EADS prevê crescer 15 por cento em cinco anos na América Latina

Gulherme Seródio

Líder mundial no mercado de defesa, a europeia EADS espera crescer acima de 15% na América Latina nos próximos cinco anos, mantendo o Brasil como seu maior mercado na região. A afirmação é da vice-presidente da EADS para a América Latina, Anne Tauby.

A dona da Airbus – que soma cerca de 70% do faturamento global de € 56,5 bilhões do grupo – buscava reduzir sua dependência da gigante francesa de aviação comercial no ano passado. Mas precisou rever sua estratégia depois de outubro, quando a tentativa de fusão com outra gigante do setor de defesa, a inglesa BAE Systems, foi cancelada por falta de entendimento entre os governos da França, Alemanha, Espanha e Inglaterra, acionistas nas empresas. Hoje a EADS busca expandir os negócios de defesa ao lado da aviação civil.

"Esse protejo teria sido uma aventura fantástica e transformaria o mercado mundial para nós e para os competidores, e seria muito importante para desenvolver nossos negócios nas áreas de defesa e aeroespacial, mas não foi bem-sucedido", diz a vice-presidente do grupo para a América Latina, Anne Tauby. "Mas o grupo ainda é muito sólido. A estratégia naquele momento era desenvolver o segmento de defesa. Agora acreditamos em aquisições e crescimento orgânico."

A EADS aponta três mercados-chave para o grupo no mundo: Estados Unidos, América Latina e Ásia. O foco nos mercados emergentes do Brasil, Índia, Coreia do Sul, Indonésia e Rússia mira tanto a aviação comercial quanto o mercado de defesa. "Em termos de tráfego aéreo o crescimento está nessas regiões, e também nos setores de defesa e aeroespacial", diz a executiva.

Mesmo se não firmar nenhum grande contrato na América Latina nos próximos cinco anos, o grupo deve crescer 15% em faturamento na região sobre os € 10 bilhões de receita registrada em 2012. "Mas essa é uma perspectiva conservadora. Meu objetivo é ir muito além disso", diz Anne. De acordo com ela, além da aviação comercial, os gastos com defesa devem crescer na região, principalmente no comércio de helicópteros e componentes eletrônicos.

O Brasil é o grande foco da EADS na região e visto pela empresa como uma porta de entrada para os mercados da América Latina e África. O país sedia a única unidade de desenvolvimento de helicópteros de alta tecnologia do grupo fora da Europa. Até o fim do ano a Helibras, subsidiária de helicópteros da EADS, deve definir o projeto do primeiro helicóptero desenvolvido 100% no país. "Será um projeto de US$ 300 a US$ 600 milhões", diz Eduardo Ferreira, presidente da Helibras. A empresa é uma das principais apostas do grupo no país e espera faturar R$ 1 bilhão em 2016 com entrega de 50 modelos EC 725 para as forças armadas.

"Buscamos aqui o crescimento que já não temos mais na Europa", diz o principal executivo da EADS no Brasil, Bruno Gallard.

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