Brasil deve fazer investimento militar para ter voz, diz Jobim

CLAUDIA ANTUNES

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a modernização das Forças Armadas -afetada pelos cortes orçamentários deste ano- preencherá uma "lacuna" na ação diplomática e permitirá ao Brasil passar de "potência regional a grande potência" em 20 anos.

Sem isso, acrescentou, só existiriam "delírios de grandeza desacoplados de condições objetivas".

Ele disse que discute a apresentação de uma lei para garantir a "perenidade" do investimento militar.

"Poderíamos ter atuação mais intensa não só no entorno sul-americano, mas na África ocidental e em pontos selecionados do globo em que interesses vitais brasileiros estivessem em jogo."

Hoje, o Brasil lidera a força de paz da ONU no Haiti e integra o comando naval da missão no Líbano.

O ministro reafirmou, no entanto, que o país não participará de operações de imposição da paz, como a executada pela Otan (aliança militar ocidental) contra o regime da Líbia.

Previu que a ofensiva terminará mal. "Quero ver como vão sair de lá."

Jobim participou de seminário sobre "oportunidades, escolhas e ambições" do Brasil promovido pela Chatham House britânica e o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

Antes de sua palestra, o diretor da Chatham House Robin Niblett fez uma provocação. Disse que "se abster não é escolher", referindo-se à posição brasileira na votação do Conselho de Segurança que aprovou os ataques na Líbia.

O indiano Rathin Roy, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), afirmou que Brasil, Índia e África do Sul ainda não demonstraram por que querem um cadeira permanente no CS e continuam atuando "nas margens" das propostas das potências tradicionais.

À Folha, Niblett fez analogia semelhante à de Jobim. Disse que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança se caracterizam pelo poderio militar.

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