Rating colocou o rating da Embraer – atualmente em "BBB" – em observação negativa.

Embora a operação traga melhores métricas de alavancagem e gere dividendos com a formação da joint venture, a S&P cita preocupações quanto à "golden share" (ação de classe especial) detida pela União, além de problemas concorrenciais e financeiras. "Vemos um impacto potencial de mais de um degrau na qualidade de crédito da Embraer, uma vez que a separação vai enfraquecer consideravelmente o perfil de negócios da companhia", afirmou a agência.

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