Temer lidera o plano de fronteiras

Débora Álvares

A promessa de Dilma Rousseff de destinar mais poder a seu vice, Michel Temer, começou a ganhar forma ontem. Durante a cerimônia para lançar o Plano Estratégico de Fronteiras, a presidente o anunciou como articulador político do programa. “O meu compromisso com esse programa é tão grande que escolhi meu vice para coordenar as ações dentro do governo, ao lado da Casa Civil, do Ministério da Fazenda, do Planejamento e de Relações Exteriores, para que não haja por parte do governo nenhum processo de omissão.”

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, destacou, após o evento, que a escolha não tem a ver com o enfraquecimento do secretário de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. “Temos que aproveitar o mais possível o talento de um homem como Temer”, avaliou Cardozo. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, os ministérios responsáveis definirão as questões operacionais e técnicas. Já a definição de orçamento e liberação de recursos será um dos atributos do vice-presidente. “A operação depende de uma coordenação política para seu sucesso, porque envolve a definição das ações e determinação de posições”, disse Jobim.

Portas
O programa traz uma parceria inédita dos ministérios da Defesa e da Justiça contra os crimes nas regiões de fronteira, apontadas como porta de entrada para o tráfico de armas, drogas e pessoas. As operações Sentinela — permanente, com foco na inteligênca — e Ágata —pontual, de acordo com as particularidades identificadas em cada região — ocorrerão de forma integrada entre as Forças Armadas e as polícias Federal e Rodoviária Federal, além de outros órgãos de segurança pública.

Os 34 pontos vulneráveis detectados receberão reforço ao longo dos 11 estados fronteiriços. Para isso, José Eduardo Cardozo anunciou que vai elevar recursos humanos e materiais. “Vamos prover cargos vagos na PF e na PRF com lotação inicial nas fronteiras.”

No entanto, a preocupação recai sobre os trechos em que a fronteira é marcada por rios que conduzem para o interior do país, onde não é possível estabelecer bases. A estratégia a ser utilizada envolve investimento em tecnologia. “Tenho certeza de que o sucesso nessa empreitada vai aumentar nossa soberania, ampliar a integração fraterna com outros países e fortalecer o federalismo, pois os estados terão voz em todos os nossos comandos”, disse Dilma.

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