2010 – Dilma: Carta às Forças Armadas

DefesaNet

Carta da candidata Dilma Rousseff divulgada dia 25 Outubro 2010

Carta de Dilma Rousseff Link

No primeiro sinal direto aos militares na campanha, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, divulgou ontem uma carta às Forças Armadas. A seis dias das eleições, o documento, que conta com jargões militares, apresenta compromissos como manter o serviço militar obrigatório, o regime previdenciário diferenciado, além de reforçar a política salarial praticada no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a campanha e militares ouvidos pela reportagem, não há nenhum movimento contra a candidata, mas reclamações pontuais.

Uma das queixas contra a petista é o fato de não fazer referência ao trabalho do Exército nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma de suas principais bandeiras exploradas na campanha.

Dilma já havia sido convidada para dar palestra no Clube Militar, mas não compareceu, ao contrário de seu adversário, José Serra (PSDB).

O tucano divulgou em setembro um texto com teor semelhante ao que foi assinado por Dilma – o que foi interpretado como uma tentativa de reaproximação do candidato com as Forças Armadas.

Na carta, Dilma afirma que as Forças Armadas "estão entre as instituições com maior índice de confiança" no país, promete a reestruturação da indústria bélica nacional e a reorganização das Forças.

Segundo o texto, um eventual governo Dilma dará incentivos para três segmentos "imprescindíveis para a defesa do país: cibernético, espacial e nuclear".

Dilma, que foi presa e torturada pelo regime militar (1964-1985), fala na carta em continuar marchando em "cadência uniforme" e que as realizações do governo Lula serão "potencializadas".

A candidata afirma ainda que o "profissionalismo militar é forte elemento estruturante e está enraizado em nosso consolidado regime democrático".

Ao se despedir, Dilma diz que espera contar com os militares, se vencer as eleições.

"Se eleita presidente, como Comandante Suprema das Forças Armadas de meu país, haverei de contar com o espírito de corpo que distingue homens e mulheres da caserna, sentinelas em alerta, importantes mantenedores dos valores da nossa unidade nacional".

Carta de Dilma Rousseff

Meus concidadãos mulheres e homens das Forças Armadas,
 
Vivi estes oito ativos anos de minha vida pública em um governo que colocou, de forma destacada e definitivamente, as questões de nossa  defesa e da segurança interna na agenda nacional.
 
Como Ministra Chefe da Casa Civil, ter acompanhado efetivamente o planejamento de longo prazo para a defesa do País é fato que enleva, ainda mais, a minha cidadania e nos mostra o verdadeiro sentido de brasilidade de nossos militares.
 
Rompemos este milênio com a materialização de uma firme direção estratégica militar.
 
A Estratégia Nacional de Defesa, concebida e colocada em ação no governo do Presidente Lula, deu a devida importância à transformação das Forças Armadas do Brasil. conceito que deva ser compreendido como o seu redimensionamento de acordo com a missão e o seu reequipamento mais adequado às necessidades operacionais do seu emprego.
 
O mundo é influenciado por novos: arranjos da geopolítica e a Estratégia Nacional de Defesa reuniu aqueles preceitos que visaram envolver todo o país na sua própria defesa, com importante aceitação da população.
 
Se tiver a honra de ser eleita Presidente da República, haverei de continuar o trabalho bem iniciado e que marchou em cadência uniforme nestes profícuos oito anos.  Aspectos desencadeados a partir de 2003 serão. o potencializados no próximo quadriênio, com a devida continuidade ao que está subordinado aos três eixos que suportam a Estratégia Nacional de  Defesa:
 
A Reorganização das Forças Armadas
 
A perfeitas coordenação, hoje vivenciada por nossas Forcas Armadas, fará com que tenhamos importantes progressos em três segmentos imprescindiveis para a defesa do País: o setor cibernético, o espacial e o nuclear.
 
A Reestruturação da Indústria Brasileira de Material de Defesa.
 
O incentivo à fabricação de equipamentos militares nacionais é uma realidade definida e que continuará garantindo o desenvolvimento e a fabricação de equipamentos como: radares e veículos aéreos não-tripulados,  aviões de caça e transporte, submarinos convencionais e de propulsão nuclear, helicópteros de transporte, reconhecimento e ataque, veículos blindados, munições e armas inteligentes, como mísseis, bombas e torpedos.
 
Continuará come prioridade o desenvolvimento do Veículo Lançador e a fabricação de satélites.
 
A Política de Composição dos Efetivos das Forças Armadas
 
Definimos pela manutenção do Serviço Militar Obrigatório, que se espelha e reflete o cunho republicano do Brasil. As nossas Forças Armadas se posicionarão ainda mais próximas mais próximas dos concidadãos brasileiros, universo que as elegem dentre as instituições com maior índice de confiança em nosso País.
 
É evidente o fato de que o militar tem carreira diferenciada dos demais trabalhadores e, portanto, seu regime previdenciário deve ser distinto. O respeito a este direito não deve ser e não será afrontado.
 
Os índices de reajustes salarial conquistados nos dois últimos mandatos presidenciais são garantia de que continuaremos efetuando as merecidas reposições.
 
Cumprindo os interesses do Estado Brasileiro e dos seus princípios  constitucionais, as nossa  Forças Armadas estão em perfeita consonância com a Nação. O respeitado profissionalismo  militar é forte elemento estruturante e está enraizado em nosso consolidado regime democrático.
 
Se eleita Presidente, como Comandante Suprema das Forças Armadas de meu País, haverei de contar com o espírito de corpo que distingue homens e mulheres de caserna, sentinelas em alerta, importante mantenedores dos valores da nossa unidade nacional.
 
Dilma Rousseff

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