Defesa comemora o Dia Internacional dos Peacekeepers na próxima semana

Alexandre Gonzaga

O Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília foi escolhido neste ano para celebrar o Dia Internacional dos Mantenedores da Paz (Peacekeepers) das Nações Unidas (ONU), na próxima segunda-feira (dia 30), às 10 horas. Tropas da Marinha, Exército, Aeronáutica, e do grupamento de ex-integrantes boinas azuis – como esses militares são conhecidos – desfilarão ao som de canções das três Forças Armadas, além de prestarem uma homenagem póstuma aos militares mortos em missões de paz.

O evento homenageia milhares de homens e mulheres que lutaram pela paz no mundo e que doaram suas vidas no cumprimento de seus deveres. A celebração relembra o dia 29 de maio de 1948, quando foi enviada a primeira Missão de Paz das Nações Unidas com o objetivo de monitorar o cessar-fogo, prevenir a escalada de novos conflitos e supervisionar os acordos de paz da guerra árabe-israelense.

Desde então, os capacetes azuis da ONU atuaram em 71 missões buscando não apenas o fim das hostilidades, mas trabalhando também para a criação de instituições políticas, na reforma de sistemas judiciais, na reforma de sistemas de segurança, no desenvolvimento de programas de desarmamento, desmobilização e reintegração de ex-combatentes, promovendo assistência humanitária, o respeito aos direitos humanos e auxiliando na realização de eleições.

Atualmente, os peacekeepers brasileiros trabalham em nove das 16 operações de paz da ONU. Na semana de comemoração dos Peacekeepers, o Ministério da Defesa conversou com o contra-almirante Flávio Macedo Brasil, que foi comandante da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016.

Além da nau-capitânia brasileira, ainda estavam sob seu comando mais seis navios de outros países que formam a esquadra internacional. O objetivo da Força-Tarefa Marítima (FTM), instituída em 2006, é impedir a entrada de armas ilegais e contrabandos no país árabe e colaborar com o treinamento da Marinha libanesa.

A única força-tarefa marítima em atuação no mundo completou, em 2016, cinco anos sob o comando do Brasil. A esquadra internacional, liderada pelo Brasil, é composta por sete navios: dois de Bangladesh, um da Grécia, um da Indonésia, um da Alemanha, um da Turquia e a nau-capitânia brasileira, que é trocada a cada seis meses.

Porque o Brasil deve participar de missões de paz?

A participação em missões de paz para qualquer país é uma oportunidade de aprendizado e visibilidade. E também traz uma questão de cultura militar para manter o nível de aprestamento das nossas Forças.
 
O Brasil, desde 2011, está comandando a Força-Tarefa. Temos o navio-capitânia, e a Força-Tarefa Marítima foi constituída para que armamentos, munição e material correlato entre no Líbano pelo mar.

Na sua opinião, quais as habilidades do militar brasileiro que se destacam nesta missão?

São muitas. Mas eu diria, resumidamente, que é a cultura militar. Não nos envolvemos, graças a Deus, em conflitos há muito tempo. A área de operação da Unifil é conflagrada, onde acontece ações de pré-guerra. Isso não é comum para nós, mas aumenta o nosso conhecimento. Mas, com certeza, a capacidade de se relacionar é a nossa maior habilidade. Costumamos chamar isso de soft power. A habilidade de se relacionar, de ser bem aceito, de persuadir e de convencer é inigualável no militar brasileiro.

Comandante, o senhor estava no Líbano quando a nossa corveta Barroso resgatou, no dia 4 de setembro de 2015, 220 imigrantes que estavam a bordo de um navio com risco de afundamento no Mar Mediterrâneo. Como o senhor observa este trabalho?

Este trabalho é fundamental. Uma responsabilidade internacional que o Brasil assumiu. A corveta Barroso, quando fez o resgate, não estava ainda incorporada à Força-Tarefa, mas se descolocando da Itália para o Líbano. Foi um trabalho maravilhoso da Marinha do Brasil.

E os desafios da Força-Tarefa Marítima e a percepção que os outros países envolvidos têm sobre a liderança do Brasil?

Os desafios são muito grandes, porque é uma força multinacional. São sete navios de seis países. E o Estado-Maior é composto por quatro nacionalidades. É fundamental o domínio de idiomas,  conhecimento de costumes e hábitos. E, com tudo isso, fazer com que a missão seja cumprida.A visão que as outras nações têm da Marinha e do Brasil como componente militar é a melhor possível. E isso está sendo muito bem aproveitado pelos militares que participam da FTM para dar uma maior visibilidade, uma maior noção aos outros países da nossa competência.  A nossa rotina, na maioria das vezes, é em patrulha. Passamos 20 dias no mar e outros 10 dias em um dos três portos autorizados, fazendo o reabastecimento do navio.

Para os integrantes do 12º Contingente, eu aconselho que estudem bastante, por exemplo, a questão da conjuntura do Oriente Médio, as questões religiosas e políticas da sociedade libanesa. Interem-se das questões burocráticas e operacionais das Nações Unidas.

Para encerrar, cite um fato marcante sob o seu comando 2015/2016 e as contribuições da FTM para o Líbano.

Seria difícil escolher apenas um, mas vou citar o mais recente que foi a interação que nós tivemos com a Força-Tarefa russa que atuou ao Norte da área de operações da Unifil, com a qual tivemos várias ações. O Líbano necessita das vias de tráfego marítimo para fazer comércio e, por conta da segurança que a Força-Tarefa traz, o país vem crescendo economicamente e trazendo bem-estar para os libaneses.

SERVIÇO

Dia Internacional dos Peacekeepers
Data: 30 de maio de 2016 (segunda-feira)
Local: Grupamento de Fuzileiros Navais (Via L4 Norte, Lote 01, Trecho 2)
Horário: 10 horas

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