Oficiais e civis latino-americanos participam de exercício de defesa química em complexo da Marinha

 Os integrantes do I Exercício Regional de Assistência e Proteção para os Países Membros da Convenção para Proibição de Armas Químicas (CPAQ) participaram, nesta terça-feira (19), de atividades práticas no Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais, no Complexo Caxias-Meriti, no Rio de Janeiro.

Durante a visita à base militar, os representantes de diversos países da América Latina e Caribe conheceram os objetivos do sistema de defesa nuclear, biológico, químico e radiológico (DNBQR) da Marinha do Brasil.

O sistema de defesa DNBQR da Força Naval tem por objetivo dar proteção aos recursos naturais, às instalações sensíveis e às unidades operativas e servir de referência em Medicina Nuclear.

Também foi explicado aos alunos do exercício que os sistemas DNBQR das Forças Armadas se integram ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, composto por várias agências, órgãos governamentais e ministérios.

Esses sistemas foram empregados no 5º Jogos Mundiais Militares, na Conferência da ONU Rio+20, Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo, e, futuramente, nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Entre os casos apresentados pela Marinha está o incidente químico ocorrido em setembro de 2013 na cidade catarinense de São Francisco do Sul. Na época, a Marinha prestou apoiou, em menos de cinco horas, à prefeitura e à defesa civil local.

Outro caso relatado foi o acidente radioativo ocorrido em Goiânia, em 1987, e considerado o maior desastre radiológico do Brasil. O fato tornou o Hospital Naval Marcílio Dias referência no tratamento de radio-acidentados. E o Laboratório Farmacêutico da Marinha começou a produzir medicamentos de combate ao agente radioativo césio 137.

Equipamentos

Os participantes do exercício puderam conhecer ainda o conjunto de medidas para mitigar os efeitos de uma contaminação. Entre elas, estão os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), compostos por roupas e máscaras respiratórias. O EPI possui níveis de proteção que variam do mais alto (A) ao mais baixo (D).

O macacão nível A é totalmente encapsulado e utilizado em contaminação por agentes líquidos. O de nível B a luva de proteção não é encapsulada junto à roupa. O traje de nível C é empregado em acidentes radiológicos com materiais em pó e a gás.

Experiências

A capitão do exército uruguaio, Silvana Chaves (foto), vestiu a roupa de proteção C, com carvão ativado, para ser usado contra elementos sólidos, não líquidos. “Meu país está interessado na proteção química, devido ao grande número de fábricas neste setor”, conta a militar.

Para Marisol De La Peña, bombeiro da Brigada de Riscos Especiais de Buenos Aires, da Argentina, o curso no Brasil reforça os conhecimentos já adquiridos nas edições teóricas anteriores e a colaboração multilateral entre os países membros da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).

O capitão Caceres, da Polícia chilena, tem sete anos de experiência na área, mas considera a experiência fundamental para adquirir novos aprendizados e troca de informações.

Laboratório

Uma atração à parte para os estagiários foi conhecer o Laboratório Químico e Biológico Móvel da Marinha do Brasil. Equipado com instrumentos para análises de amostras, o laboratório foi utilizado durante a Copa do Mundo nas cidades-sede de Natal (RN) e Salvador (BA).

Segundo especialistas da Marinha, ele é considerado o estado da arte em termos laboratoriais.

Atividade

Os representantes participaram à tarde de uma demonstração de como lidar no caso de um acidente ou ataque químico.
Utilizando-se de informações e critérios, os militares simularam técnicas de seleção e triagem de vítimas de um acidente por um agente neurotóxico.

A finalidade do treinamento era fazer a triagem inicial dos pacientes e prestar os primeiros socorros conforme o grau de gravidade dos ferimentos.

Nesta quarta (20), o grupo terá outra atividade prática no Centro Tecnológico do Exército Brasileiro, em Guaratiba, no Rio de Janeiro.

O I Exercício da Convenção para Proibição de Armas Químicas (CPAQ), que acontece até o dia 22 de agosto, inclui atividades de detecção e descontaminação, bem como a elaboração do planejamento e preparação para resposta a emergências químicas.

Participam do I Exercício da CPAQ, além do Brasil, representantes da Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Pero, São-Cristovão-e-Neves e Uruguai.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter